domingo, 14 de junho de 2009

Impressões 2005-2009

Saturday, 13 June 2009
O Fim do Impressões Este vai ser o último poste no meu blogue. Com a mudança de plataforma no endereço de Motime para Splinder irei mudar a localização do blogue para um endereço a criar no Blogspot. Obrigado a todos que passaram por aqui ao longo do tempo de existência do blogue. Irei ainda postar o novo endereço antes da mudança definitiva a 19 de Junho.
publicado por CPaixaoCosta às 18:02 | ligação | comments
Sunday, 03 May 2009
A indignação A propósito dos incidentes do primeiro de maio de 2009 no Martim Moniz publicado no blogue "Rádio Moscovo".
«Vital Moreira: a construção de uma vítima
As direcções dos jornais, rádios e televisões pertencem a uma classe abjecta. Seguem sem questionar os alinhamentos da classe que representam. E importa sempre manipular e construir a realidade que sirva os seus interesses. Nos incidentes que ontem se verificaram no 1º de Maio, o próprio Vital Moreira deu a chave para a compreensão dos acontecimentos: "Eu já vi esta cena há muitos anos na Marinha Grande".

A 14 de Janeiro de 1986, Mário Soares decidiu visitar aquela cidade operária. E foi muito mal recebido pelos populares que se lhe apareceram à frente. Contudo, é comummente aceite que isso não só o colocou no papel de vítima mas também que o impulsionou para uma vitória nas urnas. O Partido Socialista quis repetir a situação. Num momento em que aparece profundamente descredibilizado perante o povo português, nada melhor que construir uma vítima daqueles que são os mais perigosos.

Senão vejamos, há dias que empresários alertavam para a necessidade da existência de um Bloco Central. Um deles, o presidente da CIP, admitia que todos os partidos eram aceitáveis menos o Partido Comunista Português. E existe, entre a burguesia portuguesa, um medo não só do que a crise possa trazer no que diz respeito a contestação social - incluindo, a violência de outros países - mas também de uma alternativa radical que, naturalmente, seria encabeçada pelo PCP.

Portanto, o PS e Vital Moreira procuraram a confrontação. Depois de anos e anos, a lançar as piores acusações contra a CGTP, quem se lembra de tentar cumprimentar a direcção da central sindical numa delegação do partido do governo quando nem sequer se é membro do PS e, pior do que isso, se é o primeiro candidato ao Parlamento Europeu? Para além disso, Vital Moreira sabia que a sua condições de traidor das ideias comunistas lhe iam trazer dissabores numa manifestação com dezenas de milhares de trabalhadores filiados no PCP.

Curiosamente, isto sucede no mesmo dia em que há uma falsa ameaça de bomba ao desfile da UGT que encerrou com o discurso de João Proença numa postura igualmente vitimista sobre esse acontecimento. E sucede poucos dias depois de que membros da UGT arrancaram e roubaram pendões da CDU tendo sido parte deles identificados pela polícia depois de terem sido apanhados por militantes comunistas. Um deles que entretanto fugiu agrediu uma militante do PCP.

Mas não foi por nenhuma destas perspectivas que a comunicação social viu os acontecimentos do 1º de Maio. Vital Moreira chegou ao cúmulo de ilibar a CGTP e acusar o PCP de ser o responsável pelas supostas agressões que sofreu. Contudo, quem esteve lá - menos os jornalistas que são míopes - viu gente com ou sem filiação partidária a insultar Vital Moreira. Havia igualmente gente do Bloco de Esquerda. As próprias imagens da televisão mostram-no. O problema é que tudo estava já dirigido para um ataque brutal ao PCP.

Entre a fraseologia mais modesta dos jornalistas que lá estiveram recordo uma que demonstra bem o trabalho da comunicação social. Paulo Moura, repórter do Público, escreve: «"Párem! Não Façam isso! A democracia é de todos", brada Ana Rosa para os manifestantes que já estão em cima do socialista, numa embriaguês de violência. Todos se voltam, subitamente domados pela veemência da rapariga. Ana Rosa consegue chegar a Vital Moreira. "Quero pedir desculpa"».

Esta "embriaguês de violência" de que fala Paulo Moura na sua reportagem que intitulou de "Vital Moreira foi insultado e as palavras de ordem foram esquecidas" não é mais do que o reflexo de embriaguês de violência dos próprios jornalistas. Ninguém esteve em cima do "socialista" e não houve nada para além da violência verbal, arma usada por Vital muitas vezes contra a CGTP. E bem depois dos insultos a Vital Moreira a manifestação decorreu com toda a normalidade. Ninguém deixou de gritar, de protestar e de cantar. Na verdade, Vital Moreira foi insultado mas isso nada é na vida de pessoas que vivem com a corda ao pescoço. Pouco depois já ninguém se lembrava disso. Só das contas para pagar, do desemprego e das péssimas condições de vida. Infelizmente, isto não se soube porque a realidade é construída pelos porta-vozes dos que todos conhecemos.»
publicado por CPaixaoCosta às 14:59 | ligação | comments
Friday, 21 November 2008
Há Coisas Fantásticas De um poste no blogue Arrastão (Há Coisas Fantásticas Não Há): «Depois de ter injectado mais de 800 milhões de euros no BPN, para salvar a face do ministro responsável pela segurança social e capitalizar um banco à beira da falência, a Caixa Geral de Depósitos pede aval ao Estado de dois mil milhões de euros.»
Retiro este comentário ao poste assinado por Diogo: «A explicação disso está nisto:
Sheldon Emry explica o mecanismo que leva os bancos a criarem deliberadamente depressões económicas, restringindo o crédito e portanto o dinheiro em circulação e, no processo, auferirem lucros fabulosos:
Numa economia é necessária uma adequada disponibilidade de moeda (moeda em poder do público mais depósitos à ordem no sistema bancário).
Uma disponibilidade de moeda adequada é indispensável a uma sociedade civilizada. Podemos privar-nos de muitas outras coisas, mas sem dinheiro, a indústria paralisava, as propriedades rurais tornar-se-iam unidades auto-sustentadas, excedentes de alimentos desapareceriam, trabalhos que precisem mais do que um homem ou uma família ficariam por fazer, remessas e grandes movimentos de produtos cessariam, pessoas com fome dedicar-se-iam à pilhagem e matariam para permanecer vivas, e todo o governo, excepto a família ou a tribo, deixaria de funcionar.
Um exagero, dirão? Nada disso. O dinheiro é o sangue da sociedade civilizada, o meio pelo qual são feitas todas as transacções comerciais excepto a simples troca directa. É a medida e o instrumento pelo qual um produto é vendido e outro é comprado. Removam o dinheiro ou reduzam a disponibilidade de moeda abaixo do que é necessário para levar a cabo os níveis correntes de comércio, e os resultados serão catastróficos.
Como exemplo, bastará debruçarmo-nos sobre a Depressão Americana nos princípios dos anos 30 do século XX.
Depressão Bancária de 1930:
Em 1930 os Estados Unidos não tinham falta de capacidade industrial, propriedades rurais férteis, trabalhadores experientes e determinados e famílias laboriosas. Tinham um amplo e eficiente sistema de transportes ferroviários, redes de estradas, e canais e rotas marítimas. As comunicações entre regiões e localidades eram as melhores do mundo, utilizando telefone, teletipo, rádio e um sistema de correios governamental perfeitamente operacional.
Nenhuma guerra destruiu as cidades do interior, nenhuma epidemia dizimou, nem nenhuma fome se aproximou do campo. Só faltava uma coisa aos Estados Unidos da América em 1930: uma adequada disponibilidade de moeda para negociar e para o comércio.
No princípio dos anos 30 do século XX, os banqueiros, a única fonte de dinheiro novo e crédito, recusaram deliberadamente empréstimos às indústrias, às lojas e às propriedades rurais. Contudo, eram exigidos os pagamentos dos empréstimos existentes, e o dinheiro desapareceu rapidamente de circulação. As mercadorias estavam disponíveis para serem transaccionadas, os empregos à espera para serem criados, mas a falta de dinheiro paralisou a nação.
Com este simples estratagema a América foi colocada em “depressão” e os banqueiros apropriaram-se de centenas e centenas de propriedades rurais, casas e propriedades comerciais. Foi dito às pessoas, “os tempos estão difíceis” e “o dinheiro é pouco”. Não compreendendo o sistema, as pessoas foram cruelmente roubadas dos seus ganhos, das suas poupanças e das suas propriedades.
Sem Dinheiro para a Paz, mas com muito dinheiro para a Guerra:
A Segunda Guerra Mundial acabou com a “Depressão”. Os mesmos banqueiros que no início dos anos trinta não faziam empréstimos em tempos de paz para a compra de casas, comida e roupas, de repente tinham biliões ilimitados para emprestar para aquartelamentos militares, rações de combate e uniformes.
Uma nação que em 1934 não conseguia produzir alimentos para venda, repentinamente podia produzir milhões de bombas para enviar para a Alemanha e para o Japão.
Com o súbito aumento da quantidade de dinheiro, as pessoas eram contratadas, as propriedades rurais vendiam os seus produtos, as fábricas começaram a funcionar em dois turnos, as minas foram reabertas, e “A Grande Depressão” acabou!
Alguns políticos foram considerados culpados pela depressão e outros ficaram com os méritos por ter acabado com ela. A verdade é que a falta de dinheiro causada pelos bancos trouxe a depressão, e a quantidade adequada de dinheiro acabou com ela. Nunca foi dito às pessoas a simples verdade de que os banqueiros que controlam o nosso dinheiro e crédito usaram esse controlo para saquear a América e colocá-los a todos na escravidão.
Os Banqueiros que controlam o dinheiro podem aprovar ou desaprovar grandes empréstimos a grandes e bem sucedidas corporações a tal ponto que a recusa de um empréstimo reduzirá o preço das acções dessa corporação no mercado. Depois da descida de preços, os agentes dos Banqueiros compram grandes quantidades de acções, após o que o empréstimo muitas vezes de milhares de milhões de dólares é aprovado, as acções então sobem e são vendidas com lucros. Desta forma ganham biliões de dólares com que compram mais acções.
Esta prática está tão refinada hoje que ao Conselho de Directores da Reserva Federal (Banco Central dos EUA) basta apenas anunciar nos jornais uma subida ou descida da taxa de redesconto para fazer subir ou descer o valor das acções. Usando este método desde 1913, os Banqueiros e os seus agentes ganharam aberta ou secretamente o controlo de quase todas as maiores empresas da América. Utilizando esse controlo, forçam as corporações a pedir grandes empréstimos aos seus bancos de tal forma que os ganhos das corporações são sugados para os bancos sob a forma de juros. Esta prática deixa poucos lucros às corporações e explica porque é que os preços das acções estão tão baixos, enquanto os bancos obtêm biliões em juros dos empréstimos às empresas. Com efeito, os Banqueiros ficam com quase todos os lucros, enquanto os accionistas individuais ficam com os restos.
Os milhões de famílias trabalhadoras da América encontram-se agora endividadas às poucas milhares de famílias de Banqueiros pelo dobro do valor estimado dos Estados Unidos enquanto país.
Presidente Thomas Jefferson: “Se o povo Americano alguma vez permitir que os bancos controlem a emissão do seu dinheiro, primeiro por inflação e depois por deflação, os bancos e as corporações que nascerem à sua volta, privarão o povo da sua propriedade até que os seus filhos acordem sem tecto no continente que os seus pais conquistaram.”
Estas palavras de Thomas Jefferson parecem proféticas e muito esclarecedoras sobre o que se passa nos Estados Unidos da América do Norte. É o poder económico que põe e dispõe, o poder político não dá um passo que seja aprovado pelos financeiros, e vamos comprovar isso mesmo após a tomada de posse de Obama. E mesmo ainda antes de ele tomar posse, vejam quem é que ele vai ter como chefe de gabinete, Rahm Emanuel, o lobby judaico em todo o seu esplendor. publicado por CPaixaoCosta às 22:47 | ligação | comments
israel, imperialismo, economia liberal, crise de 1929 Saturday, 20 September 2008
Nascimento de Israel O nascimento de Israel em si é uma iniquidade, o estado de Israel é parasita e não devia existir. Reproduz no essencial tudo o que constitui um estado racista (como a Alemanha nazi). É por isso que enquanto estado "judaico" não deveria existir, mais tarde ou mais cedo alguém pagará a factura e não vai ser agradável de assistir. Só para termos uma perspectiva reproduzo um texto que traduzi cujo original estava em inglês. Aqui vai: «Em 29 de Novembro de 1947 o Conselho Geral das Nações Unidas adoptou a resolução 181 que efectuava a partição do mandato britânico sobre a Palestina entre um estado judaico e outro palestino. O grupo de judeus imigrantes, cerca de um terço da população total, obteve 56 por cento do território enquanto a maioria Palestina obteve 42 por cento. Jerusalém tal como antes deveria permanecer sob controlo internacional. Actuando directamente sobre a decisão deste plano de partilha, forças de comandos judaicos bem organizadas e armadas iniciaram uma campanha para afugentarem tantos palestino quantos fosse possível destas terras; tanto do que se iria tornar o território do futuro estado judeu e também de áreas que estavam no plano para serem parte de um futuro estado palestino. Quando o estado de Israel foi proclamado em Maio de 1948,foi-o sobre 78 por cento de território palestino. No final, perto de 800 000 palestinos foram expulsos das suas casa e propriedades, 531 povoações foram evacuadas e onze cidadelas esvaziadas dos seus habitantes. Esta limpeza étnica da Palestina foi efectivamente silenciada durante décadas - tanto pelos vários governos israelitas, independentemente de cores partidárias, e pelos lobistas de Israel em países como, por exemplo, a Suécia. Hoje em dia, é bastante típico ver dois historiadores de Israel, Benny Morris e Ilan Pappe quem, através de estudos abrangendo uma vasta documentação, conseguiu mapear na sua totalidade o âmbito e abrangência destes crimes contra o povo palestino. Contudo, quando Benny Norris pensa que esta limpeza foi necessária para estabelecer um estado judeu - e possívelmente deveria ter sido prosseguida mais consequentemente - Pappe acredita que estamos aqui perante um enorme crime contra a humanidade, um crime pelo qual ainda ninguém foi responsabilizado. O arquitecto por detrás da limpeza da Palestina foi o lendário "pai" de Israel, o seu primeiro primeiro-ministro David Ben-Gurion. "Exigiremos uma grande parte da Palestina", Ben-Gurion explicou aos seus seguidores num comício sionista em Paris em Agosto de 1946.Enquanto os mais extremistas faziam ouvir os seus argumentos para se apoderarem da Palestina completamente, Ben-Gurion pensou que um estado "reduzido", apenas um pouco mais de 80 por cento do território seria o bastante para a concretização do sonho sionista. Para fora, para o mundo, foram feitos apelos ao governo britânico, com base em argumentos sobre os horríveis extermínios a que os judeus foram sujeitos na Alemanha, para "nos darem a independência, se possível numa pequena parte da Palestina". David Ben-Gurion compreendeu que os judeus, que por compra tinham ganho uma pequena parte (6%) da terra da Palestina, não conseguiriam concretizar o objectivo por meios legais. Outros meios eram necessários, juntamente com um forte golpe. Com o "Plano Dalet", aprovado pela liderança sionista em 10 de Março de 1948, seguiu uma descrição detalhada dos métodos que iriam ser utilizados pelas unidades militares; assédios em larga escala, emboscadas e bombardeamentos de aldeias e centros de população civil, o exército queimando casas e propriedades por alegadamente não pagarem impostos, limpeza étnica e finalmente, a minagem das ruínas para evitar que a população expulsa alguma vez pensasse em regressar a casa. O procedimento típico era invadir uma aldeia e dar aos seus habitantes apenas um pouco de tempo, se algum, para recolherem os seus objectos pessoais e depois a pé, sem comida e sem água, forçá-los a deslocarem-se para leste em direcção ao deserto jordaniano. Algumas vezes alguns palestinos eram escolhidos, sobretudo elementos masculinos, eram acusados dos mais diversos crimes e executados. Cidades como Haifa e Jaffa foram totalmente limpas da sua população arábica. Em Haifa perto de 75 000 palestinos foram limpos num só dia, a maioria foi expulsa para o mar. Os sobreviventes contaram como "os homens atropelavam os seus amigos e mulheres os seus filhos. Os barcos ancorados no porto rapidamente ficaram cheios com carga humana, perigosamente sobrecarregados. Muitos deles viraram-se e afundaram-se com todos os seus passageiros". Em alguns locais tiveram lugar massacres de facto da população palestina, o mais bem conhecido na aldeia de Deir Yassin, a oeste de Jerusalém e provavelmente o pior de todos em Dawaymeh, entre Beersheba e Hebron, em que 445 pessoas foram assassinadas. Os soldados judeus que tomaram parte no massacre reportaram que bébés infantes tiveram os seus crânios esmagados, mulheres foram violadas ou queimadas vivas nas suas casas e homens foram apunhalados até à morte. Também partes arábicas de Jerusalém foram limpas e após uma visita à cidade a 7 de Fevereiro de 1948, um Ben-Gurion deliciado escreve no seu diário: "Quando agora chego a Jerusalém sinto que estou numa cidade judia ... Desde que Jerusalém foi destruída pelos romanos, a cidade não era tão judia como é agora. Na maior parte das áreas ocidentais não se encontra um único árabe". Estas atrocidades foram infligidas sobre uma população palestina largamente desarmada e sem defesas, e por vezes eram feitas mesmo à frente dos olhos dos observadores das Nações Unidas, que na maior parte dos casos escolheram olhar para o outro lado. Em alguns lugares os palestinos conseguiram fazer uma resistência armada, ajudados por voluntários de vários países árabes dentro do chamado Exército de Libertação Arábico, mas poucas hipóteses tinham contra as forças judias altamente treinadas e motivadas equipadas com armas checoslovacas modernas. Quando finalmente os estados árabes interferiram, a maior parte da limpeza era já um facto e a sua assistência foi em grande parte sabotada pelo rei jordano Abdullah a quem, através de um acordo separado com os sionistas, tinha sido prometido o controlo sobre o Banco Ocidental e Jerusalém Leste. Sessenta anos passaram desde a catástrofe palestina -- Al-Nakba -- mas a limpeza étnica da palestina continua ainda hoje, talvez com meios menos brutais do que em 1948. Os 22 por cento da Palestina que restam estão na realidade ocupados por Israel, e através de vedações, muros e bloqueios de estrada, juntamente com os 450 000 imigrantes, colonos clandestinos, lentamente e sem remorsos expulsam os palestinos das últimas terras que os seus antecessores tinham cultivado durante séculos. Possívelmente, como em Gaza, pequenas reservas, Bantustões, serão deixados à população palestina para "desenvolver" a sua identidade -- mas qualquer estado palestino válido certamente não cabe mais neste quadro. Se nada for feito -- e muito fala por esta negligência se prolongar -- em não muitos anos assistiremos à concretização do sonho de David Ben-Gurion e dos sionistas, que será também o pesadelo tanto da carta das Nações Unidas como dos nossos respeitáveis Direitos Humanos; um estado étnicamente limpo, judeu, em toda a Palestina.» publicado por CPaixaoCosta às 17:42 | ligação | comments
israel, imperialismo Sunday, 31 August 2008
Sobre o crime Reflexões apresentados nos comentários do Arrastão ao poste "E Então, João?"
http://arrastao.org/sem-categoria/e-entao-joao/#comments
«É verdade o que a esquerda diz sobre as causas gerais da criminalidade.

[...]

Os erros urbanísticos, a falta de redes de apoio social que permita às famílias carenciadas terem ajuda na guarda e educação dos seus filhos, a desagregação da escola, entre outros disparates, são uma realidade. 1 ou 2 gerações vão ser vítimas desses erros.

A questão é saber como vamos lidar nos próximos 20/30 anos com os resultados desses erros.

[...] não são questões de curto prazo.

Como se resolve a questão?

Pão numa mão cacete na outra!

Numa mão:

Crescimento económico, redes sociais de apoio à família ( qualquer tipo de família ), educação e formação profissional, requalificação de zonas degradadas, etc.. Ou seja melhorar a qualidade de vida das pessoas ( não é só dinheiro no bolso ).

Na outra:

Policia forte e bem equipada, forte combate à pequena delinquência, forte combate à delinquência juvenil e rápida resolução dos processos criminais.

A segunda parte já foi tentada, e com sucesso, em Nova York. Mas sem a primeira ficamos mancos.»

Acrescento eu, normalmente, a direita só se preocupa com a segunda parte, a esquerda confunde a primeira parte com a totalidade da solução e associa a segunda parte apenas à política repressiva da direita instalada no aparelho do estado. Este estado de coisas a continuar é conducente a um tipo de resposta tipo "fascista" para combater a "mediocridade" do estado democrático a sentir pena dos "coitadinhos" membros dos gangues e a alternativa é a justiça privada com todos os perigos que acarreta. A esquerda tem que forçosamente ter respostas para o problema e não pode confundir os problemas. publicado por CPaixaoCosta às 09:21 | ligação | comments
crime, precariedade, economia liberal Wednesday, 20 August 2008
Comentário ao poste "O Portugal moderno do engenheiro Sócrates" no blogue Arrastão de Daniel Oliveira, colocado por Causas Perdidas em 19 de Agosto de 2008 às 21:19. O poste versava sobre a notícia da visita do primeiro-ministro a um centro de call-center aberto pela PT em Santo Tirso como exemplo da criação por parte do Governo português de trabalho qualificado.
«A velha distorção.
O problema não está num quadro legal que salvaguarde actividades caracterizadas pela sazonalidade, nestes casos o contratado sabe ao que vai e sabe também que se trata de um emprego de passagem. Exemplo? O turismo. Os restaurantes em época alta necessitam de bem mais gente que nas épocas em que o turismo não tem expressão.
Também as empresas especializadas que fazem determinados tipos de serviços especializados para outras empresas estão sujeitas às flutuações do mercado. Mesmo assim, mesmo “levezinha”, não há empresa que sobreviva se não tiver um quadro de confiança que lhe garanta mais valia técnica.
Os “call-centers” não são todos iguais. Se há casos em que se está durante algum tempo a promover um produto - outra vez uma situação de emprego de passagem -, outros casos há em que o atendimento corresponde a uma actividade efectiva da empresa. O atendimento da EDP era feito até há poucos anos por funcionários do quadro, com possibilidade de movimentação interna “para” e “de” e foi entregue a traficantes de carne humana, vulgo empresas de “trabalho temporário” que despedem os trabalhadores/as quando estes estão perto de adquirir direitos devido à sua antiguidade - com reflexo, aliás, na qualidade do atendimento que a empresa presta aos clientes. Para não falar da descapitalização técnica que a sangria da “eléctrica” tem sofrido à conta da entrega de actividades originais da empresa a sociedades de “carne para canhão” e empresas satélites com mais e mais administradores e menos trabalhadores com direitos…
No caso concreto. Perante a falta de emprego no interior a chegada de qualquer actividade, mesmo “descartável”, é sempre bem vinda. As pessoas precisam de sobreviver. Os municípios, mais jeitinho menos interesse, têm que fazer algo. Caso contrário descobrem um dia que as listas de eleitores estão vazias.
O que está em causa no “post” do Daniel e que foi convenientemente escamoteado atrás é a contradição do discurso do “choque tecnológico” com o embandeirar em arco com um “call-center”. Dos tais milhares de postos de trabalhos e de qualificação tecnológica, zero. A não ser que “o média seja o emprego”, isto é, pelo facto de se trabalhar com alta tecnologia (telefones) se considere um “call-center” uma forma de emprego estruturante para um país que quer sair da cepa torta…
Quanto à abertura de espírito de liberais e dos outros… basta ligar a TV para ver quem se repete. É sempre a mesma conversa da legislação laboral muito protectora, blá, blá… Mas o que eu vejo é o lucro especulativo a aumentar e as vidas de milhões de trabalhadores a serem sacrificadas no altar da especulação. E dos números que dizem que trabalhamos mais horas, que temos menos direitos e que somos menos produtivos que os países-modelo em direitos sociais a serem sempre esquecidos pelos comentadores profissionais, nada. Fico mesmo com a sensação de que a legalização da escravatura até seria bem vista por muita dessa gente - quando falo de escravatura, não falo do Spartucus, refiro-me a carradas de horas de trabalho-extra (que são postos de trabalho que ficam por oferecer), ao tempo desperdiçado em transportes e em actividades que podiam ser descentralizadas. Outra vez: a EDP e a Telecom fecharam muitas dependências para centralizarem tudo nas grandes cidades obrigando os seus trabalhadores a perderem parte do dia enfiados nos transportes (e os “valores da família”?) E, claro, os clientes sem atendimento. E a seguir os tais “call-centers”, a mão-de-obra descartável. E milhares de trabalhadores com conhecimentos obrigados a ir para a pré-reforma. E o horror dos salários dos sujeitos que tomaram estas decisões.
A “mão invisível” a funcionar ao arrepio do controlo dos cidadãos. Lição rápida de economia socialista: antigamente pagava-se a portagem para fazer a manutenção da ponte, agora paga-se para a manutenção e para o lucro dos accionistas. Quanto aos pobres dos fabricantes de fatos e sapatos, toda a gente sabe das qualidades “empresariais” de muitos deles. “Se pudéssemos ter um bocadinho do comunismo chinês, mas só para os trabalhadores”.
No outro caso, o da indústria automóvel, Setúbal: Movauto (Peugeot , Datsun, Honda, Mercedes…) IMA (Mini…), Barreiros (Volkswagen…), Renault, Entreposto,…todas estas empresas fecharam. Baixos índices de produtividade? Hum…
Estas empresas só faziam montagem - o que no caso da metalurgia quer dizer: actividade assente em “operários não especializados”. Idem, para os montadores de electromésticos. “Fundição de Oeiras”, “Produtos Estrela”, no Porto…
“Não faças, compra já feito, segue o exemplo do “ti” Belmiro”. Inovação? Industrialização? Subsíduo do Estado já! Que morram os direitos adquiridos dos trabalhadores! Temos os patrões mais socialistas da Europa! Regressando aos popós, que sobrou de uma possível actividade inovadora de construção automóvel em Portugal? A Autoeuropa. Tirando as empresas satélites, algumas bem interessantes em termos tecnológicos e com possibilidade de fabricarem outros produtos, o que sobrará quando os tipos na Alemanha fizerem o mesmo que na Bélgica e fecharem a fábrica ou quando for atingido o limite do tolerável na negociação com os trabalhadores? Não ficará nada.
O trabalho desqualificado pode ser feito em qualquer lado, é o seu preço (baixo) e o custo do transporte das matérias primas e dos produtos acabados, e ainda a proximidade de um mercado “decente” que ditam o investimento.
Variar o que é preciso é variar. E as “bolhas” rebentar. Quanto ao resto, basta verificar os lucros das tais empresas que os trabalhadores “afundam” - no dizer de uns tantos que nunca comeram o pão que o diabo amassou. São quase nulos, a prova evidente de que “somos um país católico”: os patrões mantêm as empresas abertas só para dar emprego aos trabalhadores…
E depois ver que a quantidade de sinais exteriores de riqueza é maior nos sítios onde há mais salários (dos mais baixos) por pagar… O triunfo do mais aptos, o malvado do Darwin tinha que ter razão em alguma coisa!
A verdade é que a modernização de Portugal continua a não se fazer por culpa dos seus dirigentes, porque têm interesse directo no estado das coisas ou são capatazes políticos dos primeiros. Ao governo classifico-o nesta última categoria. Os tais “geradores de riqueza” - das respectivas contas bancárias, bem entendido -, tão admirados pelos darwinistas sociais, passam a vida a ameaçar meter o dinheiro “lá fora” quando o Estado lhes exige um pouco mais. Os outros que paguem a conta, lucros privatizados e socialização dos custos… Quem tiver paciência, que escarafunche bem o caso de Tróia, ali, do outro lado do Sado e a três quilómetros a nado de Setúbal. E responda: Porque é que Sócrates ofereceu as areias da praia dos setubalenses ao merceeiro? Como isto vai longo e a casa não é minha: Os arautos dos que (de facto) decidem, não percebem o que quer dizer “TRABALHAR PARA VIVER E NÃO VIVER PARA TRABALHAR”. Mandam trabalhar por nada os outros que já vivem esmagados pelo trabalho de sobreviver. Só sabem fazer isso, tentar convencer os outros que não há nada para além da vida miserável do “fa- favor onde quer que me ponha”. Não viveriam muito tempo num país onde houvesse trabalho para todos e só comesse quem trabalhasse - nunca vi nenhum, mas é porreiro pensar que tal possa acontecer, também não há quem acredite que depois de morrer vai para o céu?
Retalhos de um tempo que vai retornando: “os tigres combati-os eu e fui devorado pelos percevejos”.» publicado por CPaixaoCosta às 00:31 | ligação | comments
trabalho, precariedade, economia liberal Monday, 18 August 2008
"Bush, porqué no se calla?" Este artigo foi citado pelo Resistir.info, aqui vai a ligação, cada vez é mais nítido o plano destes "gajos". Tome-se em atenção que isto foi escrito por alguém que é «Ex secretário assistente do Tesouro na administração Reagan. Foi editor associado da página editorial do Wall Street Journal e editor colaborador da National Review» o que torna a análise mais inquietante nos seus aspectos mais gravosos como a possibilidade de uma guerra nuclear generalizada. Mas transcrevamos na íntegra:
«Dois idiotas: Bush e Saakashvili
"Presidente Bush: Por que não te calas?"
por Paul Craig Roberts (*) Co-autor de The Tyranny of Good Intentions.
Email: PaulCraigRoberts@yahoo.com.
Os neocons do regime Bush e dos media americanos ocupados por Israel estão a encaminhar o mundo inocente rumo a uma guerra nuclear.

Nos anos Reagan o National Endowment for Democracy foi criado como uma ferramenta da guerra fria. Hoje o NED é um agente controlado pelos neocons para a hegemonia mundial dos EUA. Sua principal função é despejar dinheiro americano e apoio eleitoral às antigas partes constituintes da União Soviética a fim de cercar a Rússia com estados fantoches dos EUA.

O regime neoconservador de Bush utilizou o NED para intervir nos assuntos internos da Ucrânia e da Geórgia de acordo com o plano conservador a fim de estabelecer regimes políticos amigos dos EUA e hostis à Rússia nessas duas antigas partes constituintes da Rússia e da União Soviética.

O NED também foi utilizado para desmembrar a antiga Jugoslávia, com as suas intervenções na Eslováquia, na Sérvia e no Montenegro.

Em 1991, Allen Weinstein, o qual ajudou a redigir a legislação que estabelecia o NED, contou ao Washington Post que grande parte do que o NED faz "hoje era feito camufladamente 25 anos atrás pela CIA".

O regime Bush, tendo estabelecido um fantoche, Mikhail Saakashvili, como presidente da Geórgia, tentou trazer aquele país para a NATO.

Para os leitores demasiado jovens para saber, o Tratado da Organização do Atlântico Norte (NATO) foi uma aliança militar entre os EUA e países da Europa ocidental para resistir a qualquer movimento soviético em direcção à Europa ocidental [e para assegurar que os países europeus se alinhassem por trás dos EUA, e comprassem seus sistemas de armas]. Já não há qualquer razão para a NATO desde o colapso político interno da União Soviética há quase duas décadas. O neocons transformaram a NATO em outra ferramenta, tal como o NED, para a hegemonia mundial dos EUA. As administrações seguintes dos EUA violaram os entendimentos que o presidente Reagan havia alcançado como Mikhail Gorbarchev, o último líder soviético, e incorporaram partes da antiga União Soviética na NATO. O objectivo neocon de cercar a Rússia com uma aliança militar hostil já foi proclamado muitas vezes.

O membros da NATO da Europa ocidental recusaram a admissão de Geórgia, pois entenderam-na como uma afronta provocatória à Rússia, de quem a Europa Ocidental está dependente quanto a gás natural. Os europeus ocidentais também estão perturbados com as intenções do regime Bush de instalar defesas de mísseis balísticos na Polónia e na República Checa pois a consequência será os mísseis nucleares de cruzeiro russos alvejarem capitais europeias. Os europeus não vêem vantagem em ajudar os americanos a bloquearem uma retaliação nuclear russa contra os EUA a expensas da sua própria existência. Defesas de mísseis balísticos não são utilizáveis contra mísseis de cruzeiro.

Todo país está cansado de guerra, excepto os EUA. A guerra, incluindo a guerra nuclear, é a estratégia neoconservadora para a hegemonia mundial.

O mundo inteiro, excepto os americanos, sabe que o estalar do conflito armado entre forças russas e georgianas na Ossétia do Sul foi inteiramente devido aos EUA e seu fantoche da Geórgia, Saakashvili. Os americanos, só eles no mundo, estão inconscientes de que as hostilidades foram iniciadas por Saakashvili, porque Bush, Cheney e os media americano ocupados por Israel mentiram-lhes.

Toda a gente no mundo sabe que o instável e corrupto Saakashvili, o qual proclama a democracia e dirige uma polícia de estado, não teria enfrentado a Rússia com o ataque à Ossétia do Sul a menos que Washington lhe desse sinal verde.

A finalidade do ataque georgiano à população russa da Ossétia do Sul é dupla:

Para convencer os europeus de que a sua acção em retardar a entrada da Geórgia na NATO é a causa da "agressão russa" e de que para salvar a Geórgia deve-lhe ser dada a condição de membro da NATO.

Para limpar etnicamente a Ossétia do Sul da sua população russa. Dois milhares de civis russos foram alvejados e mortos pelo Exército georgiano equipado e treinado pelos EUA, e dezenas de milhares fugiram para a Rússia. Tendo atingido este objectivo, Saakashvili e seus mestres em Washington apelaram rapidamente a um cessar fogo e a um alto à "invasão russa". A esperança é de que a população russa ficará receosa de retornar ou possa ser impedida de retornar, removendo assim a ameaça secessionista.

Não há dúvida de que o regime Bush pode enganar a população americana, tal como fez com armas de destruição maciça iraquianas, ogivas nucleares iranianas e o próprio 11 de Setembro, mas o resto do mundo não está a embarcar nisto, nem mesmo os aliados europeus comprados e pagos pela América.

Escrevendo no Asia Times, o embaixador M. K. Bhadrakumar, um antigo diplomata de carreira do Indian Foreign Service, nota a desinformação que está a ser propalada pelo regime Bush e pelos media dos EUA e informa que "quando estalou a violência, a Rússia tentou fazer com que o Conselho de Segurança das Nações Unidas emitisse uma declaração apelando à Geórgia e à Ossétia do Sul para deporem armas de imediato. Contudo, Washington esteve desinteressada".

O embaixador Bhadrakumar nota que o recurso dos americanos e georgianos à violência e propaganda pôs fim à crença do governo russo de que a diplomacia e a boa vontade podem levar a um ajustamento da questão da Ossétia do Sul. Se a Rússia quisesse, ela poderia terminar à vontade com a existência da Geórgia como um país separado, e não haveria nada que os EUA pudessem fazer quanto a isso.

É certo que a invasão georgiana da Ossétia do Sul foi um evento orquestrado pelo Regime Bush. Os media americanos e os think tanks neocon estavam prontos para os seus ataques de propaganda. Os neocons tinham pronto um artigo em favor de Saakashvili na página editorial do Wall Street Journal que declara "a guerra na Geórgia é uma guerra pelo Ocidente".

Confrontado com o colapso do seu exército quando a Rússia enviou tropas para proteger os ossetianos do Sul das tropas georgianas, Saakachvili declarou: "Isto já não é acerca da Geórgia. É acerca da América, dos seus valores".

A neocon Heritage Foundation em Washington, D.C., rapidamente convocou uma conferência que tinha o instigador de guerra Ariel Cohen como mestre de cerimónias, "Urgente! Evento: Guerra russo-georgiana: Um desafio para os EUA e o mundo".

O Washington Post abriu espaço para os tambores da guerra de Robert Kagen, "Putin Makes His Move".

Só um louco como Kagen poderia pensar que se Putin pretendesse invadir a Geórgia faria isso a partir de Pequim, ou que depois de enviar o exército georgiano com treino americano para as urtigas ele não continuaria e conquistaria toda a Geórgia a fim de por um ponto final nas maquinações americanas na fronteira mais sensível da Rússia, maquinações que provavelmente podem acabar em guerra nuclear.

O New York Times deu espaço às arengas de Billy Kristol, “Will Russia Get Away With It?” ("Será que a Rússia escapará impune?"). Kristol troveja contra "regimes ditatoriais, agressivos e fanáticos" que "parecem felizes de trabalhar em conjunto para enfraquecer a influência dos Estados Unidos e dos seus aliados democráticos". Kristol apresenta um novo eixo do mal – Rússia, China, Coreia do Norte e Irão – e adverte contra "retardamentos e falta de resolução" que "simplesmente convidam a ameaças futuras e perigos mais graves".

Por outras palavras: "ataquem a Rússia agora".

Dick Cheney, o insano vice-presidente americano, telefonou a Saakashvili para exprimir a solidariedade dos EUA no conflito com a Geórgia e declarou: "A agressão russa não deve ficar sem resposta". Só um idiota diria a Saakashvili qualquer coisa diferente de "pare imediatamente".

Qual será o efeito sobre os serviços de inteligência e os militares dos EUA da declaração propagandística e irresponsável de Cheney em apoio aos crimes de guerra da Geórgia? Será que alguém realmente acredita que a CIA ou qualquer serviço de inteligência americano disse ao vice-presidente que a Rússia iniciou o conflito com uma invasão? As tropas russas chegaram à Ossétia do Sul depois de milhares de ossetianos terem sido mortos pelo ataque georgiano e depois de dezenas de milhares de ossetianos terem fugido para a Rússia a fim de escapar ao ataque georgiano. Segundo os noticiários, forças russas capturaram americanos que estavam com as tropas georgianas a dirigirem seus ataques aos civis.

Os militares estado-unidenses certamentte não têm recursos para uma guerra contra a Rússia em acréscimo às guerras perdidas no Iraque e no Afeganistão e à guerra planeada com o Irão.

Com a sua aventura georgiana, o Regime Bush é culpado de uma nova série de crimes de guerra. Qual será a consequência?

Muitos responderão que tendo escapado do 11 de Setembro, Afeganistão, Iraque e com os seus preparativos para atacar o Irão, o Regime Bush escapará também da sua aventura georgiana.

Contudo, desta vez o Regime Bush possivelmente ter-se-á excedido.

Certamente a Rússia agora reconhece que os EUA estão determinados a exercer hegemonia sobre a Rússia e que a Rússia é o seu pior inimigo.

A China percebe a ameaça americana ao seu próprio abastecimento energético e, portanto, à sua economia.

Mesmo os aliados europeus da América, irritados no seu papel de fornecedores de tropas para o Império Americano, devem agora perceber que ser uma aliado americano é perigoso e não traz benefícios. Se a Geórgia se tornar um membro da NATO e renovar seu ataque à Ossétia do Sul, isto deve arrastar a Europa a uma guerra com a Rússia, um importante fornecedor de energia à Europa.

Além disso, se forem enviadas tropas russas que atravessem fronteiras europeias, não há nada que possa travá-las.

O que tem a América para oferecer à Europa, além dos milhões de dólares que paga para subornar líderes políticos europeus a fim de assegurar que eles traiam os seus próprios povos? Nada que se veja.

A única ameaça militar que a Europa enfrenta é ser arrastada para as guerras da América pela hegemonia americana.

Os EUA estão financeiramente em bancarrota, com défices orçamentais e comerciais que excedem os défices combinados de todo o resto do mundo em conjunto. O dólar murchou. O mercado consumidor americano está a morrer devido à deslocalização de empregos americanos e, portanto, rendimentos, e ao efeito riqueza dos colapsos do imobiliário e dos derivativos. Os EUA nada têm a oferecer à Europa. Na verdade, o declínio económico americano está a matar as exportações europeias fazendo subir o valor do euro.

A América perdeu no terreno moral há muito. A hipocrisia tornou-se a característica mais conhecida da América. Bush, o invasor do Afeganistão e do Iraque na base da mentira e do engano, troveja para a Rússia por vir em defesa das suas forças de manutenção da paz e dos cidadãos russos na Ossétia do Sul. Bush, que arrancou o Kosovo do coração da Sérvia e entregou-a aos muçulmanos, tomou uma posição firme contra outros movimentos separatistas, especialmente o ossetianos do Sul que pretendem ser parte da Federação Russa.

O neopilotado Regime Bush está furioso porque o urso russo não ficou intimidado com a agressão apoiada pelos EUA do seu estado fantoche, a Geórgia. Ao invés de aceitar a lei da hegemonia americana que o roteiro neocon exigia, a Rússia pôs o americanizado exército georgiano a fugir de medo.

Tendo fracassado com as armas, agora o Regime Bush desencadeia a retórica. A Casa Branca está a advertir a Rússia que se não se submeter à hegemonia americana isso poderia ter um "impacto significativo a longo prazo nas relações entre Washington e Moscovo".

Será que os idiotas que compõem o Regime Bush realmente não entendem que excepto um ataque nuclear de surpresa à Rússia não há nada que os EUA possam fazer a Moscovo?

O Regime Bush não possui qualquer divisa russa que possa afundar. Os russos possuem dólares.

O Regime Bush não possui títulos russos que possam afundar. Os russos possuem títulos dos EUA.

Os EUA não podem cortar quaisquer abastecimentos energéticos à Rússia. A Rússia pode cortar a energia dos aliados europeus da América.

O presidente Reagan negociou o fim da guerra fria com o presidente soviético, Gorbachev. Os neoconservadores, que Reagan despediu e afastou da sua administração, estavam furiosos. Os neocons esperavam vencer a guerra fria, portanto estabelecer a hegemonia americana.

O Establishment republicano reestabeleceu sua hegemonia sob Bush I, que fora perdida com Ronald Reagan. Com esta façanha, a inteligência foi afastada do Partido Republicano.

Os neocons projectaram o seu retorno com a Primeira Guerra do Golfo e sua propaganda, puras mentiras, de que tropas iraquianas cravaram baionetas em bebés em hospitais do Kuwait.

Os neocons fizeram um novo avanço com o presidente Clinton, a quem convenceram a bombardear a Sérvia a fim de permitir que movimentos separatistas se tornassem estados dependentes da América.

Com Bush II, os neocons tomaram o comando. A sua agenda, a hegemonia americana mundial, inclui a hegemonia israelense no Médio Oriente.

Até agora os esquemas destes ideólogos ignorantes e perigosos deram com os burros na água. O Iraque, antigamente nas mãos de sunitas seculares que eram uma barreira ao Irão, está, após a invasão e ocupação americana, nas mãos de religiosos xiitas aliados ao Irão.

No Afeganistão, o Taliban está a renascer, e há um grande exército NATO/EUA incapaz de controlar a situação.

Uma consequência da guerra afegã dos neocons foi a perda de poder do fantoche americano que preside o Paquistão, um país muçulmano armado com ogivas nucleares. O presidente fantoche agora enfrenta o impeachment, e os militares paquistaneses disseram aos americanos para parar de efectuar operações militares em território paquistanês.

Os fantoches americanos no Egipto e na Jordânia podem ser a próxima queda.

No Iraque, os xiitas, tendo completado a sua limpeza étnica dos sunitas das vizinhanças, declararam um cessar fogo a fim de contradizer a propaganda dos EUA de que a retirada americana levaria a um banho de sangue. Negociações sobre datas de retirada estão agora a caminho entre os americanos e o governo iraquiano, o qual já não se comporta como um fantoche.

No ano passado Hugo Chávez ridicularizou Bush perante as Nações Unidas. Putin da Rússia ridicularizou Bush como Camarada Lobo.

Em 12 de Agosto de 2008, o Pravda ridicularizou Bush, "Bush: Por que não te calas?".

Os americanos podem pensar que são uma super-potência diante da qual o mundo treme. Mas não os russos.

Aqueles americanos bastante estúpidos para pensar que o "super poder" da América defende os seus cidadãos do perigo precisam ler o desprezo total exibido pelo Pravda para com o presidente Bush: "Presidente Bush,

Por que não te calas? Na tua declaração de segunda-feira respeitante às acções legítimas da Federação Russa na Geórgia deixaste de mencionar os crimes de guerra perpetrados pelas forças militares georgianas, apoiadas por conselheiros americanos, contra civis russos e ossetianos.

"Presidente Bush,

Por que não te calas? Teu fiel aliado, Mikhail Saakashvili, estava a anunciar um acordo de cessar fogo enquanto suas tropas, com os teus conselheiros, estavam a concentrar-se na fronteira com a Ossétia, a qual eles cruzaram sob o manto da noite e destruíram Tskhinvali, alvejando estruturas civis tal como as tuas forças fizeram no Iraque.

"Presidente Bush,

Por que não te calas? Teus aviões de transporte americanos deram uma boleia para casa a milhares de soldados georgianos do Iraque, directamente para a zona de combate.

"Presidente Bush,

Por que não te calas? Como podes tu explicar o facto de que entre os soldados georgianos que ontem fugiam do combate se podia ouvir claramente oficiais com pronúncia do inglês americano a darem ordens de "Voltem para cá" ("Get back inside") e como explicas o facto de que há informações de soldados americanos entre as baixas georgianas?

"Presidente Bush,

Por que não te calas? Será que realmente pensas que alguém dá alguma importância ao que quer que seja das tuas palavras após oito anos do teu regime e das tuas políticas criminosas e assassinas? Será que realmente acreditas que tens qualquer base moral e imaginas que haja realmente um único ser humano em qualquer lugar neste planeta que não levante o dedo médio cada vez que apareces num écran de TV?

Acreditas realmente que tens o direito de dar qualquer opinião ou conselho após Abu Ghraib? Após Guantanamo? Após o massacre de milhares de cidadãos iraquianos? Após a tortura por operacionais da CIA?

Acreditas realmente que tens qualquer direito de fazer declarações sobre qualquer assunto do direito internacional depois das tuas trombeteadas invenções contra o Iraque e a subsequente invasão criminosa?

"Presidente Bush,

Por que não te calas? Suponha que a Rússia por exemplo declare que a Geórgia tem armas de destruição em massa (ADM)? E que a Rússia saiba onde estão estas ADM, nomeadamente em Tíflis e Poti e no Norte, Sul, Leste e Oeste dali? E que isto deve ser verdadeiro porque há 'magnífica inteligência estrangeira tais como fotos por satélite de fábricas de leite em pó e de cereais para bebés que produzem armas químicas, as quais estão actualmente a serem 'transportadas em veículos pelo país'? Suponha que a Rússia declare por exemplo que 'Saakashvili empesteia o mundo' e 'já é tempo de mudar o regime'?

Impecável e simples, não é, Presidente Bush?

"Então, por que não te calas? Oh, e a propósito, envia mais alguns dos teus conselheiros militares para a Geórgia, eles estão a fazer um excelente trabalho. E todos eles parecem engraçados vistos à noite, todos verdes". [1] Os EUA não são uma super potência. São uma farsa em bancarrota dirigida por imbecis que foram instalados [no governo] através de eleições roubadas amanhadas por Karl Rove [2] e pela Diebold [3] . São uma fonte de gargalhadas, que ignorantemente afronta e tenta intimidar um enorme país equipado com dezenas de milhares de armas nucleares.
[1] Alusão aos binóculos de visão nocturna, em que as imagens aparecem verdes.
[2] Karl Rove: Ex chefe de equipe do presidente Bush, envolvido em escândalos. Demitiu-se em 2007.
[3] Diebold: fabricante de máquinas de votar electrónicas.»
Link para o original em inglês, "President Bush, Will You Please Shut Up?". publicado por CPaixaoCosta às 00:47 | ligação | comments
bush, imperialismo, geórgia, neo-conservadores Sunday, 25 May 2008
A Manipulação do Voluntariado Tirado do blogue Império Bárbaro.
Os mecanismos de diversão e de manipulação de massas atingem novos patamares da estupidez. A tese do empreendedorismo deu um novo salto e já se tornou na do voluntarismo. A generalização do desemprego e a apresentação da competição entre trabalhadores e do individualismo e "empreendedorismo" são apresentadas como chaves para o sucesso num mundo de insucesso. O empreendedorismo, além de comportar o sub-tom da "ambição", transporta uma outra noção que se vai enraizando: a da disponibilidade. Ou seja, o jovem empreendedor é aquele que está disponível a tudo para obter o seu lugar ao sol, é o jovem que não questiona a organização social, mas que antes a consolida por seus actos.

A complementar esta vertente da ofensiva ideológica mas também material, aparece um novo conceito como fórmula para a construção, não de um mundo, mas de um curriculum vitae melhor. Eis que o voluntariado se assume como a resposta para todos os males da participação cívica juvenil, mas não só, é óptimo tónico para o desemprego e para o enriquecimento dos currículos de jovens ignorantes e inaptos. Além disso, como o nome indica, é gratuito.

Na verdade, este novo "voluntariado" a que se referem as empresas, tem apenas isso em comum com o verdadeiro voluntariado: não é remunerado. No entanto, o verdadeiro voluntariado não pode ser aceite como trabalho gratuito para enriquecer ou gerar lucros para um determinado bolso. O voluntariado deve ser entendido como um trabalho levado a cabo de forma não remunerada e associado a um determinado fim que se apresenta como um objectivo - geralmente social e de efeitos colectivos. Por exemplo, dedico o meu trabalho de forma gratuita ao associativismo para assim dar um contributo a uma área de actividade social que promove o desporto, a cultura, a arte para todos, sem gerar nenhuma mais-valia financeira ou económica para nenhuma entidade privada a não ser a associação em si-mesma, que por sua vez aplicará essas mais-valias em outras tantas actividades do mesmo género.

Agora, o que é de todo insuportável e urge desmascarar é a utilização do termo "voluntariado" para dar cobertura à proliferação de trabalho escravo sem direitos que por aí vai rebentando no mundo dos privados e que se desenvolveu inicialmente à custa dos chamados estágios nas empresas. O desespero dos jovens é tal nos dias de hoje que qualquer actividade, mesmo que não remunerada, é melhor que estar parado em casa à espera que termine o subsídio de desemprego ou a procurar emprego nos jornais. Fazer currículo, isso sim, será um primeiro passo para o tal de "mercado de trabalho". E vai daí que mais vale ser voluntário numa empresa sem ganhar nada do que ficar à espera de emprego. Já há muitas empresas que o fazem: acolhem amavelmente os jovens voluntários sem lhes pagar e têm mesmo a benevolente cedência de lhes dar trabalho que possam fazer. Tudo isto, claro, com grande risco para a empresa e sem nenhum compromisso por parte do jovem que está ali apenas a enriquecer o seu CV. É uma benesse social que a empresa lhe dá... essa oportunidade de conhecer o mundo do trabalho sem compromissos. É esta a vergonha a que chegámos: confundir voluntariado com escravidão. É que "voluntariado" pressupõe opção e o que se sucede hoje é que milhares de jovens entram nestes esquemas das empresas e seus "voluntariados" exactamente porque não têm outra opção.

E como não têm outra opção e há que ser empreendedor (e empreendedor não é criar a sua própria empresa certamente, já que julgo ser de unânime reconhecimento que nunca seria sustentável ter cerca de 5 000 000 de novas empresas - uma por cada trabalhador no activo no futuro), o jovem lá se mete num desses "voluntariados" - sempre conta para o currículo. E de voluntariado em voluntariado, lá alguma empresa pode ser que o queira e lhe reconheça finalmente dignidade para lhe pagar efectivamente um miserável salário.

E há um outro voluntariado: o da caridade. Vá, aceitemos que isso possa ser chamado de voluntariado, porque o é de facto no sentido em que o praticante está convicto de que assim contribui para um bem maior. Claro que a caridade, cumprindo o seu papel milenar mais não é do que a forma de perpetuar o fenómeno sobre o qual age. No entanto, independentemente da orientação ideológica com que é construído o edifício mundial da caridade, reconhecemos que existem milhares e milhares de jovens, adultos e idosos que a praticam com a total ilusão de que estão a contribuir para o fim de um problema. Esse voluntariado tem um valor intrínseco na proporção do quão verdadeira é essa ilusão e pode ser transformado em verdadeiro trabalho revolucionário no momento em que o praticante tome consciência dos efeitos da caridade e da outra forma de agir: a solidariedade.

E há ainda um outro voluntariado: um mais recente e mais astuto. O dos acontecimentos de propaganda capitalista cobertos pelo manto da preocupação. Seja ambiental ou social, o que não falta são novos espaços de intervenção capitalista que promovem a ideia de que apresentam preocupações. Seja o Rock in Rio e o Ambiente, como verificamos este ano, seja vender shampoos para ajudar pobrezinhos. Este tipo de empresas recorre a mão de obra voluntária sob a desculpa de que é trabalho social, quando na verdade, mais não fazem senão arranjar um slogan publicitário que é afecto a uma determinada preocupação social e depois dedicar uma infíma percentagem dos lucros (rock in rio - 2% dos lucros) a uma qualquer entidade de caridade que controlem também. Assim, com este tipo de artimanhas publicitárias e propagandísticas, empresas vão encaixando milhões. Mais grave, mascarando-se de empresas humanas e preocupadas, recorrem ao voluntariado. O Rock in Rio, por exemplo, recorre a 601(!!!) jovens voluntários para os dias de "festival". Isto significa que o "festival" vai poupar uns bons milhares ou milhões de euros em salários, em recibos, em segurança social e vai ainda receber uma autêntica dádiva laboral de mais de meio milhar de jovens portugueses. Ora, não poderemos afirmar que todos os 601 jovens ali estão por não terem outra opção. Não sejamos ingénuos ao ponto de pensar que não existiriam mesmo muitos mais jovens dispostos a fazer esse lamentável papel de transportar barris de cerveja durante 3 dias e mais de 10 horas diárias e de lavar balcões e latrinas apenas para gozar da possibilidade de ouvir à distância, mas gratuitamente, o seu ídolo musical.

Tudo bem, são de facto voluntários então... em certa medida, sim. No entanto, são-no porque o festival não contrata, como devia, trabalhadores, jovens ou não, para desempenhar esses papéis. São-no porque o festival cria a ilusão de que esse trabalho voluntário não é trabalho, quando na verdade, até a formação é obrigatória. São-no porque julgam que estão de facto a participar numa iniciativa com preocupações sociais - o que, julgo ser inútil dizer, não é de todo.

Mas então, por que raio dedicar tantas linhas sobre o volunatriado a um famigerado festival de verão que até vai cá trazer três das bandas preferidas do autor (a saber: muse, metallica, machine head)? É que, vá lá... que o raio do festival promova o tal de "voluntariado" ainda damos de barato. Mas que o Estado português se aventure nestas andanças, anunciando o festival como um evento social, e esse "voluntariado" como actividade juvenil e participativa é que já é de todo inaceitável! É preciso estarmos completamente desfeitos enquanto Estado para que isto seja assim! Bolas, o Estado recruta, o Estado selecciona, o Estado propagandeia e publicita e o Rock in Rio fica com trabalho de borla sem nenhum investimento.

É a vergonha das vergonhas quando o Governo age como empresa de trabalho temporário não remunerado para as empresas e ainda se orgulha disso. publicado por CPaixaoCosta às 07:15 | ligação | comments (2)
voluntariado
Ecologia e Capitalismo Tirado do blogue "Império Bárbaro".
Uma das coisas de que cedo me apercebi é que na política e na economia, nada acontece por acaso. Embora os acasos possam determinar conjunturas que influenciam, a política, eles não a determinam. Por isso mesmo, alguns slogans dos governos, algumas orientações aparecem como nascidas de preocupações, mas acabam por não representar nada mais além das orientações do grande capital na sua senda imparável pelo lucro. A julgar pela propaganda, muitas vezes somos levados a crer que existe mesmo uma vontade política de aplicar medidas de contenção do desperdício, quando, todos sabemos, isso é intrinsecamente contrário à natureza do capitalismo. Por exemplo, quando nós os ouvimos dizer que é preciso assegurar um uso eficiente da água e encarecer-lhe os preços para motivar a poupança desse bem escasso. A campanha em torno da água é clara: obter controlo sobre o recurso, garantir a sua distribuição de acordo com a geopolítica do capital e do lucro. Embora a ofensiva queira relacionar o consumo da água com o seu custo ao utente (que passa a cliente), a verdade é que a privatização da água motiva automaticamente a sua venda irracional, presidindo ao consumo e à oferta o objectivo do lucro e não da gestão equilibrada. O aumento dos preços da água pune exclusivamente aqueles que não a podem pagar, reservando a utilização desse recurso para os que podem. As piscinas continuarão cheias, como os depósitos dos lexus e dos ferraris. As casas dos pobres ficarão sem água como já hoje não têm comida. A propaganda em torno da água é semelhante a uma outra que se vai desenvolvendo em torno do ambiente, dos combustíveis e do consumo de energia eléctrica. Se ouvirmos a campanha do governo, não raras vezes se fala de eficiência energética. O governo aliás, tem mesmo um plano de aumento da eficiência energética e essa questão - como bem se viu nos impostos sobre as lâmpadas incandescentes - é por vezes apresentada como nuclear no âmbito da política enrgética. Podemos pensar que existe um contrasenso: se o governo é submisso à classe dominante e a classe dominante quer vender mais energia para encaixar mais lucros, como é possível que apele à diminuição dos consumos energéticos? Na verdade, nunca existiu um apelo à diminuição dos consumos. Há um apelo ao seu aumento. Através do conceito de eficiência energética, o governo e o capital apresentam novamente as suas preocupações ambientais e aparentemente apelam à diminuição dos consumos. Com efeito, o paradoxo de Jevons explica bem esta estratégia do capital. A eficiência energética por si só não é um elemento favorável às sustentabilidade da relação homem-natureza. Pelo contrário, no âmbito de uma sociedade capitalista, o aumento da eficiência energética conduz directamente ao aumento dos consumos. Confuso? claro que sim. Por isso é que esta teoria económica se chama "paradoxo". O aumento da eficiência energética provoca a diminuição dos custos de produção, logo, pelo mesmo custo, produz-se mais. Ao produzir-se mais, amplia-se a utilização de um determinado processo produtivo, de uma determinada tecnologia e, por sua vez, o consumo do seu sustento - no caso actual combustíveis. Assim, o aumento da eficiência energética sem a alteração do paradigma de sistema produtivo e sem a preocupação política real para a alteração dos métodos de produção energética e minimização dos impactos da produção e consumo na Natureza, representa apenas o aumento dos próprios consumos e, por sua vez, o aumento dos lucros das petrolíferas e das companhias eléctricas. Voltemos ao exemplo das lâmpadas: a eficiência energética das lâmpadas modernas é bastante superior às lâmpadas incandescentes - é um facto. No entanto, a generalização da utilização desta nova tecnologia, por si só, não representa a diminuição dos consumos, sendo que mais lâmpadas se instalarão e mais tempo ficarão ligadas. Isto significa que as nossas facturas de electricidade, como todos terão já reparado, não diminuiram nem tampouco estabilizaram - antes pelo contrário, continuam a subir consideravelmente. Da mesma forma, sob o pretexto da eficiência energética, o governo e as organização ditas ambientalistas estimularam a troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas de alta eficiência energética. Ora, num pequeno período de tempo, milhões de pessoas deitaram fora lâmpadas ainda úteis, apenas por serem incandescentes, e trocaram-nas por lâmpadas mais recentes, mais caras. Isto significa que um conjunto muito vasto de lâmpadas foi para o lixo sem necessidade nenhuma, ou seja, esse conjunto de lâmpadas, vidros, metal, filamentos, gases, foram engrossar o volume do desperdício. Ao mesmo tempo, as empresas fabricantes de lâmpadas, venderam milhões de novas unidades, encaixando milhões, vendendo as novas lâmpadas a um preço empolado pelo aumento da procura estimulada por motivos supostamente ambientais. É a irracionalidade total, mas é também o lucro total. Paga o consumidor, paga o ambiente, recebem as empresas fabricantes em lucro e em publicidade. Outro exemplo: o aumento da eficiência energética apresentado como forma de diminuir o consumo de combustíveis fósseis. Aqui o paradoxo de Jevons afirma-se com toda a clareza: o impacto do aumento da eficiência energética desde a invenção do motor nos consumos tem sido o do crescimento desmesurado dos consumos de combustíveis. Claro que, independentemente da forma de organização social e económica, a generalização de uso de uma tecnologia provocará sempre o aumento do consumo dos combustíveis que lhe são associados. Mais utilizadores, mais consumo. Mas isso não pode significar que se utilize a "eficiência energética" como instrumento de propaganda para a defesa da naturza, porque isso é coisa que dela não pode resultar no quadro da economia capitalista. A eficiência energética deve ser promovida, claro, essencialmente como forma de promover e incrementar a qualidade de vida, mas numa perspectiva equilibrada e bem distribuída pelo globo. Utilizar esse conceito como o capitaol vai fazendo nos ditos países desenvolvidos é mera propaganda e diversão, é aumentar o manto de ilusão que nos vão pondo à frente no que toca à "defesa do ambiente". Ora neste caso, no dos combustíveis fósseis, o aumento da eficiência energética não representa necessariamente a diminuição do consumo. Um carro que atinja 80km/h como velocidade máxima e consuma 8lt/100km (a 80km/h) é um carro de baixa eficiência energética. No entanto, um carro que atinja 180km/h e consuma 6,5lt/100km (em ciclo misto) é um carro de maior eficiência energética. O segundo carro, a 180km/h consome, todavia, cerca de 10-11lt/100km e como faz maiores distâncias em menos tempo, consome mais combustível em menores intervalos de tempo. Além disso, o segundo carro, embora energeticamente mais eficiente, pelas características que tem passa a ser mais distribuído, mais vendido e mais utilizado. No quadro geral, ainda que possa apresentar melhorias para a necessidade de deslocação do indivíduo que o utiliza, representa um exponencial aumento dos consumos de energia (por queima de combustíveis) no plano global. Ou seja, a eficiência energética implica, ao contrário do que parece, um aumento dos consumos. A eficiência energética não é, por si, um objectivo prejudicial ou negativo. De facto, ela catapulta o desenvolvimento tecnológico para novos patamares e o bem-estar individual daqueles que têm acesso à tecnologia para novos níveis. O que não pode é dizer-se que a eficiência energética é um conceito directamente relacionado com a conservação dos valores e recursos naturais, porque não é de todo. Isto significa que quando o conceito de eficiência energética é utilizado pela campanha capitalista para nos enganar, algo que não querem que vejamos se está a passar. publicado por CPaixaoCosta às 06:48 | ligação | comments
ecologia Saturday, 29 March 2008
Sobre Israel e o Hezbollah Transcrição de uma entrevista ao cientista político americano Norman Finkelstein:
Israel tem de sofrer uma derrota
MEMRI TV PROJECT
Cientista Político Americano Norman Finkelstein
Future TV (Líbano)
20 de Janeiro de 2008
Finkelstein-Fiquei, claro, satisfeito por encontrar-me com pessoas do Hezbollah porque é um ponto de vista que raramente é escutado nos Estados Unidos e não tenho problemas em afirmar que quero expressar solidariedade com eles e não vou ser um cobarde ou hipócrita acerca disso. Não quero saber do Hezbollah como organização política. Não sei muito sobre as suas políticas e, seja como for é irrelevante, não vivo no Líbano. É uma escolha que os libaneses têm que fazer: quem é que querem escolher para líder, quem é que querem que os represente. Mas existe um princípio fundamental. As pessoas têm o direito de defender o seu país de ocupantes estrangeiros e as pessoas têm o direito de defender o seu país de invasores que o querem destruir. E essa para mim é uma questão básica, elementar e simples.
Os meus pais passaram pela II Guerra Mundial. Ora, o regime de Estaline não era propriamente uma cama de rosas. Era um regime implacável e brutal e muitas pessoas pereceram. Mas quem não apoiou a União Soviética quando eles derrotaram os Nazis? Quem não apoiou o Exército Vermelho? Em todos os países da Europa que foram ocupados - quem recebe todas as honras? A Resistência. A resistência comunista - foi brutal, foi implacável. Os comunistas não foram... Não era uma cama de rosas, mas respeitávamo-los. Respeitámo-los porque resistiram aos ocupantes estrangeiros do seu país. E se vou honrar os comunistas durante a II Guerra Mundial, embora provavelmente não me desse muito bem sob os seus regimes, e se os homenageio então tenho de homenagear o Hezbollah. Eles mostraram coragem, mostraram disciplina. Eu respeito isso. Aprsentadora (em arábico)-Essa é uma descrição rigorosa da situação antes de 2000, mas após 2000 os israelitas retiraram para o Sul do Líbano. Houve uma divergência dentro do Líbano entre os intervenientes políticos libaneses quanto ao futuro das armas e quanto à resistência. Esta divergência sucedeu. Agora está a tomar partido. No entanto, afirma que está apenas visitando o Líbano, mas não vê as ramificações da guerra de Julho para o povo.
Finkelstein-Ouça, se quer fechar os olhos e acreditar que estava tudo terminado em Maio de 2000, pode fazê-lo. Pode fazer esse jogo. Mas a realidade era - e toda a gente o percebeu - que a atitude israelita era:
-Vamos esmagar o Hezbollah.
E começaram a planear uma nova guerra logo após terem sido forçados a abandonar em 2000. Encontraram a sua desculpa, o seu pretexto, em Julho de 2006 ,mas não existem dúvidas entre pessoas racionais que Israel não ia deixar passar em claro a vitória do Hezbollah, estavam determinados a dar uma lição...
Apresentadora (em arábico)-A guerra poderia ter sido evitada.
Finkelstein-Não, não poderia ter sido evitada. Não há hipótese de os Estados Unidos e Israel tolerarem algum tipo de resistência no mundo árabe. Se quiser fazer de conta que pode ser evitada, pode entrar nesse jogo. Mas pessoas sérias, com ideias esclarecidas, sabiam que haveria guerra mais cedo ou mais tarde.
(corte de montagem)
Finkelstein-Pensa que não vai voltar a haver outra guerra? Pensa que Israel vai permitir aquela derrota em Julho de 2006? Quer fingir que é o Hezbollah que está a causar problemas? Não, haverá outra guerra, e a destruição será dez vezes maior - talvez até mais - do que em Julho de 2006, porque Israel está determinado com os Estados Unidos, a pôr os árabes no seu lugar e a mantê-los no seu lugar.
Agora, como posso não respeitar aqueles que dizem não a isso. Sabe, durante a Guerra Civil espanhola houve uma mulher famosa - chamavam-lhe a "La Pasionaria" - Dolores Ibárruri, da República Espanhola. E ficou célebre ela ter dito: "É melhor morrer de pé do que voltar rastejando de joelhos."
Apresentadora (em arábico)-Mas isso diz respeito ao povo libanês no seu todo.
Finkelstein-Concordo completamente. Não estou a dizer-vos o que devem fazer das vossas vidas. E se preferirem viver rastejando, posso respeitar isso. Posso respeitar isso. As pessoas querem viver. Como posso negar-vos esse direito? Mas então, como é que posso não respeitar aqueles que preferem morrer de pé? Como é que poderei não respeitar isso?
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Finkelstein-Israel e os Estados Unidos estão a atacar, porque não irão permitir qualquer resistência militar ao seu controlo da região. Esse é que é o problema. Se o Hezbollah depusesse as suas armas, e dissesse: "Faremos o que os americanos disserem," não haveria uma guerra - isso é verdade - mas também seriam os escravos dos americanos. Tenho que também respeitar aqueles que se recusam a ser escravos.
Apresentadora (em arábico)-Não há outra forma que não seja a resistência militar?
Finkelstein-Não acredito que haja outra maneira. Oxalá houvesse outra maneira. Quem quer a guerra? Quem quer a destruição? Até Hitler não queria a guerra. Preferiria ter alcançado os seus fins pacificamente, se pudesse. Por isso não estou a afirmar que a desejo. Mas honestamente não vejo outra forma, a não ser que escolham ser escravos deles - e muitas pessoas aqui escolheram isso. Não posso dizer... Eu posso compreender, vocês querem viver. Não posso realmente dizer que o respeito. Vejam, tantos mortos, tanta destruição... Antes de os mortos serem ainda enterrados, antes de os edifícios serem reconstruídos.
As pessoas que são responsáveis por tudo isso - não podem esperar para lhes darem as boas vindas. Não podem esperar para estenderem-lhes a passadeira vermelha. Não consigo respeitar isso. Quanto a isso respeito muito mais os judeus. Gosto da atitude judia. Sabe qual é a atitude dos judeus? Nunca perdoar. Nunca esquecer. Porquê estenderem-lhes a passadeira vermelha menos de dois anos após todo o vosso país ter sido destruído por causa deles?
A Secretária de Estado disse que foram as dores de parto de um novo Médio Oriente. É uma declaração de uma doida varrida. Só uma doida compararia o nascimento de uma criança com a destruição de um país, e contudo, existem pessoas aqui que estão ansiosas por lhe darem as boas vindas. Estão a tentar imaginar o que os americanos estarão a pensar. Não podem esperar pelos seus banquetes. Como pode alguém respeitar isso? Respeito os judeus mil vezes mais. Nunca perdoar e nunca esquecer. Toda a morte e toda a destruição - e estão ansiosos por lhe darem as boas vindas.
Apresentadora-Norman ...
Finkelstein-É revoltante! Que raio interessa se o Bush virá?
Apresentadora (em arábico)-Mas diz que vem aí outra guerra.
Finkelstein-Deveriam tê-lo declarado persona non grata. Ele não é bem vindo aqui. Ele destruiu o vosso país. Ele foi responsável pela guerra. Sabe muito bem que aquela resolução poderia ter passado três semanas antes. Ele destrói o vosso país e estão ansiosos por o irem cumprimentar. Não têm respeito próprio. Como podem esperar que outras pessoas respeitem os árabes se não mostrarem respeito por vocês próprios.
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Finkelstein-Se o povo libanês votar esmagadoramente no sentido de deixar que os americanos e israelitas levem a melhor julgo que tenho que aceitar isso. Posso aceitar isso. E julgo que não tenho o direito de dizer que não devam fazer essa escolha.
Ouça, na Europa ocupada pelos Nazis, tem que se recordar, a maior parte da população fez a escolha de viver sob os Nazis. Toda esta conversa sobre a Resistência francesa é uma palhaçada - nunca aconteceu. A Resistência francesa... Cerca de 20% da população lia o jornal da Resistência. Havia talvez 10% dos franceses que resistiam. O resto dizia: "Não resistam". Porque os Nazis eram impiedosos. Se resistirem - quatrocentos serão mortos por cada soldado que for morto. Era assim o modo de agir dos Nazis. Por isso a maior parte dos franceses disseram como vocês: "Queremos viver"."Não resistam". Mas agora, retrospectivamente, tenho que vos perguntar: Quem é que homenageamos? Homenageamos aqueles que diziam: "Deixem-nos viver", ou homenageamos aqueles que diziam "Vamos resistir".
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Finkelstein-Os líderes vêm em último lugar. Haverá um líder que subirá ao poder em Israel, que estará disposto a fazer as concessões depois de as condições terem sido criadas - nomeadamente, Israel tem que sofrer uma derrota. publicado por CPaixaoCosta às 06:14 | ligação | comments
palestina, imperialismo Sunday, 23 March 2008
Primeira Invasão do Iraque http://www.foreignpolicy.com/story/cms.php?story_id=169 Excerto de um artigo ‘An Unnecessary War’, ‘Uma Guerra Desnecessária’, de Stephen M. Walt e de John J. Mearscheimer publicado no site ‘Foreign Policy Archive’:
«A decisão de Saddam de invadir o Kuwait foi em primeiro lugar uma tentativa de resolver a situação de contínua fragilidade do Iraque. A economia do Iraque, profundamente danificada pela sua Guerra contra o Irão, continuou a declinar após o fim da guerra. Uma das causas importantes para as dificuldades do Iraque foi a recusa de emprestar 10 biliões de dólares além da recusa de perdoar dívidas em que o Iraque incorreu durante a guerra Irão-Iraque. Saddam acreditava que o Iraque tinha direito a ajuda adicional porque o seu país tinha ajudado a proteger o Kuwait e os outros estados do Golfo do expansionismo iraniano. Para piorar a situação, o Kuwait excedia as quotas de produção fixadas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo, o que fez descer os preços do petróleo e reduzir os lucros do petróleo iraquiano. Saddam tentou usar a diplomacia para solucionar o problema mas o Kuwait pouco ou nada cedeu. Como Karsh e o biógrafo de Hussein Inari Rautsi observaram, os kuwaitianos “suspeitaram que algumas concessões seriam necessárias mas estavam determinados a reduzi-las ao estritamente necessário”. Saddam decidiu-se alegadamente pela guerra algures em Julho de 1990, mas antes de enviar o seu exército para o Kuwait, sondou os Estados Unidos para saber como reagiriam. Numa entrevista agora famosa com o líder iraquiano, o embaixador dos Estados Unidos April Glaspie disse a Saddam, “Não temos opinião formada sobre os conflitos envolvendo países árabes, nomeadamente a vossa disputa de fronteiras com o Kuwait.” O Departamento de Estado americano tinha dito anteriormente a Saddam que “não temos compromissos especiais de defesa ou de segurança com o Kuwait.” Os Estados Unidos podem não ter tencionado dar ao Iraque uma luz verde, mas foi o que efectivamente fizeram.» publicado por CPaixaoCosta às 04:11 | ligação | comments
iraque, imperialismo Friday, 30 November 2007
Sobre A Greve... Tirado do blogue 'Anti-Direita',a propósito da greve geral que irá ocorrer hoje. A propósito hoje fui no Metro e não notei nada. Será que desta vez os transportes não aderiram, apenas a Função Pública fez greve!? Eu não faço greve porque nas circunstâncias em que trabalho não vale a pena, a greve é um instrumento que a ser usado tem de o ser colectivamente ou perde todo o sentido. Até porque é sempre a parte mais fraca individualmente que o exerce (os trabalhadores) contra a entidade patronal (a mais forte). Estar a fazer greve para depois ser apontado sozinho sem nenhuns resultados e perdendo parte do ordenado não serve qualquer objectivo, mas apoio quem o faz numa lógica de associativismo sindical. Transcrição:
"Em Portugal está marcada uma greve geral, para amanhã, sexta-feira, dia 30 de Novembro de 2007.
No século XIX e em mais de metade do século XX os socialistas eram conhecidos por apoiarem os assalariados.

O chamado modelo social europeu, baseado num conjunto de direitos dos assalariados, e em salários altos, o que além de dar segurança a quem é assalariado permitiu o crescimento acentuado do mercado interno devido ao aumento geral do poder de compra, foi, parcialmente, construído por socialistas...

A maioria de direita no Parlamento Europeu fez crescer a União Europeia contra a União Soviética, sendo um critério para a entrada na União Europeia ter pertencido ao Pacto de Varsóvia. Ora a União Soviética já não existe, portanto é contra um fantasma que se orienta a política da União Europeia.
Havendo uma grande crise de inteligência na classe política da União Europeia, apareceram os ingleses a quererem destruir a União Europeia, fomentando um crescimento suicidário-implosivo.
O objectivo da classe política da União Europeia é reduzir, drasticamente, os direitos dos assalariados e voltar ao capitalismo selvagem do século XIX.
É neste contexto que ocorre a crise portuguesa, em que a palavra de ordem é aumentar as desigualdades entre a alta burguesia e os assalariados.



«Greve é a cessação colectiva e voluntária do trabalho realizada por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios. Por extensão, pode referir-se à cessação colectiva e voluntária de quaisquer actividades, remuneradas ou não, para protestar contra algo.
A palavra origina-se do francês grève, com o mesmo sentido, proveniente da Place de Grève, em Paris, na margem do Sena, outrora lugar de embarque e desembarque de navios. O termo grève significa originalmente "terreno plano composto de cascalho ou areia à margem do mar ou do rio".
Originalmente as greves não eram regulamentadas, e eram resolvidas quando vencia a parte mais forte. O trabalho ficava paralisado até que ocorresse uma das seguintes situações: ou os operários retornavam ao trabalho nas mesmas ou em piores condições, por temor ao desemprego ou o empresário atendia total ou parcialmente as reivindicações.»" publicado por CPaixaoCosta às 10:02 | ligação | comments
Friday, 08 June 2007
Pacheco Pereira sobre a Greve Geral http://abrupto.blogspot.com/2007/06/condenao-do-conflito-como-instrumento.html
Abrupto, 3 de Junho de 2007, 16:44
"O espectáculo pôde ser seguido em directo em várias televisões, com mais ou menos clareza e evidência quanto ao que se estava a passar e é um retrato dos dias de hoje. No dia da greve, o Governo, na figura de dois secretários de Estado mais ou menos obscuros, e a CGTP na figura do seu secretário-geral, Carvalho da Silva, fizeram em directo conferências de imprensa com o balanço da greve.

A primeira no tempo foi a do Governo e foi conduzida à vontade pelos secretários de Estado que fizeram declarações sobre o fracasso da greve, apresentaram o número governamental dos 13 vírgula qualquer coisa de grevistas e passaram o grosso do tempo a tirar "lições políticas" do que se tinha passado. Três quartos das declarações governamentais foram não factuais, mas político-propagandísticas. Mesmo assim não se ouviu uma mosca na sala, que devia estar cheia de jornalistas, atentos, veneradores e obrigados. Estava-se do lado do vencedor, da mó de cima, e ai dos vencidos!

Depois, a parafernália televisiva passou para a sede da CGTP, onde Carvalho da Silva começou a falar da greve, sector a sector, referindo sempre números e casos particulares, o hospital X não funcionou, tantas repartições estiveram fechadas, etc., etc. para fugir a dar um número global, que teria que ser forçosamente ou falso, ou revelador do fracasso da greve como "geral". Mas o que ele estava a dizer continha elementos informativos tanto mais relevantes quanto não tinham feito parte do noticiário desse dia de greve, como por exemplo o cancelamento dos voos nos aeroportos. Era óbvio que ele não queria dar um número genérico, mas também é verdade que o número do Governo é uma construção enganadora para os media. A greve podia ter tido só dez por cento de adesões nacionais e ter sido um sucesso retumbante, se, por exemplo, tivesse encerrado as grandes superfícies, tivesse impedido os sistemas de controlo do tráfego urbano de funcionar, ou apenas e só encerrado as televisões.

Mas o que então se assistiu foi uma cena que não me lembro de ter acontecido nestas conferências de imprensa para os noticiários em directo das oito: os jornalistas a meio da declaração inicial desataram a fazer-lhe uma pergunta: que número a CGTP tinha que servisse de contraponto aos 13 por cento do Governo. Carvalho da Silva pediu que esperassem enquanto continuava com a declaração, mas, de novo, num modo inédito e sem precedente, mostrando aliás a mais pura da má-criação, só se ouviam as perguntas dos jornalistas por cima da sua voz, como se estivéssemos perante uma turba a gritar a um criminoso. Foi uma cena lastimável que nenhum jornalista pode deixar de saber o que significa comunicacionalmente. Uma cena, e isso é que é preocupante, muito significativa dos dias de hoje. Estava-se no lado do vencido, da mó de baixo e, com os vencidos, nestes momentos aperta-se ainda mais o nó da garganta para os ver morrer em público.

Esta cena televisiva na sua explicitude mereceria ser colocada em linha, no YouTube talvez. Valia a pena que se pudesse ver o que se passou ,como ilustração do comportamento inqualificável dos jornalistas presentes.

[Nota: devo a José Carlos Santos a indicação que o vídeo está aqui. ]

A cena das conferências de imprensa foi apenas a face mais visível de mil e artigos condenatórios da greve, mil e uma nota em blogues satirizando a greve e os seus resultados. A maioria que escreve sobre as greves, esta ou outras, tem como atitude típica o desdém. Desdenhar que se use essa forma "arcaica", "antiquada", "comunista" de fazer greve, como se os sindicatos e o direito à greve não fossem uma das características centrais do funcionamento de uma sociedade democrática, um dos instrumentos de defesa de interesses dos trabalhadores. Sim, porque as greves não se fazem em nome do interesse geral, nem do "interesse nacional", não se fazem em nome de nenhuma dessas grandes palavras com que se pretende matar a conflitualidade social e que tão grande circulação têm na vida política portuguesa que adora o consenso e abomina o conflito.

Eu não estou de acordo com quase tudo o que a CGTP defende, sou a favor de muito mais do que a "flexisegurança", a solução de meias tintas em voga, em matéria de lei laboral, mas longe de mim ter desprezo por quem defende as suas ideias e os seus interesses, com as armas que a democracia lhes dá. A saúde da democracia inclui sindicatos fortes, trabalhadores sem medo de fazerem greve dentro da lei, como instrumento dos equilíbrios sociais necessários. Até porque, para muitos trabalhadores, é mesmo um dos poucos instrumentos que têm para se defenderem da indiferença social que os yuppies modernaços que estão à frente do PS revelam. Porque uma coisa são reformas e as suas dificuldades, outra é fazê-las pela lei do menor esforço, ou seja, pelo sacrifício dos mais fracos e dos mais afastados do poder.

Um dos aspectos desse desdém é uma espécie de proclamação universal do egoísmo dos outros, a quem se retira dignidade da intencionalidade dos seus gestos. Não lhes passa pela cabeça esta evidência tão simples: a greve é um dos raros momentos de protesto cívico, seja ela feita por comunistas, socialistas, sociais-democratas, ou gente que está sempre do contra e que custa alguma coisa a quem o faz. Não abundam casos na nossa vida cívica, tão egoísta e escassa, em que voluntariamente milhares de pessoas, os grevistas são pessoas, convém lembrar, prescindiram de um dia de salário para manifestarem uma posição, uma inquietação, qualquer coisa. Mesmo que se admita, e admito-o sem dificuldade, que há uma minoria de grevistas "obrigados" a fazerem greve por medo de ficarem mal vistos face aos seus companheiros de trabalho, em particular nos sectores onde a greve é mais "geral", a maioria faz greve voluntariamente, seja, insisto, por que motivo for, inclusive o de se ser comunista filiado.

Claro que os desdenhosos vão dizer que muitos dos que "fizeram" greve vão depois meter baixa ou apresentar qualquer justificação para não virem nas listas de grevistas e receberem o dia em que não trabalharam. Alguns o farão, uns porque precisam do dinheiro, outros porque estão habituados a este tipo de truques e querem ficar no melhor de dois mundos. Mas muitos fazem-no pela mesma razão que milhares de outros portugueses não fizeram greve: porque têm medo, medo de perderem o seu precário emprego, medo de serem colocados numa lista qualquer de excedentes, medo de serem mal classificados na função pública por um chefe que muito provavelmente é hoje da "cor" do Governo. Este medo explica por que razão a única sondagem realizada mostrava que a maioria dos portugueses apoiava a greve e tão poucos acabaram por a fazer.

Segundo uma sondagem do Diário de Notícias publicada no próprio dia da greve havia uma maioria a favor da greve: 44% dos portugueses concorda e 42% discordam. Os restantes, não têm opinião sobre o assunto. Embora a maioria fosse escassa, é certamente muito superior ao número de grevistas, o que aponta para uma legitimação da greve muito superior à adesão efectiva.

A CGTP tem obrigação de conhecer bem este medo e de saber que na história do movimento sindical raramente têm sucesso greves realizadas em clima de forte retracção social. Contrariamente ao que se possa pensar, as greves têm muito mais sucesso em períodos de vacas gordas do que magras. Em períodos em que o desemprego é uma ameaça real, os trabalhadores naturalmente agarram-se ao que têm e não mostram esperança no futuro.

Ao fim do dia, era evidente que a greve correra mal à CGTP, por mil e um motivos. Mas certamente nenhum desses motivos tinha a ver com o facto de a maioria dos trabalhadores que não fizeram greve acharem que o Governo tinha razão. Desse ponto de vista, a mentira dos secretários de Estado era muito maior do que a omissão de verdade do secretário-geral da CGTP.

(No Público de 2 de Junho de 2007)" publicado por CPaixaoCosta às 13:23 | ligação | comments
Tuesday, 30 January 2007
Apelo Este poste é dedicado a um amigo meu que eu pensava (erradamente) que defenderia o "sim" no próximo referendo sobre a despenalização do aborto mas que, pelo contrário, optou por defender o "não".
Publicado no blogue "Causa Nossa" com o título «Correio da Causa: "O Meu Voto"», assinado por um leitor identificado como Pedro M. citado por Vital Moreira.
http://causa-nossa.blogspot.com/2007/01/correio-da-causa-o-meu-voto.html
«Em 1998, apesar de não ter podido votar, enverguei t-shirts com letras garrafais apelando ao voto Não. Passaram 9 anos. Mudei de opinião. Dia 11 de Fevereiro votarei SIM.
O meu voto é um voto sem militância religiosa ou partidária. É um voto sem ideologias. É um voto sem certezas absolutas. Resulta da ponderação dos vários factores, tantas vezes antagónicos, que estão em jogo neste referendo.
O meu voto pretende responsabilizar as mulheres, dando-lhes a oportunidade de tomar um decisão livre e consciente. Abortar diz, fundamentalmente, respeito à mulher. Porque é a mulher que é acusada por esta lei feita por homens. Porque é a mulher que tem que se sujeitar à gravidez. Porque os homens não têm qualquer dever perante a gravidez. Porque os homens, muitas vezes, não querem saber.
O meu voto pretende acabar com a clandestinidade. Não vale a pena continuarmos a enfiar a cabeça na areia: quem quer abortar e tem dinheiro vai a Espanha. Quem não tem dinheiro vai à clandestinidade comprar uma complicação que lhe pode amputar definitivamente a capacidade reprodutiva ou mesmo a vida.
O meu voto é pela coerência. Quando abandonamos as populações à sua sorte, não apostando em verdadeiras políticas de Educação Sexual e Planeamento Familiar, não temos legitimidade para castigar a mulher. E, mesmo que possamos, em consciência, condenar o acto da mulher que abortou, o que é que resolve submeter as mulheres à humilhação pública de um julgamento? Porque é que é entre os apoiantes do Não que encontramos as maiores resistências à implementação da Educação Sexual nas escolas?
O meu voto pretende criar mais justiça social. Não é raro depararmo-nos com terríveis histórias de vida a que a lei actual é completamente insensível e que o Código Penal continua a penalizar. Devemos respeitar o sofrimento do outro como o sofrimento do outro. Não vale a pena dizermos "o que faríamos se...". É que o "se..." faz toda a diferença.
O meu voto é pela tolerância. Este é inegavelmente um assunto sensível que divide a sociedade portuguesa. Não há certezas absolutas. Votar SIM abre uma janela de esperança e liberdade para todos. Votar Não é a manutenção da imposição de uma visão que não é nada consensual na sociedade portuguesa.
Dia 11 de Fevereiro, votarei SIM. (...)» publicado por CPaixaoCosta às 09:53 | ligação | comments
Tuesday, 16 January 2007
Em defesa do sim Defendo claramente o Sim no próximo referendo de 11 de Fevereiro por todas as razões e quanto mais não seja por uma razão de simples bom senso. Aquilo que está em causa no referendo é simplesmente responder a esta pergunta: deverá o Estado punir quem decida abortar pela simples razão de que não pretenda levar adiante uma gravidez muitas vezes indesejada? Os problemas de conduta da mãe deverão passar para a esfera privada dos cidadãos, o Estado não se deve imiscuir, é simplesmente isso o que está sobre a mesa. Não me venham com problemas de consciência e com manipulações a reboque. Acabe-se de uma vez com uma lei que é injusta e hipócrita e que no fundo acaba por não ser cumprida (se não é cumprida para quê mantê-la?). Passo a transcrever na íntegra a defesa do Sim efectuada por um padre, calma, este padre (Mário de Oliveira de seu nome) é, como verão pelo transcrito, mais que renegado é desprezado pela hierarquia da igreja ao ponto de não se quererem sentar junto com ele no mesmo lugar físico. Aqui vai...
Intervenção numa conferência-debate sobre a lei de despenalização do aborto na Faculdade de Direito de Lisboa, e vinda a Portugal de Frances Kissling e Norma Corvey por Padre Mário de Oliveira
«Fui de propósito a Lisboa participar numa conferência-debate sobre a lei de despenalização do aborto que vai a referendo no dia 11 de Fevereiro de 2007. O convite veio de Estudantes da Faculdade de Direito de Lisboa, na Cidade Universitária. A sessão, invulgarmente concorrida, decorreu na tarde do dia 5, num dos seus anfiteatros, e prolongou-se por quase 4 horas ininterruptas! Nunca antes eu havia entrado naquela Faculdade. Foi por isso com alguma emoção que cruzei as suas portas e me vi no meio de tantos jovens, elas e eles. Na mesa, havia três defensores do “não”, dois professores da própria Faculdade de Direito e uma senhora que integra um daqueles grupos auto-designados de “defesa da vida” que se agitam muito, sempre que a despenalização do aborto aparece como uma possibilidade na sociedade portuguesa. Não podem ouvir falar em semelhante possibilidade. E batem-se contra ela e pela manutenção do /status quo/. Do lado do “sim”, éramos apenas dois. O meu companheiro é também professor naquela Faculdade de Direito. De todos os convidados que aceitaram participar no debate, só eu é que fui de longe, aqui de Macieira da Lixa, onde resido. Fui e vim de comboio, Caíde–Lisboa e Lisboa–Caíde. Quando me deitei, eram já 2 horas da madrugada do dia 6. Mas valeu a pena.»
«Ia a contar ter no debate, a defender o “não”, um colega meu, padre de Lisboa. Mas, segundo os promotores, quando ele soube que eu também tinha sido convidado e aceitara participar do lado do “sim” recusou-se a estar presente. O caso tem algo de insólito, mas é mais uma confirmação do que eu já sei há vários anos: que para a generalidade do clero católico eu sou um presbítero a evitar. Como os leprosos do tempo e do país de Jesus. Aos seus olhos, não passo de um “impuro” que os “puros” ou “não-impuros” devem cuidadosamente evitar. Nem sequer para me contraditarem, aceitam sentar-se comigo. A estratégia da instituição eclesiástica católica é essa. Evitar-me. Ignorar-me. Não me reconhecer, nem sequer para me denunciar ou desacreditar. É mais do que desprezo. É negação pura e simples. Recusam-se a admitir que eu existo. Detestam-me até esse ponto, o que prova que para além de ódio teológico há também ódio eclesiástico! Não são todos assim, felizmente. Eu sei por experiência directa. Mas a generalidade dos clérigos é assim. As poucas excepções só confirmam esta regra. Os que se têm na conta de representar a instituição eclesiástica aceitam com mais facilidade debater com pessoas de outras confissões do que com irmãos da mesma Igreja, quando estes se assumem como dissidentes dentro dela. Deveriam alegrar-se e acolher o desafio da dissidência na Igreja, mas não. Acham, erradamente, que dissentir na Igreja é dissentir da Igreja. E, na prática, excomungam com quem mais deveriam comungar. Ou esquecemos que as cristãs, os cristãos somos discípulos do dissidente dos dissidentes, Jesus, o de Nazaré?» «Ia a contar ter no debate, a defender o “não”, um colega meu, padre de Lisboa. Mas, segundo os promotores, quando ele soube que eu também tinha sido convidado e aceitara participar do lado do “sim” recusou-se a estar presente. O caso tem algo de insólito, mas é mais uma confirmação do que eu já sei há vários anos: que para a generalidade do clero católico eu sou um presbítero a evitar. Como os leprosos do tempo e do país de Jesus. Aos seus olhos, não passo de um “impuro” que os “puros” ou “não-impuros” devem cuidadosamente evitar. Nem sequer para me contraditarem, aceitam sentar-se comigo. A estratégia da instituição eclesiástica católica é essa. Evitar-me. Ignorar-me. Não me reconhecer, nem sequer para me denunciar ou desacreditar. É mais do que desprezo. É negação pura e simples. Recusam-se a admitir que eu existo. Detestam-me até esse ponto, o que prova que para além de ódio teológico há também ódio eclesiástico! Não são todos assim, felizmente. Eu sei por experiência directa. Mas a generalidade dos clérigos é assim. As poucas excepções só confirmam esta regra. Os que se têm na conta de representar a instituição eclesiástica aceitam com mais facilidade debater com pessoas de outras confissões do que com irmãos da mesma Igreja, quando estes se assumem como dissidentes dentro dela. Deveriam alegrar-se e acolher o desafio da dissidência na Igreja, mas não. Acham, erradamente,que dissentir na Igreja é dissentir da Igreja. E, na prática, excomungam com quem mais deveriam comungar. Ou esquecemos que as cristãs, os cristãos somos discípulos do dissente dos dissidentes, Jesus, o de Nazaré?»
«Entre os muitos jovens presentes, no espaçoso anfiteatro, deu para perceber que havia uns três diferentes, todos juntos, com o ar de candidatos ao presbiterado na Igreja, porventura, integrados numa congregação religiosa masculina. O modo de vestir, idêntico, e toda a postura dos seus corpos era inconfundível. Pois bem, quando, numa primeira ronda, a palavra me foi dada, logo a seguir a dois outros intervenientes, um do “não” e outro do “sim”, logo aqueles três jovens se ergueram das suas cadeiras e abandonaram a sala, com todo o ar de quem o fazia para não ter de me escutar. Não sei se frequentam aquela Faculdade, ou se vieram propositadamente da Universidade Católica para assistir àquela sessão. Ainda os olhei com afeição, como quem lhes dizia “Fiquem! Não se vão já embora!”, mas não resultou. Foram-se, de semblante fechado, a fazer­?me lembrar aquele homem rico dos Evangelhos Sinópticos, a quem Jesus convidou a vender todos os seus bens e a dá-los aos pobres, para depois o seguir e à sua Causa do Reino/Reinado de Deus, mas sem resultado. E fiquei preocupado por eles. Porque se as suas fronteiras se limitam às eclesiásticas, em lugar de coincidirem com as do Reino/Reinado de Deus, onde padres dissidentes na Igreja como eu também têm lugar, temo pelo seu futuro. Como poderão vir a ser arautos do Evangelho de Deus, revelado na prática libertadora e dissidente de Jesus?»
«O debate causou-me bastante sofrimento. O discurso dos defensores do “não” parece passado a papel químico. Apresentam-se como os “puros”, os “defensores da vida”, os únicos que salvaguardam os princípios da “moral”. No caso concreto deste debate, com uma agravante: Como os que se revelaram mais “falantes” são docentes na Faculdade de Direito de Lisboa, onde decorreu o debate, os seus discursos facilmente resvalavam para o que eu mais temo em pessoas especializadas em leis e não em relação humana, em afecto, em misericórdia. Os seus discursos fizeram-me lembrar os dos fariseus do tempo e país de Jesus. As suas posturas, em relação às mulheres que na sua consciência decidem abortar, foram típicas, neste debate, de quem estava ali com as mãos cheias de pedras para lhes atirar. Nenhuma sensibilidade, nenhuma ternura, nenhuma compreensão, puro dogmatismo, puro moralismo, puro legalismo. Quase chorei de dor, perante tamanha crueldade. E pude entender melhor toda a cólera de Jesus perante os fariseus e os seus sucessivos “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas”. E não resisti a deixar aos jovens estudantes de direito lá presentes o alerta de Jesus, de que a lei é para o ser humano, não o ser humano para a lei. Ou eles assumem, vida profissional fora, que a lei maior é o ser humano de carne e osso e as suas circunstâncias concretas, ou poderão vir a ser eficientes carrascos ao serviço do Poder, da Ordem, da Lei, do Dinheiro.» «Deu para perceber, logo de entrada, que a minha presença, como padre católico, do lado do “sim” incomodou vivamente os do lado do “não”. Nem que eu não tivesse falado, só a minha presença no debate os perturbou. E terá contribuído para as intervenções dos defensores do “não” serem ainda mais contundentes, a roçar pelo cinismo. Foi por isso que sofri. Porque não há nada que mais me faça sofrer do que o cinismo, a crueldade, o desprezo, a insensibilidade perante as vítimas. A determinada altura, cheguei a dizer, perante o que me era dado ouvir dos do lado do “não” que para eles as mulheres que em consciência decidem abortar não existem como pessoas, sujeitos de direitos e de deveres, são apenas coisas, barrigas de aluguer, objectos que os machos irresponsavelmente engravidam e, depois, ainda lhes exigem que levem a gravidez deles ao fim, sob pena de irem para a cadeia, se se recusarem a fazer-lhes a vontade, expressa em leis que eles escreveram e aprovaram, e em julgamentos a que eles presidem e onde dão as sentenças! Tudo fizeram, com visível diplomacia, para que eu me amedrontasse e me atrapalhasse. Em vão. Felizmente, em ambientes deste género, sempre me apresento e estou como um menino e, quanto mais me tentam humilhar e desacreditar, mais humanamente atrevido eu me torno. Armado apenas com a couraça da verdade, da humanidade, do bom senso, da ternura. Não é também por aqui que vai Jesus, o dos Evangelhos? E não sou eu um discípulo de Jesus? No final, houve jovens que se me dirigiram com muito afecto e gratidão. Haviam-se revisto nas minhas palavras e na minha postura. Nunca mais esquecerão este debate. Quem sabe se ele não vai marcar positivamente as suas vidas profissionais amanhã?»
«Na impossibilidade de reproduzir tudo o que disse no debate, partilho aqui a comunicação inicial que escrevi durante a viagem no comboio, rumo à Faculdade de Direito de Lisboa. Eis.»
«Tal como todos os bispos católicos portugueses, também eu, presbítero da Igreja do Porto, sou contra o aborto. Acho que todas, todos os que estamos aqui neste debate também somos. É uma posição que todo o ser humano em seu juízo subscreve. Não é preciso ser crente católico ou ateu. Basta ser mulher, homem.» «Mas os bispos católicos em bloco – pelo menos, é esta a imagem que fazem passar para a comunicação social, quando se reúnem em Fátima – são contra a lei de despenalização do aborto (IVG); e eu sou a favor da lei. É aqui que divergimos. Muito legitimamente, aliás. É a lei que nos coloca em campos opostos. É claro que no campo dos princípios, eu poderia estar com os bispos católicos. Mas não é isso que está em jogo no Referendo do dia 11 de Fevereiro de 2007. O que está em jogo é se uma mulher, a seu pedido, pode interromper uma gravidez que, no entender da sua consciência, não deve ir em frente; se, em caso da mesma mulher avançar, pode recorrer aos hospitais públicos para abortar em condições de segurança e sem riscos maiores para a sua saúde, e assim ficar em condições de poder protagonizar novas gravidezes desejadas e achadas oportunas por ela e seu companheiro; e se, depois de tudo isto, essa mesma mulher não tem de ser presa, levada a tribunal e condenada a vários anos de cadeia.»
«A lei que vai a referendo pretende abrir esta possibilidade, sobretudo, às mulheres pobres e mais oprimidas, de quotidianos muito difíceis, porque as outras mulheres, de nível social e cultural superior, não precisam que se lhes abra esta possibilidade. Quando decidirem abortar, mesmo que votem “não” no Referendo, sabem muito bem onde há clínicas privadas e vão por elas, como quem dá um passeio à nossa vizinha Espanha.»
«A lei que vai a referendo pretende abrir esta possibilidade às mulheres. Não impõe a nenhuma mulher grávida o aborto! Pretende apenas dar às mulheres grávidas que em consciência decidiram abortar, esta possibilidade de escolha e de prática. Para que as mulheres que decidiram abortar não fiquem condenadas a ter de o fazer na clandestinidade, às mãos duma habilidosa abortadeira, em condições de vergonha e de desumanidade; ou, em alternativa, não tenham de recorrer a clínicas privadas interessadas exclusivamente nos lucros, geralmente chorudos, que arrancam às mulheres que, em aflição, as procuram. À semelhança do que também hoje fazem certas Igrejas recém-fundadas que invadiram o nosso país e que mais não são do que máquinas de fazer dinheiro à custa da dor humana dos mais desvalidos e desamparados da sociedade.»
«Por mim, não quero que uma mulher que em consciência decidiu abortar tenha, como única saída, o aborto clandestino, feito em condições traumáticas que podem tornar infecunda para o resto da vida aquela que o faz, tantas vezes, ainda jovem, ou mesmo adolescente, e que, por razões as mais diversas, engravidou contra a sua vontade. Nem que a razão mais forte tenha sido a irresponsabilidade ou a leviandade ocasionais. Numa sociedade humana, não apenas animal, quero que a mulher embaraçada com uma gravidez não programada e não projectada tenha outra porta aonde bater e que essa porta sejam os estabelecimentos de saúde pública. A lei que vai a referendo é isso que proporciona às mulheres grávidas que em consciência decidam abortar, no período máximo das primeiras dez semanas. Por isso é bem-vinda. Já deveria ter sido aprovada há muitos anos.»
«Eu sei que há muitas outras questões em jogo, mas também sei que há muita hipocrisia que se esconde por trás dessas outras muitas questões. Não me perco nessa floresta de questões. Prefiro a simplicidade da verdade, o sim-sim/não-não que recomenda o Evangelho. Prefiro ir directo ao assunto. Acho que é mais pastoral e mais evangélico.» «Os bispos católicos portugueses, infelizmente, não vêem assim. E escondem-se por trás do que eufemisticamente chamam “defesa da vida”. Mas quem defende mais a vida, no caso concreto duma mulher que decidiu na sua consciência abortar? O que a atira para o aborto clandestino e para a prisão, ou o que lhe abre a porta do hospital público, em ambiente de humanidade, de afecto, de diálogo e de menos traumas? Nesta última via, a mulher não fica em melhores condições de saúde para poder programar uma nova gravidez desejada e levá-la ao fim? Aliás, conceber entre seres humanos, não há-de ser diferente, não tem de ser diferente de conceber entre animais? Ou um acto de tamanha importância, como é gerar uma filha, um filho, não exige mais, muito mais do que o simplismo irresponsável de um “aconteceu e agora há que aguentar?”»
«É hipocrisia ignorar esta realidade e, em alternativa, defender que se deve investir tudo na prevenção, em lugar de ir a correr aprovar a lei de despenalização do aborto. O que eu defendo é: aposte-se tudo na prevenção, mas, enquanto continuar a haver mulheres que abortem às mãos de habilidosas abortadeiras, aprove-se a lei de despenalização e abram-se os hospitais públicos a estas mulheres de carne e osso e de vidas difíceis, como alternativa às abortadeiras e à clandestinidade.»
«Não coloquemos as coisas em disjuntiva, ou/ou, mas em copulativa, e/e; não, prevenção ou lei de despenalização, mas, prevenção e lei de despenalização, pelo menos enquanto esta for necessária como mal menor.»
«Acho que esta minha posição prática/pastoral está muito mais conforme ao Evangelho de Deus que Jesus, o de Nazaré, nos deu a conhecer mediante a sua prática cheia de misericórdia contra a insensibilidade/crueldade dos fariseus que, em nome da pureza legal, mantinham as pessoas, sobretudo, as mulheres na opressão e na menoridade e na impossibilidade de escolherem em consciência.» «Antes de concluir, tenho que dizer aqui, no contexto deste debate sobre a lei de despenalização do aborto, e dizê-lo sem que a voz me trema, que cruel é o Direito Canónico da Igreja católica que condena com pena de excomunhão as mulheres que abortam; e já não condenaria com essa mesma pena as mulheres que, só para não serem excomungadas, decidissem levar a gravidez ao fim e depois matassem o bebé recém-nascido. Espantam-se? Mas é assim a crueldade do Código de Direito Canónico! Mas eu pergunto mais: E porque é que só o aborto tem pena de excomunhão e não todo e qualquer homicídio voluntário, as guerras e os ditadores? Não é porque só as mulheres podem escolher e decidir abortar, não os homens?»
«Digo mais: Insensíveis são os bispos católicos, para não dizer cruéis, que não querem que as mulheres sejam sujeito de direitos e de deveres, também em relação ao seu corpo e à sua sexualidade e para decidirem em consciência se hão-de abortar ou não. Querem-nas eternamente menores, súbditas, tuteladas, primeiro aos pais, depois aos maridos e, durante toda a vida, aos párocos, aos bispos e ao papa!»
«Insensíveis são os bispos católicos, e muito pouco humanos, porque não são capazes de se alegrar com a emergência e a crescente afirmação da sociedade civil, feita de mulheres e homens em radical igualdade, que hoje já se revela capaz de legislar em matérias até há pouco reservadas a eles e ao papa de Roma. Por mim, alegro-me com estes avanços e acho que eles dão glória a Deus, o de Jesus, que nos quer cada vez mais adultos e responsáveis, capazes de decidir em consciência.»
«Vão, pois, por mim. E no dia 11 de Fevereiro de 2007, reconheçam às mulheres o direito a escolherem em consciência se hão-de levar a gravidez ao fim ou se hão-de interrompê-la no ambiente humano e afectivo de um hospital público.»
«Finalmente, à Igreja católica que também sou, nomeadamente, à sua hierarquia, peço que não se intrometa na consciência das mulheres, nem dos homens. Pelo contrário, ajude sem sectarismos e sem moralismos farisaicos a formar consciências humanas responsáveis. E o resto virá por acréscimo. Aliás, o que não for assim é pecado!»
«Ainda a lei de despenalização do aborto. Nestes dias, estiveram em Portugal duas mulheres de fala inglesa. Frances Kissling e Norma Corvey.»
«O referendo à lei trouxe-as ao nosso país, a convite de organizações cívicas que defendem o SIM e o NÃO. Não pude estar presente em nenhum dos encontros em que elas estiveram como activistas, respectivamente a favor do SIM e do NÃO. Limitei-me a acompanhar pelos jornais. E devo testemunhar aqui que houve mais sacramento de Deus nas posições e nos argumentos da activista a favor do SIM à lei de despenalização do aborto do que na activista a favor do NÃO. Esta, pelos vistos, já foi activista do SIM e terá contribuído decisivamente há 30 anos atrás para fazer aprovar a lei de despenalização nos Estados Unidos. Converteu-se mais tarde ao catolicismo romano. E, pelos vistos, perdeu humanidade, entranhas de humanidade. Tornou-se dura. Cínica. E cega. Não vê que agora a utilizam e manipulam confrangedoramente. Tão pouco vê toda a hipocrisia que se esconde por baixo do discurso cheio de moralismo e vazio de misericórdia dos frenéticos e nervosos militantes do NÃO. Hoje, ela própria mais parece um farrapo humano da mulher que foi. O catolicismo romano (não confundir com catolicismo/Cristianismo de Jesus) tem o triste condão de tornar as almas mais pequenas. Aliás, todas as ditaduras, também as religiosas e eclesiásticas, são assim. Como são incapazes de promover a consciência e a liberdade/responsabilidade das pessoas, no caso em questão, das mulheres que engravidam e dos respectivos companheiros, querem a toda a força que não seja aprovada uma lei como a lei de despenalização do aborto. No entender dessa gente com alma de fariseu, a aprovação da lei criará uma situação de rebaldaria!... E os abortos passarão a ser feitos com a frequência e o à vontade de quem entra num café depois do almoço! Não são capazes de entender, estes católicos, elas e eles, que a lei, se for aprovada no referendo, passará a estar aí, sim senhor, mas só recorrerá a ela quem, sem ela, não deixaria de recorrer ao aborto clandestino, realizado nas condições inumanas que se conhecem. Porque todas as mulheres, felizmente, a esmagadora maioria, a quem a prática do aborto nunca se lhes coloca, nem sequer como hipótese, continuarão a comportar-se nas suas gravidezes com a mesma dignidade de antes, como se a lei não existisse. Pobre Norma Corvey, minha irmã, o que estão a fazer de ti os meus irmãos católicos do NÃO. Na sua militância moralista contra a lei de despenalização do aborto, já fizeram abortar/secar em ti as entranhas de humanidade. Oxalá voltes a reencontrar-te com a Liberdade que é irmã da Misericórdia.» publicado por CPaixaoCosta às 11:56 | ligação | comments
Sunday, 05 November 2006
E você, é um submisso?
Nasceu numa aldeia da Andaluzia. Tem 72 anos. É catedrático de Comunicação Audiovisual, jubilado em 2005, da Universidade de Sevilha. Doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Complutense de Madrid e doutorado cum laude pela Universidade de Munster. Foi investigador e professor na Alemanha, França, EUA, Canadá e Brasil.
Foi autor de 13 livros, escreveu outros nove em co-autoria. Traduziu Kant, Brecht, Marx e Schopenhauer. A Formação da Mentalidade Submissa é o seu primeiro livro editado em Portugal.
O seu nome é Vicente Romano.
Entrevista de Miguel Carvalho para a revista Visão nº 713 de 2 a 8 de Novembro de 2006.
«Duas apresentações do seu livro A Formação da Mentalidade Submissa (Deriva Editores), no Porto e Lisboa, e um rápido regresso a Madrid, tudo em menos de dois dias. Bem-humorado, irónico, com uma disponibilidade física e mental surpreendente para a idade, Vicente Romano conversou com a Visão entre o check-in da viagem de regresso à capital espanhola e o embarque.
Um discurso provocador, contra a corrente, no qual este catedrático defende que só o conhecimento, a dúvida e a interrogação podem salvar-nos... da selva.
MC: Como é que as sociedades constroem uma mentalidade submissa?
VR: Começa em casa e na escola, mas são os media que mais «educam»: dizem-nos o que é bom e o que é mau, quem é bom e quem é mau. Através da violência simbólica ou psicológica inculcam esses significados. Outro factor determinante na formação de opinião é o entretenimento. A escola devia ensinar as crianças a ver televisão, a ler jornais e a ouvir rádio porque, se passam mais tempo a ver televisão, a escola deveria, pelo menos, proporcionar-lhes formação crítica e uma reflexão sobre a forma como são manipuladas. Só a acção e a experiência levam ao verdadeiro conhecimento. O receio de perguntar é um resultado da domesticação.
MC: Estamos a ser voluntariamente estupidificados?
VR: Voluntariamente, não diria. Os poderosos, que são poucos, é que possuem os meios para formar ou deformar opiniões. Alguns são mesmo donos das editoras que publicam os livros que se usam na escola. Só a Internet ajudou a democratizar um pouco as coisas...
MC: Mais informação não é melhor informação...
VR: Sim, o acesso a demasiada informação também desinforma. Mas a Internet permite aceder a outra informação, diferente. E com sucesso. O diário electrónico Rebelion, por exemplo, dá uma informação alternativa à dos grandes meios de comunicação social. E tem mais visitas mensais do que a página de El País. Mas a liberdade de expressão é um mito. Só existirá quando todos tiverem a mesma liberdade de acesso aos media.
MC: Diz que as sociedades democráticas e livres também são um mito. Porquê?
VR: Qual foi o momento histórico em que o poder caíu nas mãos da maioria? E onde, já agora? A democracia só será possível quando as pessoas participarem a todos os níveis. A democracia acaba quando cruzas a porta e entras na fábrica ou na empresa. Aí, manda quem pode. Os poderosos, de resto, exigem confiança e fé dos cidadãos, premissas para que um sistema de enriquecimento funcione. É mais fácil enganar uma pessoa que confia do que outra que pensa por si própria e duvida.
MC: Qual é o papel do Estado nos dias de hoje?
VR: Na Europa, manda isso a que se chama Comissão Europeia. A mundialização foi feita para as empresas. Os Estados limitam-se a privatizar o que é público, a abrir fronteiras e a fazer leis em benefício dos grandes empresários. O Estado é apenas mediador entre os povos e os poderosos, em favor destes últimos. Depois, faz-se um uso perverso das palavras. Isso a que de forma eufemística e cruel se chama «competitividade» e «flexibilização» são, na verdade, maneiras de despedir de forma barata e ter maiores lucros. O Estado só tem autonomia enquanto dispositivo de protecção dos ricos. Protege os poderosos face à esmagadora massa de deserdados e impede que os ricos as provoquem a tal ponto que estas se revoltem. É por isso que, às vezes, o Estado ataca alguns ricos. Mas fá-lo no melhor interesse dos ricos em geral.
MC: Diz que as leis e a política fiscal são, sobretudo, instrumentos de domínio sobre a população...
VR: E de coacção. Praticamente ninguém, a menos que seja rico, consegue compreender as leis e a política fiscal, dois dos instrumentos mais importantes para dominar os seres humanos. Veja a precariedade no trabalho, por exemplo: fala-se da necessidade de mais segurança, mas apenas no contexto policial e militar. A segurança no trabalho já não interessa. Não é tudo segurança? Nas nossas sociedades, só a riqueza está devidamente protegida. Com a colaboração do Estado.
MC: Dizem-nos frequentemente que os salários têm de se manter baixos para a economia funcionar...
VR: Melhor era não existirem assalariados, assim os lucros eram maiores! [risos] Na produção de mercadorias entram sempre outros custos, quase três vezes mais elevados do que os salários. Estes aumentaram, mas não são comparáveis com os rendimentos do capital. Ou seja, os lucros sobem mais depressa do que os salários. A economia cresce, produzem-se mais mercadorias, a parte do salário no custo delas baixa, mas mesmo assim os preços continuam a subir. Em que ficamos? Na verdade, o que os teóricos da economia e os fabricantes de opinião «designam» por lucros poderia reverter a favor dos cidadãos. Em quê? Em menos horas de trabalho, bens de consumo mais úteis, casas mais confortáveis, meio ambiente mais saudável e diversões mais agradáveis.
MC: Em que circunstâncias começa a submissão?
VR: Quando deixamos de questionar tudo o que se passa e aceitamos como válidos os valores que nos impõem. Os valores estão ordenados hierarquicamente, de cima para baixo. Isso é contraditório com a própria sociedade, pois a realidade está organizada de forma horizontal. Não há povos que caminhem uns por cima dos outros, não há povos superiores e inferiores. O papel dos meios de comunicação deveria ser o de ampliar a horizontalidade e reduzir a coacção física e psicógica. O jornalista deveria ser ampliador de consciências e não o contrário.
MC: Enquanto cidadãos, de que forma poderemos estar a tornar-nos repressores de outros cidadãos?
VR: Os trabalhadores espanhóis já são hostis para com os africanos, os que ficam com os trabalhos mais precários que eles não querem. Ora, isto só é bom para quem precisa de mão-de-obra barata. Ou seja, os espanhóis estão a tornar-se repressores de quem procura trabalho fora do seu país. O que é curioso, pois os espanhóis emigraram para a Alemanha, a França e para o outro lado do Atlântico até há pouco tempo.
MC: Escreve que a desorientação e a ignorância são, sobretudo, promovidas pelos media...
VR: Sim, claro! A quem interessa? Manter a ignorância significa manter as pessoas submissas. Um cidadão culto, pelo contrário, faz por conhecer o meio que o rodeia e tenta não ser vítima dele. Vivi nos EUA e a população mais submissa que conheço é a norte-americana. É o povo mais ignorante do mundo, mesmo estando informado.
MC: Diz que as pessoas mais submissas e humildes dão aos filhos nomes de reis, princesas e gente famosa...
VR: Até há pouco tempo havia em Espanha a moda de dar aos filhos nomes como Fabíola, Soraya, Sofia e Cristina, numa tentativa de identificação com os poderosos. Pensam que através do nome, pelo menos, os seus filhos podem alcançar aquilo que as revistas do coração promovem: a vida fabulosa dos reis, dos príncipes, dos artistas. De quem se diz que, afinal, também choram como o comum dos mortais [risos]...
MC: Mas isso origina outros problemas: vidas sentimentais estereotipadas, por exemplo...
VR: Claro! E incrementa a passividade. O objectivo desse tipo de revistas e conteúdos é relatar a vida dos outros para que não se pense na própria, pois no dia em que me puser a pensar na minha situação posso tornar-me um problema para quem manda. Se verificar que, afinal, a minha vida não tem nada de principesca, tentarei mudá-la, não? Manter as pessoas simples, pobres, preocupadas com as histórias de famosos, garante cidadãos anestesiados, passivos. É essa a função do entretenimento.
MC: Formatar cidadãos?
VR: Também. Não se diz que já somos todos europeus? [risos]. Mais uma mentira. Somos todos europeus, mas há europeus ricos, pobres, sem trabalho e por aí adiante. Os media mostram-nos até à exaustão as imagens de crianças pobres de outros continentes para que, na nossa mente, fique a ideia de que não estamos mal. Afinal, os nossos filhos vão à escola, comem, não é? A mensagem subterrânea é: «Não te mexas, não reclames, sê obediente e humilde. Vê lá se queres que te aconteça o mesmo...»
MC: E os intelectuais? Não deveriam estar a iluminar-nos o caminho, pelo menos?
VR: A maioria dos intelectuais vive bem, mas à custa de se venderem, de não questionarem o sistema. Se o fizeres, és considerado dissidente, marginal, alguém que não está de acordo com as regras do jogo.
MC: Ou seja, a inteligência não protege da idiotice?
VR: Não, pelo contrário. É aliada da idiotice [risos].
MC: O que se pretende quando nos familiarizam em demasia com a violência?
VR: O efeito mais nefasto é habituar o cidadão à ideia de que a vida está cheia de violência. É exactamente o contrário: a paz, a colaboração é que é o normal. As pessoas querem paz, conviver, trabalhar, e não andar aos tiros. Mas habituamo-las à ideia de que os problemas se resolvem de forma violenta, invadindo, guerreando. A violência gera sempre mais desumanidade. É a selva.
MC: O que distingue direita e esquerda nos nossos dias?
VR: O que é a esquerda, onde está? Em Espanha, temos um Governo que se diz de esquerda, mas os bancos nunca ganharam tanto dinheiro. Para maior sarcasmo, o PSOE ainda se chama socialista e dos trabalhadores! Não há esquerda propriamente dita. Mesmo os antigos partidos comunistas já não são influentes. A direita, por seu lado, sabotou com frequência a cidadania e a participação com o argumento de que isso deve obedecer a restrições.
MC: No seu livro diz que vê alguns sinais de esperança em alguns processos na América Latina...
VR: Sim, mas cuidado: na Europa temos uma tradição tão enraizada de conservadorismo que habitualmente projectamos as utopias fora daqui. E a distância idealiza. Uma coisa é certa: os ideais da Revolução Francesa foram adoptados na América Latina, onde as colónias lutaram pela sua independência. Digo apenas que há experiências às quais vale a pena estar atento, nomeadamente na Venezuela, Bolívia, entre os movimentos indígenas, etc. Ensinar populações a ler, a escrever e a tomar o futuro nas suas mãos são sempre passos positivos.
MC: Numa conferência, há dias, disse que pouco mais de 200 famílias ganham com a violência e as guerras...
VR: Duvida? Pense apenas na actual máfia que rege os destinos dos EUA, veja quem tem interesses na reconstrução - ou destruição, já nem sei - do Iraque, onde não funciona sequer uma terceira parte das escolas. Mas há pior: quando o furacão Katrina devastou Nova Orleães, as televisões mostraram durante dias os cadáveres boiando nas ruas. Sabe porquê? Ninguém podia recolher os mortos porque quem estava autorizado a fazê-lo era uma funerária com ligações à família Bush. É um extremo de crueldade.
MC: O que é o pensamento mágico de que fala no livro?
VR: É um pensamento acrítico, estereotipado, dócil. Surge quando o conhecimento não analisa, não interroga e tenta simplificar o que é complexo. Por isso, há tantos a recorrer a seitas religiosas e ao esoterismo, como solução fácil para os problemas.
MC: Que devemos fazer então para sermos um pouco mais livres, menos submissos?
VR: Ampliar conhecimentos sobre o meio e a sociedade em que vivemos. Descobrir como funciona. O conhecimento é sempre activo. E exige esforço. Depois, então, sim, tentar transformar a sociedade em nosso benefício e não de uns poucos que continuam a chupar o sangue à humanidade. Se executarmos acções sem conhecer as suas causas, condições ou efeitos, passamos a ser causa, condição e efeito das acções de outros.»
Na mouche e em cheio. Completamente. publicado por CPaixaoCosta às 00:32 | ligação | comments
Monday, 15 May 2006
Sobre Portugal e os portugueses I Retirado de uma entrevista a António Hespanha, historiador e investigador, publicado na edição de Domingo do Público (14 de Maio de 2006) conduzida por Alexandra Lucas Coelho.
(...)
Portanto, Alcácer Quibir não marca o início de um sentimento de "naufrágio".
Nem hoje a maior parte dos portugueses sabe o que é Alcácer Quibir. E se recuar na História, muitíssimo menos! Há a célebre história do rei D. Luís, que fazia oceanografia. Saiu com o seu iate, encontrou uns pescadores no mar da Póvoa de Varzim e perguntou-lhes: "Então vossemecês são portugueses ou espanhóis?", e eloes responderam: "Não sabemos meu senhor, nós somos da Póvoa do Varzim."
Presumirmos que os portugueses andavam com Alcácer Quibir, o D. Sebastião, etc., na cabeça é uma ilusão. São quase sempre tradições cultas, eruditas. Não populares.
(...)
Politicamente [o que determina os Descobrimentos] é isso, o vizinho que estava do outro lado, sendo o mar o lado misterioso, mas aberto. Ao nível dos pescadores, metiam-se nos seus barquitos, iam até ali adiante, mais um bocado, vender mais umas coisas, pescar mais longe, depois até ao Norte de África, depois descendo para ver o que havia para lá daquele cabo, etc., etc.
(...)
"Houve um tempo em que fomos ousados, tivemos coragem, e hoje não..." É comum esta ideia. Mas, olhando para as condicionantes dos Descobrimentos, esse momento não tem que correspondera uma ousadia última do espírito do povo.
Não. Ousados somos nós várias vezes, até muito depois disso. Aquela gente [dos Descobrimentos] foi ousada, claro, aquilo era arriscado. Mas ousados foram os emigrantes portugueses dos anos 60, que saíam daqui para Paris, sem saberem uma palavra de francês, iam a salto. E logo a seguir ia a família, os vizinhos! Conheci um emigrante que estava há dez anos na Alemanha, já não trabalhava, era um velhote que tinha ido com os filhos, não sabia uma palavra de alemão, ia aos supermercados, via os preços, via as coisas... Isto é que é uma ousadia brutal! Uma ousadia de milhares e milhares, de certeza absoluta envolvendo mais gente do que no período áureo dos Descobrimentos.
Qual é a diferença entre estas duas ousadias? Uma deu visibilidade, do ponto de vista mundial, trouxe riqueza e fama. Ficou como uma marca do génio da raça. A outra trouxe também riqueza, mas aos bocadinhos, repartida pelos pobres.

publicado por CPaixaoCosta às 04:37 | ligação | comments
Thursday, 20 April 2006
Carta de um soldado americano Recuperar a Minha Dignidade
Quinta-feira, 17 de Fevereiro de 2005
Fui destacado para o Iraque em Abril de 2003 e regressei a casa para uma licença de duas semanas em Outubro. Voltar a casa deu-me a oportunidade de pôr as minhas ideias em dia e escutar o que a minha consciência tinha para me dizer. As pessoas perguntavam-me acerca das minhas experiências de guerra e responder-lhes levou-me de volta a todos os horrores-o combate aos incêndios, as emboscadas, a ocasião em que vi um jovem iraquiano ser arrastado pelos seus ombros através de uma poça do seu próprio sangue ou um homem inocente ser decapitado pelo fogo da nossa metralhadora. O momento em que vi um soldado ficar arrasado por dentro porque tinha morto uma criança ou um velho, de joelhos, chorando com os seus braços levantados para o céu, talvez perguntando a Deus porque é que tínhamos levado o corpo sem vida do seu filho.
Pensei no sofrimento de um povo cujo país está em ruínas e que foram ainda mais humilhados por incursões, patrulhas e recolhimentos obrigatórios de um exército ocupante.
E compreendi que nenhuma das razões que nos disseram sobre porque é que íamos para o Iraque se tinha revelado verdadeira. Não havia armas de destruição maciça. Não havia ligação entre Saddam Hussein e a Al Qaeda. Não estávamos a ajudar o povo iraquiano e o povo iraquiano não nos queria lá. Não estávamos a evitar o terrorismo ou a conseguir que os americanos ficassem seguros. Não consegui encontrar uma única boa razão para ter lá estado, para ter alvejado pessoas e ter sido alvejado.
Regressar a casa deu-me a clareza para ver a linha entre o dever militar e a obrigação moral. Compreendi que fazia parte de uma guerra que julgava imoral e criminosa, uma guerra de agressão, uma guerra pelo domínio imperial. Compreendi que agir de acordo com os meus princípios tornava-se incompatível com o meu papel no exército e decidi que não podia voltar ao Iraque.
Ao pousar a minha arma, escolhi refirmar-me a mim próprio como um ser humano. Não desertei do exército ou fui desleal aos homens e mulheres nas forças armadas. Não fui desleal a um país. Apenas fui leal aos meus princípios.
Quando me entreguei, com todos os meus medos e dúvidas, não o fiz apenas por mim. Fi-lo pelo povo do Iraque, mesmo pelos que dispararam sobre mim-estavam do outro lado num campo de batalha em que a própria guerra é o único inimigo. Fi-lo pelas crianças iraquianas, que são vítimas de minas e de urânio enriquecido. Fi-lo pelos milhares de civis desconhecidos mortos na guerra. O meu tempo na prisão é um preço pequeno comparado com o preço que iraquianos e americanos pagaram com as suas vidas. O meu é um preço pequeno comparado com o preço que a Humanidade pagou pela guerra. publicado por CPaixaoCosta às 00:31 | ligação | comments
Thursday, 02 February 2006
Recomeço - 2006 De volta, talvez modificando um pouco o que tem sido este blogue até aqui. Vai ter mais material próprio. E vai deixar de se concentrar tanto em temas de política imediata, embora não exclua de todo essa vertente. O alinhamento em termos políticos, já sabem qual é, quem tenha lido anteriormente aquilo que escrevi nota que há um alinhamento com posições de esquerda embora mantendo um pouco a independência em termos de forças políticas.
publicado por CPaixaoCosta às 08:26 | ligação | comments
Thursday, 24 November 2005
O uso do social Comentários acerca de uma colunável que agora também faz colunas, de partir o côco a rir, é só lerem. O autor dos comentários é o Nuno Markl. "15/11/2005: DE GUTENBERG A PIMPINHA
Por Nuno Markl
Johannes Gensfleisch Zur Laden Zum Gutenberg. Nascido em 1398. Presume-se que tenha falecido a 3 de Fevereiro de 1468. Um operário metalúrgico e inventor alemão, a quem se deve, na década de 1440, a invenção da imprensa. O poder da criação de Gutenberg seria demonstrado em 1455, ano em que o inventor editaria a famosa Bíblia em dois volumes.
Sim, a Bíblia de Gutenberg tornou-se num marco notável na História das palavras impressas. Até ao passado fim-de-semana.
No passado fim-de-semana, o semanário português O INDEPENDENTE publicou, discretamente, no seu suplemento VIDA, uma coluna de opinião da autoria de Catarina Jardim. Quem é Catarina Jardim? Nada mais, nada menos do que a popular Pimpinha Jardim. Que fica desde já a ganhar a Gutenberg neste ponto - Gutenberg não tinha nenhum nome de mimo. Ele era capaz de gostar de ter um nome de mimo - não deve ser fácil ser Johannes Gensfleisch ZurLaden Zum Gutenberg - mas creio que ainda não era muito comum, na Alemanha do século XV, atribuirem-se nomes de mimo. Muita sorte se alguma das namoradas lhe chamou alguma vez JOGU, o único diminutivo aceitável de Johannes Gutenberg. E mesmo assim não é muito aceitável, porque soa demasiado próximo a iogurte, e isso é uma indústria completamente diferente daquela na qual Gutenberg se movia.
Voltemos então a Catarina Jardim e à sua coluna no jornal. O título do artigo é TODOS A BORDO, e trata-se - como o nome indica - de um relato detalhado sobre um cruzeiro a África que a jovem fez.
Ela diz, no início "O cruzeiro a África foi uma loucura, pode mesmo dizer-se que foi o cruzeiro das festas - como alguns dos convidados chamavam ao navio em que Luís Evaristo nos presenteou com MAIS UM BeOne on Board". Gosto da maneira como ela fala, sem explicações nem perdas de tempo, de pessoas e iniciativas sobre as quais boa parte dos leitores não faz a mínima ideia quem sejam ou no que consistem. Nada contra - isto faz com que qualquer leitor se sinta cúmplice e rapidamente imerso no universo Pimpinha. Adiante.
Ficamos a saber que ela esteve em Tânger, e que a experiência foi, possivelmente a mais marcante da vida desta jovem. Passo a ler o que ela escreve:
"Tânger é bastante feia, muito suja e as pessoas têm um aspecto assustador."
Nunca fui a Tânger, mas já fui a sítios parecidos e subscrevo inteiramente as palavras de Pimpinha. Malditas pessoas pobres, que só
estragam o nosso planeta com a sua sujidade e o seu ar assustador! É preciso ser-se mesmo ruim para se escolher ser pobre, quando se pode ser tão limpo e bonito. Quando se pode ser, em suma, rico.
Eu penso que a Pimpinha acertou em cheio na raiz de todos os problemas mundiais da pobreza. Andam entidades a partir a cabeça em todo o mundo a pensar nisto, andou a Princesa Diana a gastar tantas solas de sapatos caros a visitar hospitais, capaz de apanhar uma doença, quando nós temos a Pimpinha com a solução. Se calhar basta lavar estas pessoas, e talvez - acompanhem-me neste raciocínio; Pimpinha vai ficar orgulhosa de mim - se calhar basta lavar estas pessoas, e em vez de gastar rios de dinheiro a mandar comida para África, porque não os Médicos Sem Fronteiras passarem a andar munidos de botox. Botox! Reparem: não é fazer cirurgias plásticas a toda esta gente feia que vive nestes países, porque isso seria demais.
Mas, que diabo - botox? Vão-me dizer que não é possível ir de vez em quando a estes sítios e dar botox a estas pobres almas? Como o mundo ficaria mais bonito.
Adiante. Pimpinha desabafa, dizendo, sobre as pessoas de Marrocos, "apesar de já ter viajado muito, nunca tinha visto uma cultura assim - e sendo eu loura, não me senti nada segura ou confortável na cidade". Talvez. Mas vamos supor que trocavam Pimpinha por, vamos supor, 10 mil camelos. Era um bom negócio para o Independente. Dos 10 mil, escolhia, vamos lá, 2 para passar a escrever a coluna - o que poderia trazer melhorias significativas de qualidade - e ainda ficava com 9 mil 998. O que, tendo em conta que Portugal está a ficar um deserto, pode vir a revelar-se um investimento de futuro.
Pimpinha prossegue: "Já em segurança, animou-me a festa marroquina, com toda a gente trajada a rigor". Suponho que, para a Pimpinha Jardim, "uma festa marroquina com toda a gente trajada a rigor", tenha sido assim tipo uma festa de Halloween, tendo em conta que os marroquinos são - como a colunista diz umas linhas acima - gente feia como nunca se viu.
Adiante. Ela diz: "A seguir ao jantar, mais um festão que voltou a acabar de madrugada". Calma - esclareçam-me só neste aspecto, para eu não me perder. Portanto, houve uma festa, não é? E a seguir, outra festa. OK.
Uma pessoa corre o risco de se perder nestes cruzeiros, com toda esta variedade de coisas que acontecem.
Diz Pimpinha: "Desta vez não deu mesmo para dormir já que fomos expulsos dos camarotes às 9 da manhã, para só conseguirmos sair do navio lá para as 14 horas. Tudo porque um marroquino se infiltrara no barco e passara uma noite em grande, uma quebra inadmissível na segurança".
Ora bom. Ora bom, ora bom, ora bom, ora bom.
Portanto, aqui a questão é: viagens a Marrocos e festas com pessoas vestidas de marroquinos, tudo bem. Agora, se pudessem NÃO ESTAR LÁ os marroquinos, isso é que era jeitoso. Malditos marroquinos, sempre com a mania de estarem em Marrocos. E como é que acontece esta quebra de segurança? Eu compreendo o drama de Pimpinha. É que o facto da segurança deixar entrar um estafermo marroquino vestido de marroquino, numa festa com gente bonita vestida de marroquina, isso só vem provar que, se calhar, os amigos da Pimpinha não são assim tão mais bonitos do que essa gente feia de Marrocos. E isso é coisa para deixar uma pessoa deprimida.
Temos nós a nossa visão do mundo tão certinha e de repente aparece um marroquino e uma brecha na segurança... Enfim - nada que uma ida às compras não resolva, ao chegar a Lisboa, certo, Pimpinha?
Adiante. Diz Pimpinha: "Já cá fora esperava-nos um grupo de policias com cães, para se certificarem de que ninguém vinha carregado de mercadorias ilegais - e não sei como é que, depois de tantos avisos da organização, ainda houve quem fosse apanhado com droga na mala!"
DROGA? NUMA FESTA DO JET SET PORTUGUÊS? NÃO! COMO? NÃO. Recuso-me a acreditar. Deve ter sido confusão, Pimpinha. Era oregãos. Era especiarias.
Pimpinha Jardim declara: "Mas o saldo foi bastante positivo. Aliás, devia haver mais gente a arriscar fazer eventos como estes".
Gosto desta Pimpinha interventiva. Sim senhor, diga tudo o que tem a dizer. Faça estremecer o mundo. E com assuntos que valham a pena. Aliás, era capaz de ser uma boa ideia escrever um e-mail ao Bob Geldof a tentar fazê-lo ver que essa história de organizar concertos para combater a pobreza em África... Para quê? Geldof devia começar era a organizar concertos para chamar a atenção do mundo para a falta de cruzeiros com festas. Isso é que era. Mania das prioridades trocadas. Que maçada.
Mesmo no final, a colunista remata dizendo: "Devia haver mais gente a arriscar fazer eventos como estes - já estamos todos fartos dos lançamentos, "cocktails" e festas em terra".
Aprecio aqui duas coisas: a utilização do "já estamos todos", como se Pimpinha voltasse a acolher o leitor no seu regaço como que dizendo: "Sim, tu és dos meus e também estás farto de lançamentos, 'cocktails' e festas em terra. Excepto se fores marroquino, leitor. Se for esse o caso, por favor, exclui-te deste 'todos' ou então vai tomar banho antes, e logo se vê".
Depois, é refrescante saber que Pimpinha está farta de lançamentos, 'cocktails' e festas. Eu julgava que nos últimos dias a tinha visto em cerca de 250 revistas em lançamentos, 'cocktails' e festas, mas devia ser outra pessoa. Só pode ser. Confusões minhas.
Em suma: finalmente, há outra vez uma razão para ler O INDEPENDENTE todas as semanas. Tardou, mas não falhou. Pimpinha Jardim é a melhor aquisição que um jornal já fez em toda a História da Imprensa mundial.
Nuno Markl" publicado por CPaixaoCosta às 17:23 | ligação | comments
Tuesday, 08 November 2005
I Love The Smell Of Napalm In The Morning Aqui vai o link para esta notícia interessante desmascarando a política imperialista seguida pelo governo mais poderoso do mundo http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=200507 EUA lançaram variante do Napalm sobre Fallujah, diz RAI
O Exército dos EUA utilizou grandes quantidades de químicos, incluindo uma variante do Napalm, durante a ofensiva levado a cabo em Novembro de 2004 contra a cidade de Fallujah, no centro do Iraque, segundo uma reportagem da televisão italiana RAI. O uso destas armas químicas já havia sido denunciado por fontes próximas aos insurgentes. Em resposta às acusações, o Exército dos EUA não negou a utilização de uma destas substâncias, o fósforo branco, porém assegurou que não se trata de uma «arma ilegal» alegando que apenas a usou para iluminar posições inimigas. A reportagem, intitulada «O massacre escondido», que será transmitida na íntegra esta terça-feira mas cujo conteúdo foi antecipado na véspera, inclui, entre outros documentos, uma entrevista a um soldado norte-americano que combateu em Fallujah e que confirmou o uso destes químicos. «Ouvi a ordem para estarmos atentos porque tinham acabado de usar o fósforo branco sobre Fallujah. Na gíria militar é conhecida como “Willy Pete”». «O fósforo queima o corpo, derrete a carne até aos ossos», declarou o soldado ao enviado especial da RAI. «Vi corpos queimados de mulheres e crianças», acrescentou o militar. «O fósforo estala e forma uma nuvem que se propaga num raio de 150 metros», precisou. A reportagem mostra também filmagens e fotografias tiradas no Iraque após os bombardeamentos de Novembro de 2004, e torna público um documento que prova que foi usado no Iraque uma versão do Napalm – a substância empregue nas bombas incendiárias na guerra do Vietname – denominada MK77. O uso destas armas sobre civis está proibido pelas convenções da ONU de 1980, e o de substâncias químicas por um outro acordo internacional assinado pelos EUA em 1997. publicado por CPaixaoCosta às 14:18 | ligação | comments (1)
Monday, 31 October 2005
Ensino em Portugal Leiam com atenção este abaixo-assinado que eu li na Net. O endereço original encontra-se em http://www.petitiononline.com/profspor/petition.html . Transcrição integral: To: Ex.º Sr. Presidente da República Portuguesa No decorrer do 1º Período deste ano lectivo de 2005/2006, não podemos deixar de transmitir o nosso sentimento de revolta e de repúdio por aqueles que consideramos estarem a ser os maiores atentados contra a dignidade e o profissionalismo dos professores, cometidos perante a quase total passividade e complacência da classe.
Ao longo de décadas, aceitámos passivamente reformas sobre reformas, a maioria das quais demagógicas e irresponsáveis. Aceitámos passivamente programas curriculares de qualidade cada vez mais duvidosa, para já não falar da respectiva implementação à sombra e como consequência da pressão de lobbies editoriais.
Ao longo de décadas, habituámos os sucessivos Ministérios a tudo, desde comprarmos nós os lápis, canetas, papel, acetatos, e, já agora, porque não, computadores, a oferecermos horas e dias de trabalho muito para além das “famosas” 35 horas semanais, inclusive muitas vezes em período de férias, e não só não sendo recompensados por isso, como também não ganhando o respectivo subsídio de alimentação, como é o caso, pelo menos, da maioria dos Conselhos Executivos, por forma a possibilitarem o lançamento do ano lectivo seguinte no curto espaço de tempo que lhes é imposto.
Aceitamos passivamente as barbaridades que todos os dias, e cada vez mais, lemos e ouvimos nos jornais e nas televisões, provindo até de figuras e de quadrantes inesperados, com a despudorada ignorância de uns, com a conivência de outros, porque é preciso arranjar culpados para o estado a que o Ensino chegou. Aceitamos passivamente a indiferença dos Media perante o sentimento de desmotivação e revolta dos professores. A presente Petição surge, aliás, na sequência de um manifesto enviado a três importantes órgãos de Comunicação Social escrita, nos quais se têm sucedido os inqualificáveis e injustos ataques à classe docente, mas que não se dignaram sequer responder aos autores, quanto mais publicar o referido manifesto.
Somos, como consequência, a classe em mais franco declínio na opinião pública, mas somo la com a nossa quase total passividade e complacência, com a quase total passividade e complacência dos Sindicatos, nos quais dificilmente nos revemos, e que perante tantos atropelos apenas se dignam titubear alguma indignação, que de tão inócua se torna ridícula.
Assistimos à ideia de que hoje a perspectiva de vida é maior, o que é um facto, mas não se fala também que a sociedade mudou radicalmente, exigindo aos professores que se tornassem, além de pedagogos, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, verdadeiros bombeiros em época de incêndios, apagando fogos por tudo quanto é lado. Comparam-nos sempre aos outros países da Europa, esquecendo se no entanto de mencionar, pelo menos, as condições de trabalho e as instalações. E quando o salário não é esquecido, fazem se comparações aberrantes, das quais resultaria a conclusão que, nalguns países, o salário dos respectivos professores seria, nalguns casos ... inferior ao respectivo salário mínimo nacional.
Os professores europeus estarão efectivamente mais horas na escola, particularmente na componente não lectiva, mas trabalham em conjunto, preparando estratégias, realizando trabalhos multidisciplinares, preparando aulas, fazendo e corrigindo testes. Pouco ou nada é feito em casa, solitariamente. Mais, enquanto nas nossas escolas professores com depressões gravíssimas se arrastam penosamente – é a classe profissional onde a taxa de doenças psiquiátricas é a mais elevada – na Alemanha, por exemplo, à primeira recaída de uma depressão tem-se direito à reforma por inteiro.
Quando o estado precisou de dinheiro (e cada vez precisa mais), assistimos à aberrante possibilidade de se comprarem anos de serviço, bastando para tal que se fizesse prova de que, por exemplo, se tinham dado explicações, para a qual bastava a palavra de uma testemunha, amigo ou familiar.
Perante tantos atropelos dos sucessivos Governos, actualmente levados ao extremo da intolerância, temos respondido apenas com perplexidade e indignação. Quando os sindicatos assim o entendem, convocam-se greves ineficazes, deixando complacentemente que nos acusem, logo a seguir, de prejudicar os alunos, como se qualquer greve não prejudicasse efectivamente os utentes do sector em causa.
Perante os atropelos, intolerância e postura ditatorial do actual Governo, chegou a hora de dizer BASTA ! Chegou a hora de exigir a verdade, a dignidade e o respeito pela profissão docente ! Chegou a hora de exigir nas escolas as esferográficas, o papel, as transparências, os marcadores e demais material que todos os dias compramos do nosso bolso ! Chegou a hora de os Conselhos Executivos e respectivos assessores gozarem integralmente os dias de férias a que têm direito, mas que não gozam para permitirem o lançamento do ano lectivo seguinte. Chegou a hora de exigir a aquisição, pelas escolas, de todos os materiais indicados pelo próprio Ministério como necessários para o processo de ensino / aprendizagem das diversas disciplinas ! Chegou a hora de dizer NÃO aos atropelos e às pressões impostas pela natureza e pela extensão dos próprios programas. Chegou a hora de dizer NÃO às “flores” que fazemos nas horas que fomos obrigados a marcar nos nossos horários.
Nunca rejeitámos, nem rejeitamos, um horário de 35 horas semanais na escola. Pelo contrário, defendemos mesmo que a totalidade do horário dos professores, qualquer que fosse a sua duração, deveria ser vivida na escola. Só que, infelizmente, não estamos na Suécia, na Alemanha ou na Finlândia, ou noutro qualquer país onde as escolas têm gabinetes de trabalho condignos, com material de trabalho condigno, com condições de trabalho condignas. As medidas do actual Governo são equiparáveis a começar a construir uma casa pelo telhado: impõe-se administrativamente um horário, sem olhar aos “alicerces”, às condições e aos meios, sem olhar à viabilidade e mesmo à utilidade pedagógica de tais medidas.
Partir do princípio de que, pelo facto de os professores passarem mais tempo na escola, se irá melhorar a qualidade de ensino, em actividades desmotivantes tanto para alunos como para professores, de sucesso duvidoso, é partir de um princípio errado. As actuais medidas, com as quais pactuamos por complacência da classe, não só não vão melhorar a qualidade do ensino e a vida nas escolas, como também não vão transformar em professores dedicados e cumpridores aqueles que nunca o foram, não são, nem serão. Pelo contrário, estas medidas estão isso sim a criar desmotivação e desalento à maioria daqueles que toda a vida se dedicaram ao ensino e aos alunos, com abnegação e dedicação, dedicando lhes horas que nunca contabilizaram, muito para além de qualquer horário. Este Governo está a transformar PROFESSORES POR VOCAÇÃO em PROFESSORES POR OBRIGAÇÃO, desmotivados, automatizados, meros cumpridores de horários que lhes são impostos !
Chegou, pois, a hora de dizer BASTA !
Os professores abaixo assinados exigem:
- a revogação imediata das medidas atentatórias da dignidade e do respeito pela profissão docente, nomeadamente:
• do Despacho 17387/2005, cuja aplicação originou irregularidades chocantes, coarctando direitos dos professores, consagrados no Estatuto da Carreira Docente;
• da Lei nº 43/2005, que se traduziu no ROUBO do tempo de serviço prestado pelos docentes;
- a consagração do princípio de que a profissão docente é uma profissão de desgaste, com direito ao consequente regime especial de aposentação, tanto ordinária como voluntária;
- a reposição da VERDADE sucessivamente adulterada e a abertura de um processo conducente ao gradual reforço social e profissional da imagem dos professores.
Sem professores profissionalmente motivados e socialmente prestigiados não há qualidade de ENSINO. Sincerely, The Undersigned publicado por CPaixaoCosta às 16:18 | ligação | comments
Friday, 30 September 2005
As Duas Américas http://www.truthout.org/docs_2005/090305Y.shtml 3 de Setembro de 2005 As Duas Américas por Marjorie Cohn Em Setembro passado, um furacão de categoria 5 fustigou a pequena ilha de Cuba com ventos de 160 milhas por hora. Mais de 1,5 milhões de cubanos foram evacuados para território mais alto para lá da tempestade. Embora o furacão tenha destruído 20.000 casas ninguém morreu. Qual é o segredo do presidente cubano Fidel Castro? Segundo o Dr. Nelson Valdes, um professor de sociologia na Universidade do Novo México e um perito em assuntos da América Latina, para começar "toda a defesa civil está embebida na comunidade. As pessoas sabem antecipadamente para onde devem ir". "Os líderes de Cuba vão à TV e tomam o controlo da situação," disse Valdes. Veja-se em contraste a reacção de George W. Bush ao Furacão Katrina. No dia seguinte, após o Katrina ter atingido a Costa do Golfo, Bush estava a jogar golfe. Ele esperou três dias antes de fazer uma aparição na TV e cinco dias antes de visitar o local do desastre. Num editorial particularmente contundente na Quinta-feira, o New York Times dizia, “nada na attitude do presidente ontem – que parecia casual ao ponto de parecer não cuidada – sugeria que ele tivesse entendido o grau de gravidade da actual crise”. "Meramente meter as pessoas num estádio é impensável” em Cuba, disse Valdes. "Todos os abrigos têm pessoal médico, do local de vizinhança dos evacuados. Têm médicos de família em Cuba, e são evacuados juntamente com os evacuados do local que servem, e já sabem de antemão, por exemplo, quem precisa de insulina”. Também são evacuados animais e veterinários, televisores e frigoríficos, "de modo a que as pessoas não estejam relutantes em partir por que outros possam roubar as suas coisas,” notou Valdes. Após o furacão Ivan o Secretariado Internacional das Nações Unidas para a Redução dos Desastres citou Cuba como um modelo para a preparação para os furacões. O Director Salvano Briceno disse, "O modelo cubano pode facilmente ser aplicado noutros países com condições económicas semelhantes e mesmo em países com maiores recursos que não conseguem proteger a sua população tão bem quanto Cuba”. Os nossos governos federal e local tinham sido mais do que avisados que os furacões, que estão a crescer de intensidade graças ao aquecimento global, podiam destruir Nova Orleães. Contudo, em vez de tomar medidas de acordo com esses avisos, Bush tratou de evitar que os estados controlassem o aquecimento global, enfraqueceu a FEMA, e cortou o orçamento do Corpo de Sapadores do Exército para a construção da barragem em Nova Orleães em 71,2 milhões de dólares, uma redução de 44 por cento. Bush enviou quase metade das tropes da Guarda Nacional e dos Humvees deáguas profundas para combater numa guerra desnecessária no Iraque. Walter Maestri, chefe de gestão de emergência para Jefferson Paris em Nova Orleães, observou um ano atrás, “Parece que o dinheiro foi transferido no orçamento presidencial para tratar da segurança interna e da guerra no Iraque”. Um artigo na coluna do editor de Quarta-feira dizia que o Corpo de Sapadores do Exército “nunca tentou esconder o facto de que as pressões contra a despesa decorrentes da guerra no Iraque, bem como da segurança interna – vindas no mesmo momento que os cortes nos impostos – eram causa de constrangimento,” o que provocou um abrandamento do trabalho de controlo de cheias e de provisionamento das barragens. "Esta tempestade foi muito maior do que a protecção que estávamos autorizados a fornecer,” disse Alfred C. Naomi, gestor superior do projecto no distrito de Nova Orleães dos corpos de sapadores. Ao contrário de Cuba, aonde a segurança interna significa manter o país seguro de desastres naturais mortíferos bem como de invasões estrangeiras, Bush falhou em manter o nosso povo seguro. “Numa situação crucial,” Paul Krugman escreveu ontem no New York Times, “os nossos actuais líderes não se mostraram sérios quanto a algumas das funções essenciais de um governo. Gostam de travar guerras, mas não gostam de providenciar segurança, salvando aqueles que precisam ou gastando em medidas de prevenção. E nunca, mas nunca, pedem partilha de sacrifícios”. Na campanha para as eleições de 2004, o candidato a vice-presidente John Edwards falou de “duas Américas”. Não parece verosímil como existem pessoas que disparam tiros contra os trabalhadores das missões de salvamento. Contudo, após o espancamento de Rodney King ter sido transmitido pela televisões de todo o país, pessoas pobres, desesperadas, esfomeadas em Watts assaltaram a vizinhança, queimando e pilhando. A sua ira, que se tinha mantido escondida da superfície por tanto tempo, explodiu. É o que está acontecendo agora em Nova Orleães. E nós, a maior parte branca, pessoas com privilégios, raramente relanceamos o olhar pela outra América. “Penso que grande parte disso tem a ver com a raça e a classe,” disse o Reverendo Calvin O. Butts III, pastor da Igreja Baptista Abissiniana em Harlem. “As pessoas afectadas eram em grande medida pessoas pobres. Pessoas pobres, negras." O presidente da câmara de Nova Orleães Ray Nagin atingiu um ponto de saturação Quinta-feira à noite. “Querem-me dizer que um lugar aonde provavelmente havia milhares de pessoas que morreram e mais milhares de outras que continuam a morrer todos os dias, que não conseguimos encontrar uma forma de autorizar os recursos de que precisamos? Vá lá, pá!” O Secretário para a Segurança Interna Michael Chertoff tinha declarado antes, no próprio dia que a FEMA e outros departamentos federais fizeram um “trabalho magnífico” dadas as circunstâncias. Mas, disse Nagin, “Estão a enganar e distorcer os factos e as pessoas estão a morrer. Levantem os vossos rabos e vamos fazer qualquer coisa!” Quando questionado quanto à pilhagem, o presidente disse que exceptuando alguns “cabecilhas”, é o resultado de pessoas desesperadas à procura de comida e água para sobreviver. Nagin culpou a explosão de violência e crime nos viciados em droga que ficaram cortados dos seus fornecimentos, vagueando pela cidade, “procurando aproveitar-se dos seus semelhantes.” Quando o Furacão Ivan atingiu Cuba, não foi imposto recolher obrigatório, contudo, não houve pilhagem nem violência. Todos estavam no mesmo barco. Fidel Castro, que comparou os preparativos do seu governo para o furacão Ivan à preparações para a invasão há muito esperada dos Estados Unidos, disse, "Estivemos preparando-nos para isto durante 45 anos.” Na Quinta-feira, a Assembleia Nacional de Cuba enviou uma mensagem de solidariedade para as vítimas do furacão Katrina. Dizia que o povo cubano tinha seguido de perto as notícias dos danos provocados pelo furacão na Louisiana, Mississipi e Alabama, e as notícias causaram dor e tristeza. A mensagem observava que os mais afectados eram afro-americanos, trabalhadores latinos e pobres, que ainda esperam salvamento e evacuação para lugares seguros e que sofreram a maior parte das mortes e perda de casa. A mensagem conclui dizendo que todo o mundo deve sentir esta tragédia como sua. Marjorie Cohn, um editor contribuinte para truthout, é professora na Thomas Jefferson School of Law, vice-presidente executiva da National Lawyers Guild, e representante dos EUA ao comité executivo da American Association of Jurists. publicado por CPaixaoCosta às 14:33 | ligação | comments
Saturday, 10 September 2005
Pérola de pensamento Esta foi dita por Barbara Bush, mãe do actual presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush, e antiga primeira dama como esposa do ex-presidente George Bush Sr., pai do actual, passo a citar do Expresso de hoje na página 12:
«Nada como um furacão para subir na vida. A mãe de George W. Bush, antiga primeira-dama, diz que os desalojados de Nova Orlães que estão a dormir num estádio eram tão pobres que agora até estão melhor.»
Ah! Agora já percebo a quem é que o George W. Bush sai.
publicado por CPaixaoCosta às 12:55 | ligação | comments

O rei vai nu A propósito do furacão Katrina que assolou a região sul dos Estados Unidos deixando um rasto de destruição e morte no seu caminho, uma boa ocasião para mostrar aos ideólogos neo-liberais que o rei vai nu. Ou seja, na "land of milk and honey" o paraíso não chega para todos, como é tudo privado cada um safa-se conforme pode, os que têm dinheiro para ir para fora da cidade vão, os que não possuem posses para tal ficam sujeitos à inclemência dos elementos. A situação de previsível desatre natural já tinha sido denunciada mas ninguém tomou providências no sentido de tomar medidas atempadas para, pelo menos, minorar o desastre que vinha aí. Aquela região do delta do maior rio dos Estados Unidos (o Missíssipi) não conta no PIB nacional, é uma das mais pobres dos Estados Unidos, portanto, se se puder cortar do orçamento corta-se. É a este tipo de situações que conduz o capitalismo neo-liberal e selvagem, quem quiser ver a verdade dos factos vê, quem quiser iludir-se ou iludir os outros com objectivos muitas vezes inconfessáveis continue assim. Passo a transcrever na íntegra, da coluna de opinião de Daniel Oliveira intitulada "Choque e Pavor", publicada todas as semanas no Expresso, a parte que hoje é publicada sob o título "E tudo o vento levou", que em minha opinião acerta em cheio na mouche.
«As catástrofes naturais, quando atingem as dimensões do que assistimos nos estados americanos da Louisiana e do Mississipi, revelam duas coisas: a coesão social de um povo e a eficácia do seu Estado. Depois da desgraça, ficam só milhares de seres humanos capazes ou não de se ajudarem uns aos outros e as estruturas que eles criaram para lhes valer nestes momentos. E, nos Estados Unidos, no Sul da América, não ficou nada.»
«O Estado não existe. Existe um Presidente e um exército. Como em qualquer país do Terceiro Mundo. E vieram os dois tarde. Um estava de férias, outro no Iraque. O «american dream» é afinal um pesadelo. Os números das Nações Unidas, publicados esta semana, são assustadores. Sendo o povo que mais gasta em saúde, tem uma mortalidade infantil igual à da Malásia, onde o rendimento é quatro vezes inferior. Quase o dobro da portuguesa. Entre os negros de Washington D.C., a esperança de vida é igual à da província indiana de Kerala. Os 5% das crianças mais pobres vivem menos que as mais ricas.»
É pelo que estes números revelam que, na Terra Prometida, quando os ricos ficam sem nada, os pobres tomam conta da rua para buscar o seu quinhão. Quiando o vento sopra mais forte e leva tudo, deixa-nos sozinhos. Ou pagámos, antes, a saúde uns dos outros, a velhice de todos, o futuro dos mais pobres, ou sobra só o instinto de sobrevivência. A este instinto, hoje, chamamos leis de mercado. Só que o mercado, quando nos apanha moribundos, faz o que sabe fazer: devora-nos vivos. E cobra pelo repasto. É da sua natureza. É para este velho mundo, tão velho como o mundo, que os mais brilhantes teóricos da nova direita europeia nos querem levar. Um furacão bastou para mostrar de quanta miséria se faz o seu sonho.»
publicado por CPaixaoCosta às 12:41 | ligação | comments
Wednesday, 10 August 2005
Censura do capitalismo Leiam o que se segue com atenção, vem citado num blogue que descobri chamado Backtalker1 (http://backtalker.motime.com/). O link para o poste original está aqui (http://backtalker.motime.com/post/477586). Censura (não apenas dos governos) Eis porque não pode comprar o News Journal no Wal-Mart Randy Hammer @PensacolaNewsJournal.com Não podem continuar a comprar o Pensacola News Journal no Wal-Mart. A loja ordenou-nos que nos retirássemos da sua propriedade, comunicaram-nos que fossemos recolher os nossos expositores e levar tudo dali. Assim o fizemos. Algumas pessoas telefonaram-nos na semana passada, algumas até escreveram cartas dirigidas ao editor, querendo saber por que é que não podiam comprar o jornal no Wal-Mart logo nos dias após a passagem do furacão Dennis. Alguns gestores do Wal-Mart não simpatizaram com o conteúdo da coluna que Mark O'Brien escreveu o mês passado acerca do reverso dos preços baratos que o império de Sam Walton implantou na América. Todos pagamos um pouco menos, e por vezes, muito menos, na mercearia e no super-mercado por causa do sr. Walton, o fundador da Wal-Mart. O sr. Walton construiu um modelo de negócio brilhante que lhe permitiu praticar preços mais baixos que os seus competidores. Ele assegurou-se que uns jeans vendidos na sua loja eram mais baratos que os jeans vendidos na loja que ficava mais abaixo na mesma rua. E se alguma loja tivesse uma promoção especial de “leve dois, pague um” nas caixas de “Kraft Macaroni and Cheese”, a Wal-Mart teria uma promoção de “leve três, pague um”. Deixemos para Mark, cuja coluna é publicada quatro dias por semana neste jornal, descobrir um reverso relativamente a esta situação. Na realidade, não foi Mark mas Thomas Friedman que escreveu “The World is Flat” e que, por acaso, está neste momento na lista dos livros mais vendidos. Um reverso Não quero deitar mais lenha na fogueira, mas aqui está o que Mark escreveu: “Eu gosto dos preços da Wal-Mart exactamente da mesma maneira que qualquer consumidor mas também existe um reverso. Muitos empregados da Wal-Mart não têm regalias e seguros que diferenciam a simples existência de uma boa qualidade de vida. Contudo, nós, os clientes, pagamos uma sobrecarga sobre esta situação por outro lado – subsidiando os cuidados de saúde para os empregados da Wal-Mart que não os conseguem pagar.” Mark então descreveu como no livro de Friedman era salientado o facto de mais de 10.000 crianças, filhos de empregados da Wal-Mart estarem num programa de cuidados de saúde no estado da Jórgia que custa aos contribuintes do Estado quase 10 milhões de dólares por ano. Mark também destaca que uma reportagem publicada no New York Times descobriu que 31 por cento dos doentes num hospital da Carolina do Norte eram empregados da Wal-Mart abrangidos pelo Medicaid. A coluna de Mark não era acerca da loja do sr.Walton mas acerca de Pensacola e de como nos estamos a tornar numa cidade do tipo Wal-Mart, “barata e confortável na superfície, montes de infelicidade e custos escondidos por debaixo”. Era isso que Mark estava a tentar demonstrar. Bob Hart, um dos gestores de topo da Wal-Mart na área, telefonou-me e disse-me que não gostava da coluna de Mark, que não gostava nada das colunas de Mark. Respondi ao sr. Hart que também não gostava particularmente de algumas das colunas de opinião de Mark. Como a que ele escreveu acerca do regime de arrendamentos, que o condado de Escambia levou a referendo junto dos eleitores o ano passado. Mark afirmou que a proposta sobre o regime de arrendamentos era caótica e que as pessoas seriam loucas se votassem a favor dela. Mark diz aquilo que pensa Não gostei da coluna assim que a li, e particularmente porque na semana anterior tinha escrito algo em que dizia que o regime de arrendamentos tinha sido a melhor ideia desde que inventaram a roda. Sou o chefe de Mark, sabem. Ele devia-me ter demonstrado um pouco mais de respeito. Mas Mark escreveu aquilo que pensava. E, verdade seja dita, é para isso que ele é pago, mesmo que eu me tenha sentido ligeiramente magoado quando quase 70 por cento dos votantes estiveram do lado de Mark e rejeitaram o regime de arrendamentos. O senhor Hart, contudo, disse que ele e as suas lojas não podiam tolerar um jornal que publicasse as opiniões de alguém que fosse tão maldoso e negativo como Mark O’Brien. Mas, sabem, o Mark não é tão mal-humorado como aquela agitadora de esquerda Molly Ivins, cuja coluna também é publicada no jornal. Sem mais preâmbulos o sr. Hart disse que queria que o jornal tirasse os seus expositores das suas lojas. Mas também disse que se eu despedisse Mark podíamos falar acerca da continuação da venda do jornal nas suas lojas. Wal-Mart é uma empresa que se embrulha a ela própria em vermelho, branco e azul. Eu poderia compreender se a Wal-Mart dissesse que eu deveria despedir Mark porque o que ele tinha dito era inexacto. Mas não era o caso. Mark divulgou com exactidão que havia 10.000 crianças, filhos de empregados da Wal-Mart abrangidos por um programa de cuidados de saúde que custava aos contribuintes da Jórgia quase 10 milhões de dólares por ano. Não deveríamos ter falado disso? Quando paramos de ouvir as pessoas do outro lado, quando tentamos silenciar e até punir pessoas que pensam de forma diferente da que nós pensamos e que vão buscar factos e números de que não gostamos, bem, então deixamos de ser vermelhos, brancos e azuis. É por isso que Mark ainda tem um emprego e vocês não podem mais comprar o Pensacola News Journal no Wal-Mart. Randy Hammer é o editor executivo do News Journal. Podem enviar-lhe correio electrónico para RandyHammer@PensacolaNewsJournal.com. ACTUALIZAÇÃO: Desde a publicação e divulgação alargada em blogues desta história, a Wal-Mart recuou, atirando as culpas para uma má decisão de um gestor local. Por coincidência, esse gestor está em ferias – e, tanto quanto sei, nenhuma das práticas relatadas que levaram a Wal-Mart a ser tão criticada mudaram ou mudarão. publicado por CPaixaoCosta às 15:17 | ligação | comments
Monday, 01 August 2005
Os futurólogos do ano 2000 De uma nova ligação nos favoritos do Impressões, também me recordo do fenómeno. Lembram-se do Alvin Toffler? Este poste trata acerca dos Tofflers (antigos e actuais). Leiam-no. Publicado em 16 de Março de 2005 com o mesmo título que adoptei acima no blogue "Leviathan".
«Os meus miúdos do 10º Ano fizeram uma composição sobre o tema «How I expect technology to affect my future». Não fiquei admirado com o consenso que encontrei ao lê-las: o futuro vai trazer-nos mais tecnologia, mais máquinas para fazer o trabalho que hoje é feito pelas pessoas, e consequentemente vai haver mais tempo livre para todos. Não fiquei admirado, mas senti-me transportado aos anos 70. Foi a década em que apareceram os futurólogos, profissão que desde então nunca mais nos abandonou. Estes futurólogos não eram miúdos de 16 anos, ignorantes e ingénuos: eram economistas, químicos, matemáticos, astrofísicos, psicólogos, filósofos, antropólogos, sociólogos, e estavam integrados em prestigiosos «think tanks» dotados com confortáveis orçamentos. Mas o que prediziam era mais ou menos o mesmo que predizem hoje os meus alunos: no ano 2000, a semana de trabalho típica será de oito, doze, vinte horas, não mais; as férias anuais contar-se-ão em meses e não mais em semanas; a idade normal para as pessoas se reformarem será os 40 ou os 45 anos. Acreditei. Acreditei porque tinha vinte anos; porque as vozes eram autorizadas; e porque a razão apresentada era plausível - a evolução tecnológica vai permitir que se produza muito mais com muito menos trabalho. Mas hoje, passados cinco anos sobre essa data mítica que foi o ano 2000, temos em vez da semana de oito horas o dia de dezasseis; cada dia de férias é, para os jovens lobos da economia, quase um pecado; e fala-se em adiar as reformas para os 70 ou mesmo para os 75 anos. Os futurólogos de 1970 nem sequer acertaram ao lado do alvo, dispararam na direcção oposta. Porquê isto? Porque a variável tecnológica não evoluiu segundo o previsto? Evoluiu, sim, e até mais do que o previsto. Porque não foi tida em consideração outra variável, nomeadamente a variável demográfica? Mas em 1970 a tendência para a diminuição dos óbitos e dos nascimentos já era discernível nas sociedades industrializadas. Ou será que os futurólogos dos anos 70 não tiveram em consideração uma terceira, ou uma quarta, ou uma enésima variável? Hoje, os mesmos futurólogos - não, não são os mesmos, são outros, trinta anos mais novos; os «think tanks» em que estão integrados é que são os mesmos - dizem-nos que no futuro vamos ter que trabalhar cada vez mais horas por semana, cada vez mais semanas por ano e cada vez mais anos por vida; que o emprego será cada vez mais instável, e que os mecanismos de protecção social vão falir e desaparecer. Não me admira que os jovens (refiro-me aos jovens profissionais altamente qualificados, não aos meus miúdos do 10º Ano) acreditem piamente nisto. As vozes que o afirmam continuam a ser vozes autorizadas, e o argumento demográfico é quase tão plausível como o argumento tecnológico de há trinta anos. Mas eu não acredito. A terceira variável, a que ficou de fora em 1970 e continua a ficar de fora em 2005, é a variável política. Os despojos continuarão a ser, como sempre foram, para os vencedores. A riqueza que vier a ser produzida nas próximas décadas, muita ou pouca, irá para quem tiver o poder de se apropriar dela. Daqui a trinta anos a semana de trabalho tanto pode ser de oito horas como de oitenta, a segurança social tanto pode ser generosa como inexistente, as reformas tanto podem ser aos 45 anos como aos 90. A riqueza tanto pode ser distribuída pelas pessoas comuns sob a forma de mais rendimento e mais tempo livre, como continuar a ser gasta em armamento, entregue a mafiosos e a especuladores, ou utilizada na criação dessa ilusão de prosperidade que é o consumismo. E isto não vai depender, a não ser marginalmente, nem da tecnologia nem da demografia. Vai depender da relação de forças entre os diversos grupos sociais. Como sempre.» publicado por CPaixaoCosta às 09:58 | ligação | comments
Friday, 29 July 2005
A verdade sobre o 11 de Setembro Artigo bastante extenso sobre a verdadeira natureza do que aconteceu em Nova Iorque a 11 de Setembro de 2001. Artigo publicado por Matt Everett no "The Journal of Psychohistory". Uma das maiores burlas da história implementada ao mais alto nível político no planeta Terra com objectivos inconfessáveis por detrás. O presidente dos Estados Unidos e respectivo governo não tomam medidas a tempo de evitarem a morte de algumas centenas dos seus cidadãos num dos lugares mais simbólicos e representativos do país. A verdade é como o azeite, acaba sempre por vir acima. Foram capazes de descer a este nível, é de esperar tudo de pessoas como estas que ocupam cargos e posições com tanto poder. O artigo vai citado no original, mas espero poder publicar em breve uma tradução das partes mais significativas do mesmo.

Bush, Cheney, Rumsfeld and 9/11:
A Scandal Beyond What Has Been Seen Before

By Matt Everett
The Journal of Psychohistory Volume 32, No. 3
Winter 2005

If what I say is right, the whole US government should end up behind bars. -- Andreas von Bülow, former German government minister and author of "The CIA and September 11th"
At the beginning of the invasion of Iraq in March 2003, U.S. Defense Secretary Donald Rumsfeld promised: "What will follow will not be a repeat of any other conflict. It will be of a force and scope and scale that has been beyond what has been seen before." The invasion that ensued was, like all wars, destructive and resulted in the loss of thousands of lives. Yet Baghdad fell in a mere three weeks and just six weeks after the invasion commenced, President Bush announced: "Major combat operations in Iraq have ended." Despite the death and destruction, it was hardly a war of a 'force,' 'scope' and 'scale' beyond what had been seen before.

However, before it began, there were indications that some people wanted a far more destructive war than that which ensued. For example, ridiculous as it may now sound, it was suggested that Britain and America might use nuclear weapons against Iraq. As The Guardian reported at the time:
"From last year's US defence review and the testimony of the Defence Secretary, Geoffrey Hoon, to the defence select committee last March it was clear that a major change in the US and UK nuclear policy was taking place. For the first time Britain and America were contemplating using nuclear weapons against an enemy using only chemical or biological weapons. Referring to 'states of concern', and Saddam Hussein in particular, Mr Hoon told the committee: 'They can be absolutely confident that in the right conditions we would be willing to use our nuclear weapons.'" 1

A month before the invasion, Hoon repeated his warning: "Saddam can be absolutely confident that in the right conditions we would be willing to use nuclear weapons." 2 As investigative journalist John Pilger points out: "No British minister has ever made such an outright threat." 3

Thankfully, the invasion passed without our resorting to nuclear weapons. But it seemed the desire for a bigger conflict remained, with attempts beginning almost immediately to find a new, more formidable enemy. In particular, Iran and Syria seemed next on the list for 'liberation.' At a press conference in July 2003, President Bush issued a stern warning to both countries, accusing them of harboring terrorists. "This behaviour is completely unacceptable," he said, "and states that continue to harbour terrorists will be held completely accountable." 4 Three months later, U.S. Under Secretary of State for Arms Control John Bolton told journalists: "There is awareness of the threat posed by Iran and consensus that threat has to be eliminated." 5 Yet these warnings failed to capture much public interest.

Instead, there was a growing interest around the investigation into the attacks of September 11, 2001. Previously, the press had largely ignored the work of the National Commission on Terrorist Attacks Upon the United States, better known as the "9-11 Commission." When it held its second public hearings in May 2003 on the key issue of air defense, the New York Times and Los Angeles Times failed to write any articles about it. 6 Suddenly though, in March 2004 the Commission became the center of attention when former White House security expert Richard Clarke publicly testified before it and criticized the Bush administration for failing to address terrorism when it first came into office.

Since then, the 9/11 Commission remained a major news story and the book of its final report became an instant bestseller. However, the mass media were still overlooking the fact that increasing numbers of people were seriously questioning the entire official account of 9/11. More and more books had been released around the world giving evidence of possible U.S. government complicity in the attacks. Polls suggested that millions of people were suspicious: A Zogby poll in late August 2004 found 49 per cent of New York City residents and 41 per cent of New York citizens overall agreed that "some leaders in the U.S. Government knew in advance that attacks were planned on or around September 11, 2001, and that they consciously failed to take action." 7 A survey three months earlier found 63 per cent of Canadians believed the U.S. Government had "prior knowledge of the plans for the events of September 11th, and failed to take appropriate action to stop them." 8 A July 2003 poll had found almost a fifth of Germans believed the U.S. Government, or elements within it, were responsible for organizing the attacks. 9

With attempts at identifying a new 'external enemy' so far failing, I believe it is possible that, instead, this growing suspicion around 9/11 will develop into an unprecedented public scandal. But what are these suspicions about? Are they simply the result of rumour and 'urban legend,' or could some of the disturbing allegations now being made be found true in future? In this article, I will examine some of the arguments put forward by 9/11 skeptics, along with supporting evidence. Then I will examine some of the psychohistorical evidence that shows why we could be heading for a major scandal over the events of 9/11. Until the controversy around 9/11 is brought into the open and investigated properly, it is up to individuals to draw their own conclusions. However, in my opinion, the volume of evidence now gathered is enough to suggest a massive scandal is a real possibility. The implications of this would be extraordinary. As one of the most prominent 9/11 skeptics, former German government minister Andreas von Bülow, says: "If what I say is right, the whole US government should end up behind bars." 10

DONALD RUMSFELD ON 9/11

As U.S. secretary of defense, Donald Rumsfeld was on 9/11 second in the military chain-of-command behind the president. Yet details of what he did during the attacks are sketchy and from what we currently know, he did nothing in response to the crisis until it was too late to make a difference.

According to Rumsfeld, on the morning of September 11 he was hosting a breakfast meeting at the Pentagon for some members of Congress. He told them that "sometime in the next two, four, six, eight, ten, twelve months there would be an event that would occur in the world that would be sufficiently shocking that it would remind people again how important it is to have a strong healthy defense department." 11 Soon after, someone walked in and gave him a note saying a plane had hit the World Trade Center. Yet Rumsfeld apparently was not moved to take action. "[W]e adjourned the meeting, and I went in to get my CIA briefing," he has said. 12 Whilst in his office with the CIA briefer, Rumsfeld says he was told of the second plane hitting the WTC. Yet he went ahead with a meeting in his private dining room at the Pentagon with his deputy, Paul Wolfowitz and U.S. Representative Christopher Cox, to discuss how to win votes for Bush's defense plan.

During this meeting, Rumsfeld was apparently oblivious to the fact that an airplane was heading towards Washington. However, he made another prediction: "let me tell you, I've been around the block a few times," he told Representative Cox. "There will be another event." For emphasis, he repeated: "There will be another event." 13 Just minutes later the Pentagon was hit. Rumsfeld says: "I went outside to determine what had happened. I was not there long because I was back in the Pentagon with a crisis action team shortly before or after 10:00 a.m. On my return from the crash site and before going to the executive support center, I had one or more calls in my office, one of which was with the president." 14 Rumsfeld didn't enter the National Military Command Center within the Pentagon though until 10.30. Brigadier General Montague Winfield says: "For 30 minutes we couldn't find him. And just as we began to worry, he walked into the door of the National Military Command Center." 15 As the 9/11 Commission conclude: "The Secretary of Defense did not enter the chain of command until the morning's key events were over." 16 Nor is Rumsfeld on the record as having given any orders that morning.

Yet, according to military procedure, if the Federal Aviation Administration were to notify the National Military Command Center of a hijacking, with the exception of "immediate responses" the NMCC was required to "forward requests for DOD assistance to the Secretary of Defense for approval." 17 Of course, 9/11 would easily come under the heading of "immediate responses." All the same, Rumsfeld has yet to be asked whether he was contacted in line with this military procedure and, if so, what did he do in response?

Interestingly, since 9/11 Donald Rumsfeld has made statements suggesting why he may have wanted an event like 9/11 to occur. For example, in a televised interview two years after the attacks, he described how he thinks about what a senior leader in the Gulf told him, that maybe 9/11 was "a blessing in disguise," and a "wake-up call" for the world to deal with the growing threat of terrorism. Rumsfeld said he agreed with this, that 9/11 was indeed a 'wake-up call.' 18 He wrote a similar thing in his prepared testimony to the 9/11 Commission:
"Think about what has been done since the September 11th attacks: two state sponsors of terrorism have been removed from power, a 90-nation coalition has been formed which is cooperating on a number of levels… All of these actions are putting pressure on terrorist networks. Taken together, they represent a collective effort that is unprecedented -- which has undoubtedly saved lives, and made us safer than before September 11th. 19

DICK CHENEY ON 9/11

Based upon mainstream accounts, Vice President Cheney's actions during the attacks appear less suspicious than those of Bush and Rumsfeld. However, there are some odd contradictions in the reports of what he did. On the morning of September 11, before learning about the attacks, Dick Cheney was in his office in the White House. According to the 9/11 Commission, just before 9 a.m. he was preparing for a meeting when his assistant "told him to turn on his television because a plane had struck the North Tower of the World Trade Center." 20 Cheney subsequently saw the second aircraft hitting the South Tower. Then, "just before 9:36," the Secret Service ordered the evacuation of the vice president and agents took him down to the Presidential Emergency Operations Center, the bunker below the East Wing of the White House. "The Vice President entered the underground tunnel leading to the shelter at 9:37." 21

However, according to White House photographer David Bohrer who was present at the time, this evacuation occurred just after 9 a.m. 22 Furthermore, Transportation Secretary Norman Mineta described before the 9/11 Commission how a young man had come into the PEOC to inform the vice president of the approach towards Washington of the aircraft that hit the Pentagon. According to Mineta, this occurred around 9:25 or 9:26. 23 This suggests that the report of Cheney only reaching the underground tunnel leading to the shelter at 9:37 is incorrect. If Cheney were in fact evacuated soon after 9, why would it later be claimed this took place about half an hour later? One possibility is that it was to make the failure of the Secret Service to evacuate President Bush from his location that morning appear less suspicious. (See below.) Alternatively, if Michael Ruppert's allegations about the vice president's involvement in the attacks are correct, then this claim could simply be an attempt to conceal his complicity.

Soon after 9:15, Cheney spoke over the phone with the president, who was at a school in Florida that morning. Also, "sometime before 10:10 to 10:15," he reportedly phoned the president to discuss the rules of engagement for the combat air patrol above Washington. Supposedly, he recommended the president authorize the military to shoot down any civilian airliners that might be under the control of hijackers. Bush later recalled his response being "You bet." 24 The president also emphasized in his private meeting with the 9/11 Commission that he had authorized the shootdown of hijacked aircraft. 25 This is an important point, because the shooting down of a wayward aircraft before it crashed into a populated area could save many lives.

Yet, according to the 9/11 Commission, "there is no documentary evidence for this call." 26 Newsweek adds: "Nor did the real-time notes taken by two others in the room, Cheney's chief of staff, 'Scooter' Libby -- who is known for his meticulous record-keeping -- or Cheney's wife, Lynne, reflect that such a phone call between Bush and Cheney occurred or that such a major decision as shooting down a U.S. airliner was discussed." 27 According to Newsweek, some of the Commission's staff were highly skeptical of Cheney's account, with one well-informed source claiming some of them "flat out didn't believe the call ever took place." 28 All the same, whether or not Bush authorized him to do so, "by the time Cheney issued his shoot-down order, between 10:10 and 10:15 a.m., United Flight 93, the last plane-turned-missile on 9/11, had already crashed in Pennsylvania (at 10:03 a.m.)." 29
Furthermore, it appears that Cheney -- along with Bush -- was reluctant for 9/11 to be investigated: When then Senate Majority Leader Tom Daschle appeared on NBC's Meet the Press in May 2002, he said Cheney had, on January 24 that year, urged him not to investigate the events of September 11. Daschle added that four days later Bush made the same request. When the program's moderator Tim Russert asked: "It wasn't, 'Let's not have a national commission, but let's have the intelligence committees look into this,' it was 'No investigation by anyone, period'?" Daschle replied: "That's correct." He added that the request had been repeated on "other dates following." 30

GEORGE W. BUSH ON 9/11

September 11, 2001 was the most important day of George W. Bush's life. As American president he was commander in chief of the U.S armed forces. His actions were crucial. According to the 9/11 Commission, the only people that day with authority to order the shooting down of a civilian plane if, say, it were heading towards a populated area (like the World Trade Center or the Pentagon) were the president or the secretary of defense. 31 I have already shown that Secretary of Defense Rumsfeld was apparently 'out of the loop' during the attacks. What then did Commander in Chief Bush do?

Before examining this question, it is important to recognise that the U.S. president does not travel alone. He takes with him an entire staff, including members of the Secret Service, who are responsible for his safety. The president's travelling entourage have the best communications equipment in the world. They have contact with, or can easily reach, the cabinet, the National Military Command Center in the Pentagon, the FAA and other Secret Service agents. 32 We might therefore assume George Bush would have been one of the first people informed of the extraordinary chain of events unfolding on September 11.

Furthermore, Bush's location for that morning was made public four days previously, on September 7: He would be in Sarasota, Florida, to "continue his focus on reading and education." 33 We might assume then that once it was recognised that America was under attack, the president would have been considered a potential target and immediate action would have been taken to protect him and ensure the safety of all around him. Yet, despite the horrifying sequence of events in progress, Bush continued with his pre-planned visit to the Emma E. Booker Elementary School in Sarasota, where he listened to a class full of children reading. He remained at the school until around 9:35 a.m. 34 -- nearly 50 minutes after the first plane hit the WTC and over half an hour after the second plane hit. Incredibly, the president's support team, including the Secret Service, allowed this.

According to Philip Melanson, an expert on the Secret Service, Bush should have been removed from the school immediately after Flight 175 hit the second WTC tower. Melanson says: "With an unfolding terrorist attack, the procedure should have been to get the president to the closest secure location as quickly as possible, which clearly is not a school. You're safer in that presidential limo, which is bombproof and blastproof and bulletproof." 35 Furthermore, considering the president's responsibilities as commander in chief, Melanson adds that Bush's limousine had key advantages: "In the presidential limo, the communications system is almost duplicative of the White House -- he can do almost anything from there but he can't do much sitting in a school." 36

Bush was informed of the second plane hitting the WTC when, around 9:05, his Chief of Staff Andrew Card came across the classroom and reportedly whispered to him: "A second plane hit the second tower. America is under attack." 37 According to the 9/11 Commission: "The President told us his instinct was to project calm, not to have the country see an excited reaction at a moment of crisis." 38 Furthermore, "The Secret Service told us they were anxious to move the President to a safer location, but did not think it imperative for him to run out the door." 39 Yet this inaction could have had disastrous consequences. In the words of 9/11 researchers Allan Wood and Paul Thompson: "Why hasn't Bush's security staff been criticized for their completely inexplicable decision to stay at the school? And why didn't Bush's concern for the children extend to not making them and the rest of the 200 or so people at the school terrorist targets?" 40 As the reporter Gail Sheehy concludes, the final report of the 9/11 Commission shows that on the morning of September 11, "the president and the other top officials in charge of the systems to defend the country from attack were, in essence, missing in action: They did not communicate, did not coordinate a response to the catastrophe, and in some cases did not even get involved in discussions about the attacks until after all of the hijacked planes had crashed." 41

With the best communications in the world available to him, we might assume Bush would have been one of the first people informed of the hijackings and the first plane hitting the WTC. Yet according to official accounts, he remained oblivious even whilst millions of people saw what had happened on television. Strangely, there have been at least seven different accounts of when and from whom Bush first heard of Flight 11 crashing into the WTC. 42 As Allan Wood and Paul Thompson note, Bush's own recollections only add to the confusion:

"Less than two months after the attacks, Bush made the preposterous claim that he had watched the first attack as it happened on live television…. On December 4, 2001, Bush was asked: "How did you feel when you heard about the terrorist attack?" Bush replied, "I was sitting outside the classroom waiting to go in, and I saw an airplane hit the tower -- the TV was obviously on…. I said, it must have been a horrible accident." 43
Yet, as Wood and Thompson point out, "There was no film footage of the first attack until at least the following day." They continue:

"It's doubly strange why his advisors didn't correct him or -- at the very least -- stop him from repeating the same story only four weeks later. On January 5, 2002, Bush stated: "Well, I was sitting in a schoolhouse in Florida…and my Chief of Staff -- well, first of all, when we walked into the classroom, I had seen this plane fly into the first building. There was a TV set on." 44

On the morning of 9/11, Bush promised that he had "ordered that the full resources of the federal government go…to conduct a full-scale investigation to hunt down and to find those folks who committed this act." 45 Yet it appears more like he has tried to hinder investigations. As Salon reported in June 2003:

"The White House long opposed the formation of a blue-ribbon Sept. 11 commission, some say, and even now that panel is underfunded and struggling to build momentum. And, they say, the administration is suppressing a 900-page congressional study, possibly out of fear that the findings will be politically damaging to Bush. "We've been fighting for nearly 21 months -- fighting the administration, the White House," says Monica Gabrielle. Her husband, Richard, an insurance broker who worked for Aon Corp. on the 103rd floor of the World Trade Center's Tower 2, died during the attacks. "As soon as we started looking for answers we were blocked, put off and ignored at every stop of the way. We were shocked. The White House is just blocking everything."

Another 9/11 family advocate…was more blunt: "Bush has done everything in his power to squelch this [9/11] commission and prevent it from happening." 46

After opposing the creation of the 9/11 Commission, the White House wanted to limit any appearance by the president to just one hour spent with two of the commissioners. A compromise was met such that George Bush did eventually meet with the Commission on April 29, 2004, but only under stringent conditions. Bush had to have Dick Cheney at his side, testifying at the same time; testimony was given in private and not under oath; no press coverage was allowed; and no recordings or transcripts were made of what they said. 47 Further suspicion had been raised just over two weeks earlier, when the White House was forced to release a daily intelligence briefing given to the president whilst on vacation at his ranch in Crawford, Texas, five weeks before 9/11. The briefing was titled "Bin Laden Determined To Strike in US," and stated: "FBI information…indicates patterns of suspicious activity in this country consistent with preparations for hijackings or other types of attacks, including recent surveillance of federal buildings in New York…. CIA and the FBI are investigating a call to our Embassy in the UAE in May saying that a group of Bin Laden supporters was in the US planning attacks with explosives." 48 Despite receiving this, according to the New York Times, "Bush broke off from work early and spent most of that day fishing." 49

What is also interesting is that several key members of the Bush administration, including Cheney, Rumsfeld and Paul Wolfowitz, had been members of a neoconservative think-tank called the Project for the New American Century (PNAC). In September 2000, PNAC wrote a report called Rebuilding America's Defenses: Strategy, Forces and Resources for a New Century, which they hoped would be "a road map for the nation's immediate and future defense plans." In it they complained: "The post-Cold War world will not remain a relatively peaceful place if we continue to neglect foreign and defense matters." However, they added: "serious attention, careful thought, and the willingness to devote adequate resources to maintaining America's military strength can make the world safer and American strategic interests more secure now and in the future." 50 They stated that to "preserve American military preeminence in the coming decades" America would need to undergo a "military transformation." 51 However, they wrote, this transformation would be "a long one, absent some catastrophic and catalyzing event -- like a new Pearl Harbor." 52 [Italics mine] One year later, 9/11 happened. As George W. Bush wrote in his diary that night: "The Pearl Harbor of the 21st century took place today." 53

After this catastrophic, catalyzing event, actions proposed by the Project for the New American Century soon came into force. As John Pilger wrote of PNAC:

"[In 2000] it recommended an increase in arms-spending by $48bn so that Washington could "fight and win multiple, simultaneous major theatre wars". This has happened. It said the United States should develop "bunker-buster" nuclear weapons and make "star wars" a national priority. This is happening. It said that, in the event of Bush taking power, Iraq should be a target. And so it is. 54 Furthermore, during his 2000 election campaign and after, Bush repeatedly promised a budget surplus, except in the event of a recession, war or a national emergency. In the days after 9/11, he said to his budget director: "Lucky me. I hit the trifecta." 55 (A 'trifecta' is a kind of bet that requires picking the top three finishers in a race.)

With so much suspicious evidence, one lawyer, Stanley Hilton -- a former aide to Senator Bob Dole -- has filed a $7 billion suit on behalf of the families of 14 victims of the 9/11 attacks, alleging that Bush, along with Cheney, Rumsfeld and others, actually ordered 9/11 to happen for political gain. Hilton says he has incriminating documents and witnesses showing this. Calling it "the biggest act of treason and mass murder in American history," he claims that 9/11 was a 'decoy operation': "You make the people focus on the decoy to avoid looking at the real criminals. So they are focusing on these so-called nineteen hijackers and saying, 'Oh, it must have been these Arabs.' When, in fact, the guilty person is at 1600 Pennsylvania Avenue -- sitting in the Oval Office." 56

I have already discussed White House attempts to prevent or hinder any official inquiry into 9/11. But another less known example, where there has been a lack of investigation and a suppression of important evidence relating to 9/11, is in the unlikely situation of the retirement community that is Venice, in southwestern Florida.

THE MOHAMED ATTA MYTH

Of the four alleged 9/11 suicide-pilots, three had been in attendance at two flight schools at the tiny airport in Venice, Florida: Huffman Aviation and Florida Flight Training. Both were owned by Dutch men who purchased the schools within months of each other, in 1999. Soon after they took over, the schools began training unprecedented numbers of Arab flight students. 57 Yet Huffman Aviation and Florida Flight Training, along with the dubious characters who ran them, have so far avoided any serious investigation or media attention. One man who has tried to make up for this is investigative reporter Daniel Hopsicker, who spent two years following the attacks in Venice, examining the training of the alleged hijackers. He reports his findings in his book Welcome to Terrorland: Mohamed Atta & the 9-11 Cover-up in Florida. As well as describing evidence of large-scale illegal activity going on in and around the Venice Airport, this book casts serious doubt upon the official account of who the hijackers really were.

We have all heard how these 19 alleged hijackers were Islamic extremists. Yet evidence uncovered by Hopsicker, particularly regarding alleged ringleader Mohamed Atta, depicts unlikely personalities and lifestyles for a bunch of religious fanatics. For example, almost totally ignored by the mainstream press is that Atta had an American girlfriend for over two months whilst in Venice, with whom he would go out clubbing almost every night. At the time, this attractive young woman -- Amanda Keller -- had spiky pink hair and was working as a 'lingerie model' for an escort service called Fantasies & Lace. Atta is known to have been a heavy drinker who snorted cocaine. Local newspapers reported how in February 2001, along with Keller, he went on a three-day binge of drinking and drug taking in Key West. 58

Just days before 9/11, Atta and Marwan al-Shehhi (another of the alleged suicide-pilots) spent the evening drinking heavily at a bar in Fort Lauderdale. The bar's manager later told reporters that the men "got wasted," drinking "Stolichnaya and orange juice, and Captain Morgan's spiced rum and Coke." Bartender Patricia Idrissi concurred, saying: "Atta drank Stoli vodka for three straight hours…. They were wasted." 59 Amanda Keller describes a typical night out at a club with Atta: "Marwan [al-Shehhi] was in the reggae room drinking with a bunch of women at the bar, there were a lot of women around him, and he was just flaunting money." As Hopsicker points out: "It's one thing to hear Atta described as living it up with wine, women and song. But Marwan flaunting money at the bar pretty much puts the lie to the 'Islamic fundamentalist' tag." 60

Hopsicker suggests that, rather than being a fundamentalist Muslim, Mohamed Atta better fits the profile of a member of Arab society's privileged elite and also a spy. Amongst many oddities contradicting the 'fundamentalist' label is the fact that his e-mail list included the names of several employees of U.S. defense contractors. 61 More alarming, he and as many as six of the other alleged 9/11 hijackers appear to have trained at U.S. military bases. Hopsicker writes:

"On the Saturday following the Tuesday attack, the Los Angeles Times broke the story in a long article on their front page. 'A defense official said two of the hijackers were former Saudi fighter pilots,'reported the paper, 'who had studied in exchange programs at the Defense Language School at Lackland Air Force Base in Texas and the Air War College at Maxwell Air Force Base in Alabama.'"

The story went wide the next day, Sunday, September 15th. Newsweek, the Washington Post and the Miami Herald all reported as many as seven of the terrorist hijackers in the September 11th attacks received training at secure U.S. Military installations.

"Two of 19 suspects named by the FBI, Saeed Alghamdi and Ahmed Alghamdi, have the same names as men listed at a housing facility for foreign military trainees at Pensacola. Two others, Hamza Alghamdi and Ahmed Alnami, have names similar to individuals listed in public records as using the same address inside the base," the Washington Post reported.

"In addition, a man named Saeed Alghamdi graduated from the Defense Language Institute at Lackland Air Force Base in San Antonio, while men with the same names as two other hijackers, Mohamed Atta and Abdulaziz Alomari, appear as graduates of the U.S. International Officers School at Maxwell Air Force Base, Alabama, and the Aerospace Medical School at Brooks Air Force Base in San Antonio, respectively," the Post said. 62

Newsweek detailed how U.S. Military facilities routinely trained pilots for other countries: "A former Navy pilot told NEWSWEEK that during his years on the base, 'we always, always, always trained other countries' pilots…. Whoever the country du jour is, that's whose pilots we train.' Candidates begin with 'an officer's equivalent of boot camp,' he said. 'Then they would put them through flight training.'" 63

Hopsicker explains how this crucial story came to be dismissed:

"Someone was going to have to answer… for a lot."

"But Atta is a fairly common surname in the Middle East," the Post quoted Laila Alquatami of the Arab-American Anti-Discrimination Committee as saying, and the suspected hijacker's first name is "probably the No. 1 name that is given to babies, in honor of the prophet Mohamed."

The Boston Globe reported the Pentagon's denial: "Some of the FBI suspects had names similar to those used by foreign alumni of U.S. Military courses," said the Air Force in a statement. "Discrepancies in their biographical data…indicate we are probably not talking about the same people."

How easy was it to tell the Pentagon was lying? Think about it. It is neither plausible nor logical that the reports were false because of seven separate cases of mistaken identity. One or two, maybe. But seven? No way. 64

None of the newspapers retracted the story, yet it disappeared. One person who sought answers was Senator Bill Nelson, who faxed Attorney General John Ashcroft, demanding to know if the story was really true. However:

"The Senator has still not received a reply, we heard from his spokesman, when we called his office eleven months later. In the wake of those reports, we asked about the Pensacola Naval Air Station but we never got a definitive answer from the Justice Department," stated the Senator's press spokesman.

"So we asked the FBI for an answer 'if and when' they could provide us one. Their response to date has been that they are trying to sort through something complicated and difficult." 65

Deciding to investigate for himself, Hopsicker phoned the Pentagon and spoke with the public information officer who helped write and disseminate their original denial of the story:

"Biographically, they're not the same people," she explained patiently, using the same language contained in the Air Force's press release. "Some of the ages are twenty years off." … Was she saying that the age of the 'Mohamed Atta' who had attended the Air Force's International Officer's School at Maxwell Air Force Base was different than that of 'terrorist ringleader Mohamed Atta?'

Not exactly, she admitted. She could not confirm that -- in this specific instance -- they had different ages. What she could do was once again deny that the International Officer's School attendee named Mohamed Atta had been the Mohamed Atta who piloted a passenger plane into the World Trade Center.

However, she could offer no specifics for her assertion, and repeatedly declined requests for biographical details about the Mohamed Atta who had trained at Maxwell Air Force Base. 66

After Hopsicker's persistent questioning, she finally said in exasperation: "I do not have the authority to tell you who attended which schools." Hopsicker reflects: "It was hard to read this as anything other than a back-handed confirmation. When she said that she didn't have the authority, the clear implication was that someone else does… Somewhere in the Defense Dept. a list exists with the names of Sept. 11 terrorists who received training at U.S. Military facilities. She just didn't have the authority to release it." 67 Furthermore, Hopsicker spoke to a woman who works at the Maxwell Air Force Base in Alabama:

"I have a girlfriend who recognized Mohamed Atta. She met him at a party at the Officer's Club," she told us. "The reason she swears it was him here is because she didn't just meet him and say hello. After she met him she went around and introduced him to the people that were with her. So she knows it was him."

Saudis were a highly visible presence at Maxwell Air Force Base, she said. "There were a lot of them living in an upscale complex in Montgomery. They had to get all of them out of here. "They were all gone the day after the attack." 68

Despite it being a key 9/11 crime scene, there has been a surprising absence of investigations into the goings on in Venice, Florida. In fact, to the contrary, "the FBI's full attention seemed to have been engaged -- not in investigating what had happened -- but in suppressing evidence and even intimidating the witnesses who had seen and heard things that fly in the face of the 'official story.'" 69 For example, Mohamed Atta's former girlfriend Amanda Keller says that even after she left Venice, the FBI called on her every other day for several months, telling her not to talk to anybody. Similarly, a woman called Stephanie Frederickson who lived next-door to Atta and Keller in Venice reported how she and other residents at the same apartment building were harassed and intimidated by FBI agents, to prevent them from talking to reporters.

According to Frederickson: "The question [the FBI] asked was always the same. You aren't saying anything to anybody, are you? At first, right after the attack, they told me I must have been mistaken in my identification. Or they would insinuate that I was lying. Finally they stopped trying to get me to change my story, and just stopped by once a week to make sure I hadn't been talking to anyone. 70

What is more, the FBI arrived in Venice just hours after the 9/11 attacks. A former manager from Huffman Aviation said: "They were outside my house four hours after the attack." He added: "My phones have been bugged, they still are…. How did the FBI get here so soon? Ask yourself: How'd they got here so soon?" 71 Within 24 hours of the attacks, records from Huffman Aviation, where Atta and al-Shehhi attended, were escorted aboard a C-130 cargo plane to Washington by Florida governor and brother of the president Jeb Bush. Similarly, according to a sergeant with the Venice police, the FBI took all their files and flew them to Washington with Jeb Bush aboard. (Presumably this was on the same flight as the Huffman records.) Hopsicker notes: "The important point was that taking files was a lot different than copying them. The FBI wasn't taking any chances." 72 He concludes: "There is a demonstrable, provable, and massive federally-supervised cover-up in place in Florida." 73

As this and my previous evidence shows, there are countless unanswered questions about 9/11 that at some point are going to have to be properly examined. Even an investigation into just a few of these questions, such as those around the war games on 9/11, could be enough to start a major scandal. However, as numerous writers and independent researchers have found, there are so many suspicious circumstances that the truth could be very different to what we have been led to believe. The human rights lawyer Richard Falk has written: "There are so many gaping holes in the official accounts of 9/11 that no plausible coherent narrative remains, and until now we have been staggering forward as if the truth about these traumatic events no longer mattered." 74 But if the mainstream press start investigating properly, it could lead to a completely unprecedented '9/11 scandal.'

ENDNOTES

1 David Hearst, "Nato directionless on nuclear policy." The Guardian, January 19, 2003.
http://www.guardian.co.uk/nuclear/article/0,2763,871128,00.html
2 "UK restates nuclear threat." BBC News, February 2, 2003.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/politics/2717939.stm
3 John Pilger, "John Pilger investigates US plans for mini-nukes." New Statesman, August 18, 2003.
4 Duncan Campbell, "Bush in new threat to Iran and Syria." The Guardian, July 22, 2003.
5 Richard Norton-Taylor, "US hawk warns Iran threat must be eliminated." The Guardian, October 10, 2003.
6 From Paul Thompson, "The Failure to Defend the Skies on 9/11." Center for Cooperative Research. http://www.cooperativeresearch.org/essay.jsp?article=essayairdefense
7 "Half of New Yorkers Believe US Leaders Had Foreknowledge of Impending 9-11 Attacks and 'Consciously Failed' To Act; 66% Call For New Probe of Unanswered Questions by Congress or New York's Attorney General, New Zogby International Poll Reveals." Zogby International, August 30, 2004. Online at: http://www.zogby.com/news/ReadNews.dbm?ID=855
8 Antonia Zerbisias, "Poking holes in the official story of 9/11." Toronto Star, May 26, 2004.
9 Michael Gavin, "September 11 conspiracy claims find large readership." Frankfurter Allgemeine Zeitung, September 5, 2003.
10 Quoted in Kate Connolly, "German Sept 11 theory stokes anti-US feeling." The Telegraph, November 20, 2003.
11 From "Secretary Rumsfeld Interview with Larry King." Larry King Live, CNN, December 5, 2001. Transcript at: http://www.defenselink.mil/transcripts/2001/t12062001_t1205sd.html
12 Ibid.
13 From "Chairman Cox's Statement on the Terrorist Attack on America." September 11, 2001. Online at: http://cox.house.gov/html/release.cfm?id=33
14 From "Day One Transcript: 9/11 Commission Hearing." Washington Post, March 23, 2004. Online at: http://www.washingtonpost.com/ac2/wp-dyn/A17798-2004Mar23
15 From "'The Pentagon Goes to War': National Military Command Center: A look at 9/11 at the Pentagon's National Military Command Center." American Morning With Paula Zahn, CNN, September 4, 2002. Transcript at: http://www.cooperativeresearch.org/timeline/2002/cnn090402.html "9/11: Interviews by Peter Jennings." ABC News, September 11, 2002. Transcript at: http://www.cooperativeresearch.org/timeline/2002/abcnews091102.html
16 The 9/11 Commission Report: The Full Final Report of the National Commission on Terrorist Attacks Upon the United States, Executive Summary. 2004, p. 15. Online at: http://www.9-11commission.gov/report/911ReportExec.pdf
17 See Chairman of the Joint Chiefs of Staff, CJCSI 3610.01A, June 1, 2001. Online at http://www.dtic.mil/doctrine/jel/cjcsd/cjcsi/3610_01a.pdf. Due to the fact that this new procedure was introduced just three months before 9/11, several individuals have questioned whether this new instruction, requiring secretary of defense approval in responding to hijackings, was introduced deliberately so as to hinder the interception of the hijacked planes on 9/11. However, this requirement was not new: The previous instruction for dealing with hijackings, dated July 31, 1997, also required approval from the defense secretary. See: http://www.dtic.mil/doctrine/jel/cjcsd/cjcsi/3610_01.pdf
18 The NewsHour with Jim Lehrer, PBS, September 10, 2003. Transcript at:
http://www.pbs.org/newshour/bb/middle_east/july-dec03/rumsfeld_09-10.html
19 "Testimony of U.S. Secretary of Defense Donald H. Rumsfeld Prepared for Delivery to the National Commission on Terrorist Attacks Upon the United States." March 23, 2004, p. 21. Online at: http://www.9-11commission.gov/hearings/hearing8/rumsfeld_statement.pdf
20 The 9/11 Commission Report: The Full Final Report of the National Commission on Terrorist Attacks Upon the United States. New York: W. W. Norton, 2004, p. 35.
21 The 9/11 Commission Report, pp. 39-40.
22 "Sept. 11 Scramble." ABC News, September 14, 2002.
http://abcnews.go.com/onair/DailyNews/sept11_moments_2.html
23 "9/11 Commission Hearing." May 23, 2003. Transcript at: http://www.9-11commission.gov/archive/hearing2/9-11Commission_Hearing_2003-05-23.pdf
24 Dan Balz and Bob Woodward, "America's Chaotic Road to War." Washington Post, January 27, 2002.
25 The 9/11 Commission Report, p. 40.
26 Ibid., p. 41.
27 Daniel Klaidman and Michael Hirsh, "Who Was Really In Charge?" Newsweek, June 28, 2004.
28 Ibid.
29 Ibid.
30 Meet the Press, NBC, May 26, 2002. Transcript online at: http://www.dashpac.com/home/agenda/speeches.cfm?SpeechID=12
31 The 9/11 Commission states: "Prior to 9/11, it was understood that an order to shoot down a commercial aircraft would have to be issued by the National Command Authority (a phrase used to describe the president and secretary of defense)." From The 9/11 Commission Report, p. 17. Previous news reports had said the president was the only person with the authority to order the shooting down of a civilian plane. See Jamie McIntyre, "Pentagon never considered downing Stewart's Learjet." CNN, October 26, 1999. http://edition.cnn.com/US/9910/26/shootdown/ Kevin Dennehy, "'I Thought It Was the Start of World War III'." Cape Cod Times, August 21, 2002.
32 From Illarion Bykov and Jared Israel, "Guilty for 9-11, Part 3: Bush in the Open." The Emperor's New Clothes, January 18, 2002, revised September 12, 2003. http://www.emperors-clothes.com/indict/indict-3.htm
33 "Press Briefing by Ari Fleischer." September 7, 2001. Online at:
http://www.whitehouse.gov/news/releases/2001/09/20010907-1.html#week
34 From Allan Wood and Paul Thompson, "An Interesting Day: President Bush's Movements and Actions on 9/11." Center for Cooperative Research, May 9, 2003.
http://www.cooperativeresearch.org/essay.jsp?article=essayaninterestingday
35 Quoted in Susan Taylor Martin, "Of fact, fiction: Bush on 9/11." St. Petersburg Times, July 4, 2004.
36 Ibid.
37 The 9/11 Commission Report, p. 38.
38 Ibid., p. 38.
39 Ibid., p. 39.
40 From Allan Wood and Paul Thompson, "An Interesting Day."
41 Gail Sheehy, "Who's in Charge Here?" Mother Jones, July 22, 2004.
42 See Allan Wood and Paul Thompson, "An Interesting Day."
43 Ibid.
44 Ibid.
45 "Remarks by the President After Two Planes Crash Into World Trade Center." September 11, 2001. Online at: http://www.whitehouse.gov/news/releases/2001/09/20010911.html
46 Eric Boehlert, "Bush's 9/11 coverup?" Salon, June 18, 2003.
47 From Julian Borger, "Bush to face tough questions on 9/11." The Guardian, April 29, 2004; "Hiding in the White House." The Boston Globe, April 30, 2004.
48 This briefing is available online at: http://edition.cnn.com/2004/images/04/10/whitehouse.pdf
49 Frank Rich, "Thanks for the Heads-Up." New York Times, May 25, 2002.
50 The Project for the New American Century, Rebuilding America's Defenses: Strategy, Forces and Resources for a New Century. September 2000, p. iii.
51 Ibid., p. 50.
52 Ibid., p. 51.
53 Dan Balz and Bob Woodward, "America's Chaotic Road to War."
54 John Pilger, "Two years ago a project set up by the men who now surround George W. Bush said what America needed was 'a new Pearl Harbor'. Its published aims have come alarmingly true." New Statesman, December 16, 2002.
55 "Remarks By Office Of Management And Budget Director Mitchell E. Daniels, Jr. At Conference Board Annual Meeting." October 16, 2001. Online at:
http://www.whitehouse.gov/omb/pubpress/daniels_conference_board_speech10-16-01.html
56 From "Alex Jones Interviews Stanley Hilton." The Alex Jones Show, September 10, 2004. Transcript at: http://www.serendipity.li/wot/hilton_interview.htm
57 From: Daniel Hopsicker, Welcome to Terrorland: Mohamed Atta & the 9-11 Cover-up in Florida. Eugene: The MadCow Press, 2004, pp. 171-182.
58 Ibid., pp. 68-69.
59 Ibid., p. 81.
60 Ibid., p. 284.
61 Ibid., p. 105.
62 Ibid., pp. 135-136.
63 George Wehrfritz, Catharine Skipp and John Barry, "Alleged Hijackers May Have Trained at U.S. Bases." Newsweek, September 15, 2001.
64 Daniel Hopsicker, Welcome to Terrorland, pp. 136-137.
65 Ibid., p. 138.
66 Ibid., p. 139.
67 Ibid., p. 140.
68 Ibid., p. 141.
69 Ibid., p. 301.
70 Ibid., pp. 62-63.
71 Ibid., p. 150.
72 Ibid., p. 31.
73 Ibid., p. 301.
74 From his forward to David Ray Griffin, The New Pearl Harbor, p. vii. publicado por CPaixaoCosta às 08:07 | ligação | comments
Wednesday, 13 July 2005
Pensamentos gerais sobre política e religião Extraído do blogue "Anti-Direita Portuguesa" de um poste publicado hoje sobre a evolução das ideias igualitaristas na humanidade atravessando a implantação do cristianismo como religião dominante no mundo ocidental europeu e norte-americano e a emergência dos ideais marxistas e a sua concretização em regimes políticos já no século passado (século XX).
O cristianismo inicial era, além de uma religião, uma ideologia igualitária, pois considerava a igualdade de todos os homens perante Deus, logo era contra a escravatura, que constituía a base do trabalho no império romano.
Desde 212 que romanos eram não só os habitantes de Roma, como também todos os homens livres do império. Quando o imperador ‘galego’ (nasceu no território da actual Galiza) Teodósio resolveu escolher o cristianismo para religião oficial do Estado Romano, perverteu-a logo, conciliando-a com a escravatura. E até havia igrejas que tinham os seus escravos…
O alemão Martinho Lutero, ao traduzir a Bíblia para a sua língua materna, deu origem à maior revolução religiosa europeia pós-Teodósio. Os seguidores das ideias de Lutero, chamados de protestantes, deram origem a uma enorme quantidade de igrejas e seitas cristãs, que justificam tudo, até as barbaridades de George W Bush, um leitor habitual da Bíblia. O cristianismo Ocidental, sempre diferente do cristianismo ortodoxo russo, esteve ligado a grandes barbaridades, os católicos atingiram o apogeu da barbárie com as torturas nas fogueira até à morte de judeus, bruxas e outros, no tempo do Santo Ofício, mais conhecido por Inquisição. Os protestantes não ficaram atrás dos católicos em termos de barbárie, e tanto católicos como protestantes aceitaram a escravatura até à década de 60 do século XIX.
O empresário, filósofo e esquerdista alemão Engels, insuspeito de simpatias religiosas, estudou o igualitarismo cristão.
O inglês Tomás Moro, no século XVI, resolveu atribuir ao navegador português Rafael Hitlodeu o descobrimento da ilha da Utopia, onde havia uma sociedade igualitária, quase perfeita. Este sonhador inglês, que acabou decapitado, por não obedecer ao rei Henrique VIII, alimenta os sonhos de tudo o que é esquerdista. A utopia esquerdista é uma sociedade justa.
Os iluministas franceses do século XVIII, especialmente, Jean-Jaques Rousseau, estão por detrás das palavras de ordem da Revolução Liberal Francesa de 1789: liberdade, igualdade, fraternidade. Deu no que deu o liberalismo: igualdade nem pensar, fraternidade muito menos, ficou apenas a Liberdade. E agora assistimos à perversão total da palavra liberalismo, associada a todas as sacanagens que procuram promover a máxima desigualdade possível…
Foi na Alemanha do século XIX que surgiu uma violenta e radical crítica ao liberalismo, através de Marx e Engels. Da Alemanha veio nova utopia igualitária, a sociedade sem classes. Marx enquanto viveu nunca foi levado muito a sério.
Em 1917 o russo Lenine resolveu reinterpretar o pensamento de Marx e aplicá-lo a todo o império russo. Esta ideia de igualdade fez com que um natural da pequena Geórgia, Estaline, passasse a mandar na Rússia, e meio inspirado nos czares Ivan o Terrível e Pedro o Grande e em Marx construiu o chamado socialismo real, conhecido por estalinismo, baseado na nacionalização de todas as empresas. Para liquidar os seus opositores, Estaline inspirava-se em Ivan o Terrível, para organizar a economia em Marx. O estalinismo ainda hoje está mal explicado, porque se inspira no czarismo e no marxismo. O apogeu do poder da Rússia, incluindo todos os czares foi com Estaline, enquanto república dominante dentro da União Soviética. Nunca nenhum czar sonhou que a Rússia pudesse vir a ser uma superpotência à escala planetária, ombro a ombro com os Estados Unidos.
Muito depois da morte de Estaline os comunistas russos escolheram Gorbatchov para reformular o chamado socialismo real. A escolha de Gorbatchov é já expressão da decadência profunda quer da elite comunista russa, quer da civilização russa. Ao não encontrarem um político mais eficaz que Gorbatchov os comunistas russos capitularam enquanto comunistas e enquanto russos. Gorbatchov, de etnia russa, não só não reformulou a ideologia comunista, como levou a civilização russa à ruína económica. O que salva a Rússia é a sua riqueza em matérias-primas, como o petróleo e o gás natural.
O fracasso de Gorbatchov está associado ao ressurgimento da Barbárie em nome da Democracia, porque deixou de haver equilíbrio nas relações internacionais e George W Bush faz o que lhe apetece: Tortura, destruição de uma cidade inteira no Iraque, à maneira hitleriana…
Enquanto espectadores vamos tirando conclusões:
1) A sociedade mais justa só pode surgir num regime de Liberdade.
2) A Liberdade é uma das características imprescindíveis de uma sociedade mais justa, mas não chega, tem que estar associada à justiça social.
3) A Utopia tem que ser sempre associada à Liberdade.
publicado por CPaixaoCosta às 08:03 | ligação | comments
Monday, 04 July 2005
Saudades do Barnabé Apesar de muitas vezes não concordar totalmente com o conteúdo de alguns comentários e postes, desaparece uma referência dos blogues em Portugal "Barnabé" (http://barnabe.weblog.com.pt/) . publicado por CPaixaoCosta às 09:22 | ligação | comments